terça-feira, 31 de março de 2009

Olhos azuis e racismo: Lula é réu confesso - Artigo


COM LICENÇA... *

O Presidente e sua candidata recauchutada, juntinhos e agarradinhos, em campanha eleitoral explícita, aproveitam qualquer evento para propagar seus feitos e disparar promessas ao léu. A de agora, tonitruada aos quatro ventos, depois do PAC emperrado, é o plano habitacional, um milhão de casas sem, contudo, fixar tempo de execução, ou seja, pode levar dois anos ou duzentos, mas o pessoal se satisfaz com o aceno da possibilidade longínqua e que pode sair de graça. Há melhor jogada de marketing para recuperar os pontinhos perdidos na última pesquisa?

Nada contra construir casas populares, sou inteiramente a favor, mas tenho dois dedos a mais de instrução e sei que as palavras voam, agradam, disfarçam, enganam, perdem-se no dia seguinte, daí perguntar humildemente que, se há projeto, onde estão o planejamento, os cronogramas, os recursos e, fundamentalmente, o prazo porque, sem data limite, não existe projeto verdadeiro, não há cálculo de custos, fontes de financiamento, é afirmação vazia, apressada, demagógica, é a ilusão do “bolsa-teto”, um bombom para a população sofrida.

Ainda se discute que empresas participarão, numa mistura de estatais e particulares, governos estaduais e prefeituras, em que terrenos se erguerão as habitações decentes, condições de pagamento e, principalmente, se haverá infra-estrutura traduzida por água encanada, energia, gás, saneamento básico, asfalto, arruamento, transporte, comércio e mercado de trabalho próximo. Não vi qualquer linha ou vocábulo a respeito, continuo esperando se será para valer ou mais um engodo de tantos já alardeados e convenientemente esquecidos.

Peço licença à chefia por permanecer rabiscando sobre Sua Excelência que sempre fornece assunto e como não lê, “para não ter azia”, não se incomodará com meus modestos comentários. Ao criticar membros da Polícia Federal, Ministério Público e do Judiciário por darem entrevistas, soltou a frase lapidar: “Deixe nós, políticos, aparecermos na TV”. Que festival! Ao se dirigir a vários criticados, deveria usar “deixem” e o pronome correto seria o oblíquo “nos”(sem acento) e, ainda, com os verbos “mandar, fazer. deixar, ver, ouvir e sentir” o infinito não flexiona, daí o certo é “aparecer”. Como isto é matéria de uma série acima, o desculpo e aceito, mas não o perdoo por me colocar na alça de mira, tendo em vista que sou “gente branca e de olhos azuis” e, para piorar, alourado...

Desconheço se os banqueiros da Nigéria, Angola, Ruanda e demais países africanos são brancos? Na verdade, a declaração é preconceituosa e racista (bem como deselegante ao ser proferida na frente de um convidado britânico...), enquadrando-se na Lei 7716 que, em seu artigo 1 (mudei de computador, não sei onde fica o “zerinho” sublinhado...) diz: “Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Sua Excelência é um réu confesso...

Estou indo para a segunda página! Peço desculpas, exagerei, não sou comentarista político, mas um cidadão indignado que fugiu de sua obrigação de falar sobre educação que anda tão confusa como tudo neste país, Causou-me espécie ler entrevista da Sra. Presidente do Conselho Nacional de Educação, onde têm assento os “grandes pais da pátria”, “os senhores supremos da educação”, escolhidos regionalmente e mediante forte empenho de partidos, associações, ministérios, todos querendo sua fatia de prestígio. Por vezes são setenta pré-selecionados para uma vaga, evidenciando a luta sangrenta por uma cadeira. Se ainda fosse para o bem da educação se compreenderia, mas como não é, lamente-se. Estamos bem servidos...

Espantaram-me as palavras da Sra. Presidente ao falar sobre ensino médio (que, pelo jeito, desconhece...) expressando o óbvio mofado. Guardo o tema para a próxima semana quando entraremos em abril...

* - Prof. Antonio Luiz Mendes de Almeida

Nota do Correio da Lapa

Este é o primeiro de uma série de artigos do Prof. Antonio Luiz Mendes de Almeida para este blogue-jornal. Conhecido por travar uma luta incansável para ampliar e melhorar os investimentos públicos e privados na educação, como meio de desenvolvimento do Brasil, o autor é professor da Universidade Cândido Mendes. Escreve há anos para o jornal Folha Dirigida (FD), que se dedica primordialmente a temas como educação, cursos, concursos e empregos. O professor também prometeu ao Correio da Lapa discorrer sobre a reforma ortográfica. Por tudo isso, por este artigo e pelos próximos textos - originalmente voltados para a FD - , somos gratos ao eminente mestre, agora também colaborador.
Alfredo Herkenhoff

Cicero, vencedor do Tulipa de Ouro

CICERO, O TULIPA DE OURO



Imagens de um profissional da bandeja campeão: Cícero Rodrigues Araújo, do Restaurante Nova Capela...



Saudações pela vitória do Correio da Lapa.
















Cícero ganhou o Prêmio Tulipa de Ouro com 53% dos votos, ou pouco mais de 350 no total, contra 47% dados a Paiva, o maravilhoso garçom Paivinha do Restaurante Jobi, no Leblon.



















Cícero servindo spaghetti ao cantor e compositor malandro Beto Monteiro ao lado do jornalista, crítico literário e musicólogo Alvaro Costa e Silva, editor do Caderno Idéias, do Jornal do Brasil.

Veja mais matéria sobre o vitorioso Cícero e sobre Paiva ao longo deste blogue-jornal, que tem apenas um mês de existência. Todos os flagrantes acima foram clicados por Alfredo Herkenhoff.

Coluna 7 do Alfredo sobre roubo, bondade e malandragem


Lula, Obama, Dilma, Serra, Aécio, Boccaccio, Mantega, Spilberg, Vaticano, Chrysler, Varig e Banerj

Por Alfredo Herkenhoff

Literatura da Robauto

Não é nada trabalhoso compilar uma série de roubos na literatura, na música e nas artes. Do mesmo modo, seria possível compilar o roubo frequente de relíquias. Poucos exemplos permitem mil reflexões. O livro Decameron, por exemplo, não li. Apenas o folheei. E, na internet, concluí o que ora exponho na própria internet: é composto de 100 contos narrados por 10 jovens durante 10 dias do século 14. Divertiam-se numa espécie de Carnaval da Idade Média, de Baile Fiscal de uma história em fim de linha, enquanto quase metade da população da Europa morria pela mão desconhecida de uma bubônica Peste Negra.

