Ele é um baixinho careca, nascido em Niterói como só quem nasce lá entende, e por isso eu não, e, como você, conserva um nome alpino, suíço - haja mistura - e que, jovem, sonhou com um mundo melhor, e que, agarrando oportunidades, conseguiu seu primeiro emprego pelas mãos de um conservador, nosso amigo comum Nilo Dante, e que, oh filigranas, pelas mãos mundanas de Ibrahim Sued, amigo de Nilo, começou a tomar gosto pelo que é bom e raro. Tentou ser marchand, ascendeu, virou o principal colunista do jornal O Globo, e ainda âncora matinal da TV como hoje é o seu sucessor Renato Machado. Quantas vicissitudes... Arraigou-se o jovem comunista, Partidão mesmo, a hábitos enquanto caminhava a calvicie, olhos claros, nunca reparei se azuis ou verdes, mas fulgurantes, e tome de fazer filhos. Só em Sampa, mais dois. E entre os hábitos adquiridos, um bom admirador secreto de vinho. Não sei se a amizade é só convivio, ou capacidade de defender quem foi massacrado pela grande mídia que o celebrizou. Ele tem um lado ingênuo, coisa de quem foi comunista. É um romântico que não se sabe assim. Pegou fama ruim, mas nunca duvidei de sua honestidade. Execrado pelas Organizações Globo, demitido de todos os cargos numa nota de três linhas na primeira página do jornal, manteve o convívio de quem se radicou no Leblon, tipo libação com o ex-guru Bonifácio Sobrinho. Hoje ele é ponte aérea. Perdi contato. Mas onde vai parar isso? Não sei, ele é um homem que espalha aos montes o sobrenome que também é o seu, faz filhos... Creio que são sete ou oito... Amanhã será mais... Filhos são como palavras, engendramos... Feliz Páscoa é o que te deseja Herkenhoff, uma única família que se desintegra na multiplicação de espantos e reflexões. Somos da mesma família Silva! Não sei em quem votar... Oh, nem estou preocupado com isso... Isso é uma outra história, a minha, a sua, a de todo mundo, mas quem se importa? Bom dia!
Por Alfredo Herkenhoff