Refugiados numa festa rave, num maravilhoso castelo, os jovens contaram e cantaram histórias envolvendo celebridades, comerciantes, princesas e religiosos. Mostraram, sete séculos antes da promulgação da Lei de Gérson, a força da roubalheira. Respeitaram a Igreja Católica formalmente, mas não os malandros e otários devotos. Na cabeça de jovens pecadores, badboys da época, suas visões místicas eram ferramentas para mais engano. Apesar da decadência de uma civilização, antecedendo o Renascimento e as Navegações, os jovens narradores, pela pena fiorentina do escritor Giovanni Boccaccio, fizeram literatura do deboche, espetando os que se aproveitam da boa fé no universo da Igreja de Cristo.


Aécio acha que uma Dilma maior é uma Dilma normal

O governador Aécio Neves achou normal o crescimento de Dilma Rousseff na corrida pelo lugar do presidente Lula na campanha de 2010, que já começou. Disse que a ministra da Casa Civil está muito exposta na mídia. Dilma anda defendendo a legalização do aborto? Cuidado, mulher. Foi assim mexendo com fiéis que Jandira Feghali perdeu a vaga no Senado em poucos dias na reta final da eleição de 2006. Dilma parece querer um careca José Serra a um estilo playboy de BH num duelo pelo Planalto. Carecas no Brasil são como candidatos sem olhos azuis nos EUA. Mas lá ganhou Obama de olhos castanhos e negro. E cá temos o Chile e a Argentina com presidentes que são representantes do sexo macio. Então les jeux sont faits. Boa sorte galera humilde do PSol e boa sorte para aquela que não revela, nem amarrada, se vai mesmo concorrer à Presidência. E quando Dilma diz que nem amarrada, é isso mesmo. Ela já encarou tortura física quando pegou em metralhadora contra a ditadura e não entregou os companheiros mesmo amarrada no pelourinho moderno chamado pau-de-arara. Pouca gente consegue isso.

O Bom Ladrão

Um dos contos de Decameron mostra, glosando talvez o bom ladrão no Calvário, o absurdo que é a vida de um pecador contumaz se tornar, logo depois da morte, um exemplo de santidade. Não é de hoje, portanto, que a santificação popular surge de surpresa, como o ladrão. Do mesmo modo, surge a condenação.


Obama inaugura política dos ultimatos, mas a China e a Índia... Sei não...

O presidente Barack Obama adverte: as montadoras que não esperem por uma linha "sem fim" da grana de quem paga imposto ou de quem imprime nota de dólar. Obama deu ultimato aos maiores símbolos desses mercadores americanos da ilusão do mercado totalmente livre: prazo para apresentar armas que justifiquem novos recursos do governo. Obama quer tudo bonitinho. A Chrysler ganhou um mês para se associar à Fiat. Aí tem cheiro de banda podre e banda rica. Aquele esquema brasileiro do Proer. A parte boa da fábrica vai em frente. A banda podre vai ficar como aquele esqueleto da Varig, do Jornal do Brasil, do Banco Nacional ou do Banerj. A General Motors está demitindo a maioria dos diretores. Enquanto os EUA ficam na mirabolância das blazers beberronas e blindadas, a Índia e a China começam a fabricar carrinhos ao preço módico de 3 mil dólares, valor que não dá para comprar nem um banco de couro de um coupê de luxo de Detroit.

Quem tem pena da bondade?

O Vaticano, com 20 séculos de experiência, é hoje bem prudente em matéria de milagres, embora Padre Ciço (foto) e Madre Teresa de Calcutá não estejam nem aí para documento oficial do papado. O livro de contos Decameron não tem pena de exemplos de bondade e votos de pobreza, raros ao longo dos séculos.


Lula dá mais caminhão menos caro e menos cigarro mais barato

O governo Lula via Guido Mantega, ministro da Fazenda, decidiu ajudar a indústria de carros, caminhões e motos por meio de redução de tributos: menos IPI e mais fumaça nas cidades e nas serras. Prorrogou o incentivo fiscal por três meses, como o mercado já antecipara. Guido Mantega, acompanhado do vice José Alencar, explicou que a decisão é por tempo pequeno e para salvar empregos. Em compensação, o cigarro vai custar mais 30% para compensar a perda de arrecadação do governo. Melhor assim: cigarro mais caro, saúde mais barata. Este é o caminho. Quem não se aguentar que chupe uma guimba.

Quando a morte vem neguinho fica cheio de cagaço

A iminência da morte produz sentimentos de medo, pensamentos de eternidade. Advindo o óbito, tais sensações são substituídas pelo esquecimento que encobre a história de quase todas as pessoas. Tal esquecimento sim parece eterno. A comoção provocada pela morte propicia esses endeusamentos de ocasião. Voltamos dos cemitérios incensando personagens que foram cruéis em vida. Para uns parentes, é questão de sorte, para outros, de malandragem. No fim das contas, todo mundo é igual, com terra por cima, quando a vida termina na horizontal, como cantaram juntos Billy Blanco e Dolores Duran.

Sinônimo de sacanagem

Boccaccio virou sinônimo de sacanagem com bom humor. Boccaccio é uma forma de Bocagem e de Boquinha Nervosa. A peste, que poderia ser a Aids daquele tempo, dava o clima de teatro protegido ao cenário a mostrar que o mundo não é dos trouxas, e sim de quem se blinda e brinda nos castelos. Cuide-se. Não espere por milagres em vida. É mais fácil deparar-se com ladrões.

Silpeberg é diversão

Prenda-me se for capaz, filmaria o americano Steven Spilberg, também em ritmo de comédia, mostrando o jovem ator Leonardo di Caprio, golpista com medo de avião, voando, fingindo-se piloto entre pilotos de grandes aeronaves. A Rede Globo exibiu o filme pela enésima vez neste mês de março. E é sempre um prazer ver Tom Hanks em ação na calma da madrugada.

Os miseráveis de sempre

Numa França de milhões de miseráveis, Jean Valjean roubou um pão e foi condenado a 20 anos de prisão. Ao sair, foi adotado por um prelado generoso, um bispo que, por sorte, merecera um olhar do Imperador Napoleão, que passou a protegê-lo. Ao sair da cadeia, desesperançado, Valjean reluta em se tornar um homem de bem enquanto um policial insiste em caçá-lo como uma eterna ameaça à sociedade. No mundo atual, entre bilhões de miseráveis e uns poucos milhões de ex-presidiários, dilemas se repetem a cada instante: fazer o bem ou fazer o mal? Encarar o mal na porrada ou fugir e se omitir num castelinho qualquer?

Dennis e Brawn e o Difusor das Surpresas

A Fómula 1 surpreendeu o mundo. Estávamos todos errados. Rubinho não é um piloto Jeguinho Barrichelo. Apenas não tinha ganhado em 12 anos de pista uma oportunidade de verdade. Aprendemos que na Fórmula 1 três coisas são necessárias além da famosa trinca napoleônica: dinheiro, dinheiro e dinheiro para vencer uma guerra. Não, na F 1 você precisa de um motor, uma aerodinâmica (chassis) e um piloto. Sempre imaginamos que cada um desses itens respondesse por algo como 33% do desempenho numa corrida. O um por cento restante seria o imponderável, o acidente ou a quebra num átimo. Mas depois da estreia da competição em 2009, com a vitória da dobradinha Button e Rubinho, mudam-se os conceitos. Na Fórmula 1 de hoje, nomes como Ron Dennis e Ross Brawn fazem a diferença mais do que 1%. A nova escuderia britãnica, a Brawn, ao chegar ganhando, é o primeiro resultado de sucesso absoluto na esteira da crise financeira internacional. A equipe foi criada em 2008 e vai demitir 270 pessoas já em 2009, por imposições orçamentárias dos organizadores da competição, mas ainda assim emite sinais: eficiência é e será a regra do mercado. O espanhol Fernando Alonso, bicampeão, afirmou que se não proibirem a Brawn, Barrichelo e Jenson Button vão ganhar as 17 corridas de 2009 com o novo esquema de HPs a mais de suas máquinas com o tal Difusor... Mas não adianta chorar: F 1 e tecnologia são irmãs siamesas... O campeonato começou pegando fogo. Ron Dennis não tem medo da parada. Tem dedo dele em tudo o que faz sucesso no circo. Hamilton, atual campeão, o Obama da pista, é seu mais novo filho adotivo. Dennis já foi pai de todo mundo, incluindo Ayrton Senna e Alain Prost. O Difusor vai se alastrar como praga...

Mário de Andrade sem nenhum caráter fez Chico Buarque mudar de nome

Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, aprendendo malandragem na trepidante São Paulo pós-Semana de 1922, rouba restos de esmola de um mendigo recém-depenado na rua. Quem rouba migalha, que sobrou com a vítima logo depois de escovada por um primeiro ladrão, tem 100 anos de ilusão. Chame o ladrão, chame o ladrão. Acorda amor, não é mais pesadelo nada... É Chico Buarque disfarçado de Adelaide.

Canalha, um bicho feroz

Em Se Liga, Doutor, de Batatinha e Marquinho Capricho, o malandro Bezerra da Silva canta: Eu assino embaixo, dotô / Por minha rapaziada / Somos crioulos do morro / Mas ninguém roubou nada / Isso é preconceito de cor / Por que é que o dotô não prende aquele careta / Que só faz mutreta e só anda de terno / Porém o seu nome não vai pro caderno / Ele anda na rua de pomba rolou / A lei só é implacável pra nós, favelados / E protege o golpista / Ele tinha que ser o primeiro da lista / Se liga nessa, dotô / Vê se dá um refresco / Isto não é pretexto para mostrar serviço / Eu assumo o compromisso / Pago até a fiança da rapaziada / Por que é que ninguém mete o grampo / No pulso daquele colarinho branco? / Roubou jóias no morro de Serra Pelada / Somente o dotô que não sabe de nada!

Ladrões devotos das relíquias de Minas

Domingo sim, domingo não, ladrões roubam as igrejas de Minas Gerais. Levam velas de devoção e saem com valiosas peças do período colonial. Saqueiam em todas as cidades históricas um pouco de todos nós. Suprimem a lembrança da fé e da arte naquelas montanhas. Igrejas não têm muitas portas. Os ladrões entram pelas poucas que há. Surrupiam esculturas em madeira, gesso e pedra sabão, castiçais em prata e ouro, crucifixos cravejados de pedras preciosas. Todos esses objetos integravam monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Onde estão? Em barracos das favelas cariocas? Não, infelizmente não é caso de estender exemplos em demasia. O roubo de arte é universal. A receptação, sim, é localizada. Demanda trabalho de inteligência dos investigadores.

Por Alfredo Herkenhoff
Contato: alfredoherkenhoff@gmail.com

segunda-feira, 30 de março de 2009

Lula botando culpa nos olhos azuis e inocentando os castanhos gera polêmica no The New York Times


Lula e Obama, os olhos azuis, a culpa pela crise e o fosso que se alarga entre as posições dos países emergentes e dos Estados Unidos


O influente The New Yokt Times publicou neste domingo uma artigo assinado por Maureen Dowd (foto) sobre a guerra de palavras em torno da crise financeira internacional. A colunista destaca o agravamento das disputas entre países emergentes e a elite americana, como se fosse uma loucura o que está rolando. Maureen observou que a fala de Lula causou mais impacto do que a agressão ao papa, que recebeu 65 mil camisinhas pelos correios, num protesto contra o condenação do uso de preservativo na visita que fez à África, onde milhões de pessoas pobres morrem com Aids. O destaque na mídia americana em geral foi a declaração do presidente Lula ao primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, semana passada em Brasília.

Lula tossiu, cuspiu restos de pão de queijo com os quais se engasgara e abriu fogo, numa acusação com contornos raciais: a crise foi causada pelo comportamento irracional dos brancos com olhos azuis, que pareciam saber tudo sobre mercado e não sabem nada, disse Lula na descrição da colunista do Times.

Lula tem olhos castanhos como aliás Brown, continua a colunista para, em seguida, fazer um apanhado sobre ter ou não olhos desta ou daquela cor. Escreve ela que o premier visitante ficou pálido enquando Lula continuava dando o tom do que vai falar no G-20 na Inglaterra esta semana. Lula lembrou da pobreza na infância, da fome, de dividir espaço em casebre com ratos e baratas, das enchentes. Falou dos desperdícios dos ricos.

O artigo cita banqueiros de olhos azuis recebendo ajuda de Obama e lembra de presidentes quase todos de olhos azuis na Casa Branca, poucos de olhos castanhos como os de Lula e quase sempre, estes poucos, enfrentando sérios problemas para manter o Poder.

Resumindo: o artigo diz que Lula abriu, com certo humor, uma velha ferida que separa etnias nos EUA. Foram citados ex-candidatos à Casa Branca que desistiram rapidamente da disputa porque pesou, entre outros fatores, o fato de não terem olhos azuis, como Mario Cuomo e Collin Powell. Maureen cita pesquisa mostrando que a maioria dos americanos acredita que pessoas com olhos azuis costumam ser mais inteligentes. Ela comenta também os olhos gelados de Dick Cheney, ex-vice presidente de Bush. Os últimos presidentes com olhos castanhos foram Nixon e Lyndon Johnson, ambos eleitos nas década de 60.

Observa a colunista que a maioria da iconografia de Cristo mostra Jesus com olhos azuis, algo raro naquele tempo naquelas bandas da Galiléia.

Maureen cita o ator Paul Newman prevendo o que seria seu epitáfio: Aqui jaz Paul Newman, que morreu de falência ou falha (failure) quando seus olhos ficaram marrons (
Nota de Alfredo Herkenhoff: brown em inglês é marrom - ou castanho na língua lusa, esta denotando positivamente a latinidade. Na língua inglesa, a palavra marrom parece ter afetação pragmática e negativa da cultura anglo-saxônica da colunista. ).

Mas
Maureen ressalta que o presidente Barack Obama e sua família já causaram uma revolução na cultura e nos preconceitos, havendo hoje na mídia americana uma avalanche de publicidade que mostra pessoas negras como gente de olhos castanhos, gente que faz sucesso, com muito charme, elegância e roupas de griffe. No encerramento do artigo, ela diz que os olhos castanhos de Obama se tornaram "as janelas dos vencededores".

Cartas de toda parte comentam o artigo dos olhos azuis de Lula e a política americana

(Tradução livre, de um fôlego só, não exatamente literal, por Alfredo Herkenhoff, de algumas das ínúmeras cartas que estão chegando ao The New York Times).


Eu gostaria de propor uma moratória na avidez e na crocodilagem. Desafio Stewart e Colbert a começarem com isso. (...) Por que é engraçado um torneiro mecânico crescer e virar presidente? (... ) Lula deu voz a bilhões no mundo. O que eles estão pensando agora? Aposto que você não ia achar engraçado se sua família estivesse morrendo de cólera porque algum banqueiro em Nova York jogou irresponsavelmente e levou um país pequeno à falência. Você demonstra piedade e raiva para pessoas como Caroline Kennedy, que sinceramente não precisa de sua ajuda. É uma vergonha que trabalhadores pobres nos EUA e no mundo não tenham alguém como você para defendê-los
O B. Mull, Condado de Orange, California;

Fiquei perplexa com este artigo. As pesquisas que você menciona não tem valor metodológico. É verdade o fato de que as pessoas com olhos azuis sejam mais inteligentes? Ou tudo não passa de consequência de um privilégio porque, historicamente, tiveram mais acesso à educação e a atividades que as tornam mais hábeis no jogo do golfe? Não acredito que avidez ou propensão para a imoralidade estejam confinadas jamais a uma raça, muito menos à cor dos olhos. Olhe os sistemas de casta em torno do mundo. Quando a oportunidade é oferecida, poder e a cor castanha se tornam equalizadoes de fato.
Cristine, San Francisco

Pessoas de olhos azuis causaram muitos danos nesta terra, mas não estão sozinhas. Li sobre alguns líderes africanos que viveram em escritório só para enriquecer, sem nada fazer para os cidadãos de olhos castanhos, pessoas não-brancas vivendo em condições miseráveis enquanto seus líderes de pele morena acumulavam fortunas pessoais enormes. Um pequeno país asiático, a Coréia do Norte de olhos castanhos, enfrenta a fome vivida por seu próprio povo há décadas. Líderes que encarceram toda uma população. A crueldade existe de todo tipo, formas e tamanhos, em todas as cores da pele e do olho.
Kathleen, San Juan.


Meus cumprimentos Maureen. Isto reflete uma expressão típica do Brasil. "Lindo, louro de olhos azuis". Refere-se mais a europeus, uma expressão anti-colonial. Significa basicamente aquela expressão "nah nah smarty pants, you think you are so smart and look what you did." (você se acha tão bacana e veja a lambança que você fez). É para ser usada quando alguém esnobe e arrogante comete um erro grave. A expressão é totalmente apropriada nas circunstâncias.
Kathleen - Kathleen, El Pso.


Senhora Dowd, como uma proprietária de olhos castanhos, faço uma ressalva na sua referência a LBJ; Jonhson teve sim suas falhas, mas igualmente um sucesso impressionante em muitas áreas, incluindo na aprovação de leis. Pode-se alegar que elas tonaram a eleição de Obama possível. Interessante nesse tema de olhos azuis/castanhos é ver o trabalho de Jane Elliott, que usou a mesma questão lecionando sobre discriminação durante muitos anos. Vale a pena dar uma olhada no seu site, em http://www.janeelliott.com/
Finalmente, para aquelas de nós com olhos marrons, se os olhos azuis derem uma impressão melhor, você pode usar lentes de contato com essa cor e fazê-los ficar azuis (...).
B. Starks, Austin, TX

A avidez não reconhece cor da pele. Quando o machado veio à floresta as árvores disseram: "Olhe lá, o punho era de um de nós". Precisamos de um paradigma alternativo para o desenvolvimento. Apontar para A's (porque Michelle Obama incentiva) é louvável, mas não o bastante porque a lição permanece a mesma. Onde estão os incentivos para a paz, para viver livremente? Onde está o tempo e espaço para que as pesoas pensem, compartilhem de ideias, participem na democracia local? As pessoas estão com um medo sempre crescente de perder empregos, planos de saúde, hospitais e aposentadoria (...)
Aravinda, Mumbai, India.



Artigo excelente sobre o que o mundo sente atualmente com relação ao branco anglo, os do high society, os que exploraram historicamente a carne e o dinheiro dos olhos castanhos. Como o comércio escravagista esteve nas mãos quase inteiramente de americanos britânicos, tem-se esta confusão em que todos acordam de repente para o problema da corrupção. Muito dinheiro desapareceu. Nós, naturalmente, queremos tempo para aprender, se Barak puder realmente fazer a diferença… Ou se decide simplesmente que é mais fácil se juntar a um partido que esteja chegando para permanecer no poder por muito tempo...
Michael, Rochester

Sua interferência chama certamente a atenção para uma apresentação complexa da identidade racial, étnica e pessoal, talvez melhor apresentada por Toni Morrison no "O Olho Mais Azul". Contudo, seu artigo é alarmista. Você parece comemorar a ascensão final das pessoas com os olhos castanhos sobre as de olhos azuis. Na minha mente, não é isso que a eleição do presidente Obama representa. Cada vez que presto atenção ao presidente Obama, tenho um sentimento grande de esperança que nossa sociedade esteja caminhando para um lugar onde nós vamos julgar as pessoas por seu caráter, não por atributos físicos. Espero que em textos subseqüentes, você se concentre no espírito de inclusão social de Obama, atenção nele como oportunidade para construir um sentimento de comunidade e integração de todas as pessoas nos EUA.
(...) Por favor não reduza a grandeza desta possibilidade para o progresso sem senitdo de um mero exame da cor dos olhos.
- RI, Durham, NC


Vejo no comentário de Lula muito mais uma acusação aos europeus e a americanos não-indígenas do que discussão séria de um assunto importante como a cor dos olhos. Já que estamos tratando disso, da cor, veja atenção os americanos africanos na publicidade. Há um número desproporcional deles com os olhos azuis. Tenho a pele branca e os olhos azuis, mas espero que algum dia paremos de acreditar que essas coisas têm algo a ver com minha capacidade de atuar na economia. Minhas dificuldades com a Matemática só serviriam para me reprovar. Fico triste por aqueles que sofreram na infância por não terem a cor azul nos olhos. Passei por isso aos nove, dez aos de idade, quando vi que havia um abismo entre a minha aparência branca e a aparência ideal para o nazismo.
Lila, New Haven


Como um velho homem branco de olhos azuis, saúdo o presidente Lula. Ele está certo. Mal posso me lembrar do tempo em que pessoas como eu estavam na guerra matando gente de olhos castanhos. Estamos fazendo isso agora mesmo no Paquistão. E teve o Quência, a Malásia, Burma, Árica do Sul, Rodésia, Vietnam, Palestina, Iraque, Afeganistão, Congo, Granada, Panamá, Argélia, Abissínia, Filipinas, Moçambique, Angola. Isso é só a lista parcial do meu tempo de vida. É hora de parar com isso.
Andrew Smallwood, Cordova, Alaska





Lapa Urgente: o garçom Cicero ganha o Prêmio Tulipa de Ouro

Cícero Rodrigues Araújo: garçom vitorioso com 53% dos votos


Salve o Tulipa de Ouro!



Cícero com os colegas e Dona Cléria, dançarina falecida há um mês. Foto de Alfredo Herkenhoff


O garçom Cícero, do Restauante Nova Capela, saiu vencedor na consulta promovida pelo Correio da Lapa, tendo obtido 176 votos contra 150 dados ao garçom Paiva, o glorioso Paivinha do Restaurante Jobi, no Leblon. Cícero e Paiva têm a mesma idade e nasceram na mesma cidadezinha, Riacho Guimarães, no Sertão do Ceará. Parabéns a ambos, que ambos merecem o Prêmio Tulipa de Ouro!


Cícero com Aldir Blanc no clique (autorizado) de Alfredo Herkenhoff



"OS MELHORES VEM DA MINHA CIDADE"

Por Cícero Rodrigues de Araújo

Nasci em 14 do agosto de 1946. Cearense. Macho. Em Groaíras. Cidade muito pequena. Antigamente se chamava Riacho Guimarães. Lá eu brincava na Lagoa do Peixe, que também é um bairro. Mas é uma lagoa muito grande, um lago que enchia no inverno, feito um açude. Tinha muito peixe. Era fundo no inverno. A gente nadava. Eu nado muito, mas quando a lagoa vinha secando, ficava uma lama e se criava pato, porco, gado, e só tirava da beira quando ficava gordo.

Aprendi a ler com uma professora, numa espécie de escolinha particular.

Eu sempre via Paiva. Eu morava no interior e Paiva dentro da cidade. Tudo pertinho. Conhecia mais a família dele. O irmão, a irmã do Paiva, a Mariquinha, gente da melhor qualidade, brincava com os filhos dela. Carreguei um sobrinho do Paiva no colo. Acho que agora o rapaz trabalha no Jobi, com ele, que hoje nem mais conheço. Mas era uma época em que todo mundo era frangotezinho. A gente se conhecia de vista, brincava, mas não era de um ir na casa do outro não.

De uns tempos pra cá, ouvi falar que Paiva estava ficando muito famoso, mas nem sabia quem era nem de onde era.

Eu vim pro Rio com 19 anos. Vim trabalhar no Hotel Glória, conheci o gerente Tapajós, ainda era solteiro. Do Glória, fui trabalhar numa casa na Tijuca e de lá fui parar no Bob's, onde fiquei 12 anos. Comecei no Largo da Carioca e depois fiquei rodando, como gerente. No Clube Marimbás, fiquei uns três anos. Gerenciei festa grande. Me lembro de uma festa grega, para 1.500 pessoas. E no Restaurante Capela estou há 16 anos.

Com Paiva mesmo ainda não conversei depois da fama. Eu estava de férias e fui ao Jobi, mas dei azar: ele também estava de férias. Nesses quase 40 anos no Rio de Janeiro, só voltei a Groaíras duas vezes. Fui casar em 1969. E agora em 1991 fui ver se salvava meu casamento. Fiquei mais de 20 anos sem ir. Vi que meu casamento ia terminar e fui dar um tempo lá pra ver se salvava. Mas quando cheguei o casamento de mais de 20 anos terminou mais rápido ainda. A mulher está por aí. Criei os três filhos dela. Está todo mundo casado e fiquei solteirão.

Mas Groaíras tem uma curiosidade: os melhores garçons do Ceará vêm da minha cidade. O cearense se dá bem no trabalho e restaurante porque é muito comunicativo. Gosta de conversar. A gente conhece as pessoas, sabe quando é do bem quando é ruim. A gente entende de público.

O Ceará também dá muito humorista. Em Groaíras tem muitos parentes de Renato Aragão. Tem outros famosos que têm raiz lá. Até a mãe de Mariana Ximenes é de lá (a atriz corrigiria: é minha avó materna). Era minha amiga. O pessoal vem, se casa e faz família aqui, cria raízes. Eu tenho um irmão que ainda mora lá e uma irmã em Angra dos Reis. Meus pais morreram cedo. Então minhas raízes agora estão aqui.

Também gosto de brincar de repentista. Escuta essa: Mandaram me chamar / pra eu cantar com Malaquia / o papai não estava em casa / a mãe diz que eu não ia / peguei na perna da velha / joguei na boca da filha / desculpe senhora dona / que era de noite eu não via / perna de velha é cara quente / perna de moça é macia.

Gente como eu e o Paiva, que chega aqui e é reconhecido como bom profissional, como garçom, a gente sente um grande orgulho. A gente é pobre, humilde e simples. Mas é um prazer. Me sinto orgulhoso, fico contente. Não é ser o melhor garçom não, é ter a consideração. Fico muito grato.


Cicero com Seu Ayres Figueiredo, um dos sócios do Nova Capela. Foto de Alfredo Herkenhoff


sábado, 28 de março de 2009

MORTOS QUE DÃO O QUE FALAR






BRAS CUBAS
NO
RIO DE
JANEIRO







ZARQAWI NO IRAQUE

CHE GUEVARA NA BOLÍVI
A

Viva a Morte porque hoje é sábado






Porque hoje é sábado é a hora do planeta. Luzes se apagam, se acendem, ascendem. Viva a morte porque nunca é tarde para morrer.












.
































































Saddam Hussein enforcado. Beijo na morgue. Triunfo da morte, obra em Palermo, na Sicília. Senna na curva Tamburello. A menina Isabela, jogada da janela. Uma cena do fime Um morto muito louco, com Bernie morto e o amigo que o carrega a todo canto... Casal etrusco em Roma. Marat na banheira. Uma pin up que brinca de espanar um morto para acordar os vivos..



Balão! Balão!


Terá sido Platão quem disse que se a morte fosse boa os deuses não seriam imortais?
Viver não é preciso, mas precisamos navegar no mar da saudade, no mar da internet recheado de peixes a colorir a memória, nem sempre alegre. Mas porque hoje é sábado, me dou o direito de pescar não peixes vivos, mas memórias e imagens de inúmeros cadáveres. Sem necropsia não existe laudo. Laudatória a ilusão de se perpetuar no tempo dos próximos?

Então vamos ao gurufim planetário, apagando as luzes por 60 minutos, apenas como um gesto quase inútil de solidariedade com a preocupação geral com o degradação do meio ambiente, e vamos ascender ao céu da imaginação num imenso gerúndio que gera aliterações místicas.


Pirilimpimpim

Quando eu morrer, quero estar bem velhim
Quando eu morrer, quero estar bem feliz
Quando eu morrer, quero estar sonhando
Entre desenhos, rabiscos de giz

Quero estar brincando de ensinar
a tod'as crianças desse mundo
a enfrentar os problemas a fundo
a preservar a terra e o mar

Quando eu morrer, quero a paz na praça
Nada de injustiça, nem trapaça
nem políticos nem ladrões
Apenas o amor nos corações

Quando eu morrer, quero as lindas canções
Cantando o bem-querer qu' exist' em mim
Quando eu morrer não vou perder você
Quando eu morrer, é pirilimpimpim


(21) - Nossos mortos (*)

Nossos mortos nos fazem sorrir, lembrar, chorar a saudade e sentir a força do amor, o valor de cada beijo, além da maior dor, aquela que o perdão não cura. O amor sem alegria na hora mais pura da perda é a absoluta tristeza. Mas nossos mortos nos fazem ver a beleza em cada pessoa, nos fazem ouvir segredos, as sonoridades mais antigas da memória, o pizzicato mais hábil de cada arpejo, o calor do desejo. Nossos mortos não são desculpa nem culpa para o que ainda vamos viver. Nossos mortos nos fazem gritar e murmurar despedidas que se acumulam na guerra e na paz, até que não mais se acumulem no anúncio inevitável de que todos seremos um dia os nossos mortos. E então, depois de tanta luta, não morreremos nunca mais.

22 – Deficiente mental (**)


O que parece uma agressão talvez seja apenas um cumprimento, uma comemoração, ou um agradecimento. O último conto cantou para subir. Morreu antes de nascer. Foi atingido por uma bala perdida, por uma única, saída de uma rajada.

(*) (**) - Os dois textos integram o Conto para fugir de balas perdidas
Por Alfredo Herkenhoff

Senhorita Spam, uma imagem ao léu na web

Uma mulher é apenas uma mulher...




Leia neste Correio da Lapa o conto Senhorita Spam...
Não é nada dificil localizar o texto...

Crise: Lula entre marolinha e olhos azuis


Lula tocou na crise econômica, no racismo e na irracionalidade...

Lá a crise é um tsumani. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha.
Em 30 de setembro, 15 dias depois do estouro da crise mundial.

A crise foi causada pr comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis, que antes pareciam saber de tudo e agora demonstram não saber de nada". Em 26 de março, ao receber visita em Brasília do primeiro-ministro britânico Gordon Brown

Os 50 melhores pilotos da Fórmula 1



O jornal The Times divulgou uma lista dos 50 melhores pilotos de Fórmula 1, que está iniciando neste fim de semana o campeonato de 2009. É difícil comparar pilotos competindo em épocas diversas com tecnologias tão diferetnes. Embora Schumacher tenha sido campeão sete vezes, sabe-se que ele pilotou num período de marasmo e poucos rivais à sua altura, período de depressão pós-morte de Ayrton Senna. E o alemão ainda recebia várias corridas de mão beijada do piloto número 2 da Ferrari... Vai pintar reclamação com o terceiro lugar dado a ele. Talvez Prost merecesse o terceiro posto e não o quarto. Jim Clark, escocês, campeão em 1963 e 1965, e Senna, tricampeão, ambos geniais, foram valorizados, aparentemente, como primeiro e segundo colocados, pelo fato de terem morrido na pista, em acidentes dramáticos... Mas eis a relação que já nasce polêmica:

1. Jim Clark (GBR)
2. Ayrton Senna (BRA)
3. Michael Schumacher (ALE)
4. Alain Prost (FRA)
5. Sir Jackie Stewart (GBR)
6. Juan Manuel Fangio (ARG)
7. Sir Stirling Moss (GBR)
8. Fernando Alonso (ESP)
9. Nigel Mansell (GBR)
10. Mika Hakkinen (FIN)
11. Alberto Ascari (ITA)
12. Graham Hill (GBR)
13. Kimi Raikkonen (FIN)
14. Niki Lauda (AUS)
15. Nelson Piquet (BRA)
16. James Hunt (GBR)
17. Jochen Rindt (AUS)
18. Gilles Villeneuve (CAN)
19. Sir Jack Brabham (AUS)
20. Lewis Hamilton (GBR)
21. Emerson Fittipaldi (BRA)
22. Alan Jones (AUS)
23. Keke Rosberg (FIN)
24. Jacques Villeneuve (CAN)
25. Mike Hawthorn (GBR)
26. Mario Andretti (EUA)
27. Bruce McClaren (NZL)
28. John Surtees (GBR)
29. Juan Pablo Montoya (COL)
30. Damon Hill (GBR)
31. Denny Hulme (NZL)
32. David Coulthard (GBR)
33. Didier Pironi (FRA)
34. Ronnie Peterson (SUE)
35. Felipe Massa (BRA)
36. Jody Scheckter (AFS)
37. Rubens Barrichello (BRA)
38. Jackie Ickx (BEL)
39. Carlos Reutemann (ARG)
40. Tony Brooks (GBR)
41. Jenson Button (GBR)
42. Phil Hill (EUA)
43. Giuseppe Farina (ITA)
44. Jo Siffert (SUI)
45. Lorenzo Bandini (ITA)
46. Gerhard Berger (AUS)
47. Dan Gurney (EUA)
48. Clay Regazzoni (SUI)
49. Peter Collins (GBR)
50. Michele Alboreto (ITA)

Correio da Lapa: mais de 4 mil hits em um mês

Quando o Correio da Lapa começou, um mês atrás, havia no motor de busca do Google apenas quatro expressões "correio da Lapa". Agora já são quase 5 mil "hits"... É o efeito bola de neve no mundo virtual. Veja os números...


Pesquisa avançada
Preferências
Personalização baseada em seu histórico da web. Mais detalhes
Web

Resultados 1 - 10 de aproximadamente 4.310 para "correio da lapa" (0,38 segundos)

Resultados da pesquisa

  1. Correio da Lapa

    - 27 mar.
    O Correio da Lapa está prestes a completar um mês de vida e segue firme como segue também a dobradinha Lula e Dilma, como se vê abaixo na série de três ...
    correiodalapa.blogspot.com/ - 253k - Em cache - Páginas Semelhantes
  2. Correio da Lapa: Coluna (6) do Alfredo - Correio da Lapa é poesia

    21 Mar 2009 ... Velha foto revigorada pelo nascimento do Correio da Lapa mostrando que no Jobi também vai negão: Chico da Curimba não vai curimbar. ...
    correiodalapa.blogspot.com/2009/03/coluna-6-do-alfredo-correio-da-lapa-e.html - 175k - Em cache - Páginas Semelhantes
  3. Correio da Lapa: Inglaterra elogia novelas da TV Globo

    23 Mar 2009 ... Uma foto revigorada pelo nascimento do Correio da Lapa mostrando que no Jobi também vai negão: Chico da Curimba não vai curimbar. ...
    correiodalapa.blogspot.com/2009/03/inglaterra-elogia-novelas-da-tv-globo.html - 153k - Em cache - Páginas Semelhantes
  4. Correio da Lapa: EDITORIAL: CORREIO DA LAPA E O CASO SEAN

    A pessoa que escreveu ao Correio da Lapa pediu anonimato por temer parecer anti-semita. Esta pessoa fez considerações patrióticas no caso que conhece bem ...
    correiodalapa.blogspot.com/2009/03/editorial-correio-da-lapa-e-o-caso-sean.html - 163k - Em cache - Páginas Semelhantes
  5. Correio da Lapa: A CANTORA DO JARRO DA SAUDADE

    6 Mar 2009 ... Velha foto revigorada pelo nascimento do Correio da Lapa mostrando que no Jobi também vai negão: Chico da Curimba não vai curimbar. ...
    correiodalapa.blogspot.com/2009/03/cantora-do-jarro-da-saudade.html - 168k - Em cache - Páginas Semelhantes
  6. Correio da Lapa: Murilo Mendes era um dos grandes: Correio da Lapa ...

    21 Mar 2009 ... Velha foto revigorada pelo nascimento do Correio da Lapa mostrando que no Jobi também vai negão: Chico da Curimba não vai curimbar. ...
    correiodalapa.blogspot.com/2009/03/murilo-mendes-era-um-dos-grandes.html - 166k - Em cache - Páginas Semelhantes
  7. Marcelo Moutinho {escritor e jornalista}

    3 Mar 2009 ... Notório freqüentador da noite do Rio, o Alfredo Herkenhoff acaba de estrear na internet com o blog Correio da Lapa. ...
    www.marcelomoutinho.com.br/blog/2009/03/correio_da_lapa.php - 9k - Em cache - Páginas Semelhantes
  8. Página 12 [16/10/97 à 08/11/97]

    Sobre o vale postal para a Itália,é verdade,eu mandei 100,00 reais pra lá,vou comprar tudo que tem no catálogo,no correio da Lapa,custa apenas 1,00 o vale ...
    www.geocities.com/paris/7394/laura/talkpages/c12.html - 16k - Em cache - Páginas Semelhantes
  9. Resende | DOIS DOCUMENTARISTAS CARIOCAS NO YOUTUB | Resende

    Este jornal Correio da Lapa vai começar a oferecer de forma mais consolidada esses registros independentes, via câmeras digitais, para comprovar e valorizar ...
    resende.com.br/blog/resende/dois-documentaristas-cariocas-no-youtub/2400/joao-saboia/ - 38k - Em cache - Páginas Semelhantes
  10. Partido Verde RJ - Memória Verde

    Alfredo Herkenhoff edita o blog Correio da Lapa. Cyrano encerra temporada no Teatro Miguel Falabella, hoje e amanhã, às 16h. ...
    www.pvrj.org.br/memoria-verde.kmf?cod=8232174&indice=0 - 15k - Em cache - Páginas Semelhantes

Pensamento e arte - Parte 1


Immanuel Kant no Arco

Por Alfredo Herkenhoff

A Companhia Vale do Rio Doce patrocinou seminários internacionais sobre o conceito de arte na discurso da filosofia em 2006, o que gerou a edição do livro Arte no pensamento. Na apresentação do livro, dividido em blocos - antiguidade, era moderna e contemporânea, Olinda Cardoso Costa, diretora superintendente do Museu Vale do Rio Doce, na Grande Vitória, lembrou que seminário, na etimologia, remete a semear, a plantar, e comparou os participantes do evento a sementes de reflexão. Fernando Pessoa, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e organizador do livro, cita um diálogo entre Sócrates e Parrásio sobre indagações do que seria a arte. Desse ponto surgiu uma investigação no Ocidente na qual a arte deixa de aparecer através do ofício do artista, como obra de arte, para se mostrar no pensamento como obra de filosofia. Ou literalmente: “Distinta das cores da pintura, das formas da escultura, do som da música, a arte aparece na filosofia como uma modalidade de experiência ou compreensão da realidade”.

Editado sob lei de incentivos fiscais em parceria da Vale e Ufes, projeto de Suzy Muniz Produções, o livro Arte no pensamento está, nesse exato momento, sustentando uma segunda experiência, sendo aqui fatiado em lapas, no método de junta-junta, num cut up cujo resultado final configura um panorama imprevisível. Esses retalhos aqui mal se sustentam como o inesperado das horas. Ao sabor do acaso, seguem trechos dos ensaios do encontro internacional promovido em Vila Velha:

No abertura do livro, Arte no Pensamento, Françoise Dastur, professora da Université de Nice, lembra:

Platão é quem, ao mesmo tempo, dá à palavra philosophia o sentido forte de amor pela sabedoria e busca da verdade, e quem expulsa os poetas de sua cidade ideal, por enxergar neles produtores de simulacros, imitações muito distantes da verdade e, consequentemente, enganosas. O gesto de Platão consagra a separação da imaginação e da razão, da arte e do pensamento. Isso explica porque, durante muito tempo, na tradição ocidental, a arte ficou mantida em posição subordinada com relação à filosofia e às ciências.

No fim do ensaio Imagem e verdade em Platão, a professora Carla Franca Lanci, da Ufes, afirma:

Se pudermos compreender a ideia como possibilidade, como enfoque ou ótica, a partir da qual a realidade nos aparece, a cada vez, dimensionada, a noção de imagem pode vir a perder o seu caráter de “símbolo”, como representação do exterior, isto é, como algo outro e fora do âmbito da ideia, que a ela e exteriormente se remete. A participação da imagem na ideia não necessita ser pensada como a junção posterior de duas instâncias de antemão separadas, mas pode ser encarada como a unidade que desdobra o que se evidencia desde sua força de evidenciar. Ser imagem, assim, assume o caráter de ser e de se dar a ver a partir de seu movimento ou força geradora; nesse sentido, ela é o que se deixa visualizar juntamente com e a partir da luz que a faz visível. Trazer o real à fala como imagem é torná-lo em conjunto com aquilo que o faz ser, que não é nada dele distinto, mas sim a força impositiva da visão em que ele se faz presente e visível. A realidade mostrada como imagem é a consideração unitária do que se faz aparente em seu movimento de tornar-se manifesto; é, assim, a busca por apresentar o real, clarificando simultaneamente, nessa apresentação, sua gênese, seu movimento mais intrínseco de ser e acontecer.

(Seguem mais cinco trechos do livro. Veja abaixo:)

Pensamento e arte - Parte 2

Luz da arte grega

Em A Luz da arte grega, o professor Emmanuel Carneiro Leão, da UFRJ, afirma:

(...) Não se deve reduzir luz à claridade. A escuridão também pertence à luz e por isso nunca deixa de ser luminosa. Luz é tensão ontológica; a tensão da unidade de claridade e escuridão no próprio ser dos seres (...) Dessa unidade dinâmica de claridade e sombra em toda realização falou a maior poetisa de todos os tempos, Safo de Lesbos, integrando o brilho da aurora com o escuro da véspera, num famoso poema (...):

Véspera, carregas tudo que dispersou a brilhante aurora: / carregas vinho (aos sábios) / carregas rebanho (ao redil) / carregas da mãe o filho.

(...) A Safo no século 7 antes de Cristo, poetisa da luz grega, faz eco, no século 19, Hölderlin, poeta da luz moderna, pela boca moribunda de Empédocles, cidadão da tecnologia:

Ó Luz Celeste!

Não me ensinaram os homens. Já vai longe o tempo em que em meu coração ardente, não sabendo encontrar a terra toda viva, me voltei para ti e, confiante, como a planta, abracei-me contigo longa e cegamente em minha alegre piedade. Pois um mortal mal reconhece os Puros. Mas quando o espírito floresceu em mim, como tu floresces, eu te reconhecei e gritei: és vida. E porque viajas entre os mortais e, jovial, como o céu, lanças de ti a graça de raios, brilhantes sobre cada coisa, a fim de que todas as coisas tenham a cor de teu espírito, foi por isso que também para mim a vida se fez poesia. É que em mim estava a tua alma. E assim como tu, meu coração se entregou livremente à terra grávida, à terra sofredora. E, muitas vezes na noite santa, prometi amá-la fiel e sem medo até a morte, amar esta terra toda carregada de destino e nunca desdenhar nenhum de seus Mistérios. (...)



Pensamento e arte - Parte 3


Arte no pensamento em Aristóteles

Já Fernando Santoro, também da UFRJ, em Artes no pensamento de Aristóteles: (...), diz: Mesmo pensando o mesmo fenômeno, na mesma circunstância, o modo como Aristóteles pensou é diferente do de Platão. (...) Há uma diferença mais radical ainda entre nós e o pensamento de Aristóteles no tocante à arte. É que sequer podemos dizer que as coisas que hoje chamamos de obras artísticas entre os gregos antigos eram, do mesmo modo, consideradas “obras de artistas” por Aristóteles e também por seus contemporâneos. Isto quer dizer, objetivamente, que para o que chamamos hoje de “arte” sequer havia um conceito equivalente entre os gregos. (...) O conceito grego de téchne, que costumamos traduzir por “arte”, não fala de realização dos artistas, não tem o compromisso estético nem o valor da genialidade que lhes atribuímos hoje. A técnhe é uma atividade humana fundada num saber fazer. Aquele que tem uma arte detém um saber que o orienta em sua produção. A arquitetura, a medicina, a olaria e a forja são artes da mesma forma que a música e a pintura.

Em Arte no pensamento de Platão, Luís Felipe Bellintani Ribeiro, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, afirma:

(...) Palavra por palavra, arte em português corresponderia a téchne em grego. Mas téchne tem um significado amplo e se aplica também, por exemplo, à carpintaria, à agricultura, à medicina, à estratégia. Se for o caso de discernir, nesse universo genérico, a especificidade das belas artes, que é o que se entende imediatamente pela palavra portuguesa arte do título, então será preciso considerar outras palavras. Em primeiro lugar, poíesis, já que a poesia antiga não se restringe ao texto, mas abrange o canto, a dança e a totalidade da experiência musical, não obstante poíesis em sentido lato ser passível da mesma ambivalência de téchne. O sentido estrito da primeira se diz também por um qualitativo da segunda, mousiké técnhe, derivado de moûsa, a palavra cantada, que por sua vez englobava a tragédia, a comédia, a pantomima e até a astronomia (...)