Enviado ao Correio da Lapa por Fernando Luiz Herkenhoff Vieira, de Vitória
Há no Estado do Espírito Santo uma mistura racial na qual Gilberto Freire (Casa Grande e Senzala) faria uma festa literária. Brancos, afro-descendentes, mulatos e outras raças, como simplificadamente são classificados os capixabas nos estudos universitários, está longe de retratar minimamente a realidade racial do Estado. Impressionante como há no Espírito Santo gente com sobrenome árabe, alemão e português espalhados em quase todas as cidades do interior e agora na Região Metropolitana de Vitória. Temos aqui na cidade de Aracruz uma tribo indígena miscigenada (tupiniquim) e outra não miscigenada (guarani). Eu de antropologia entendo nada ou quase nada, mas é impossível passar desapercebida a presença de estudantes com sobrenomes italianos na Universidade federal do Espírito Santo e em outras Instituições de Ensino Superior do Estado. Eu que sou de origem alemã e portuguesa, mal conheço os pomeranos aqui do Espírito Santo. Sei que eles não são alemães e falam uma língua estranha. Os italianos, ao contrário, estão totalmente integrados e exercem enorme influência na economia e na cultura do Estado. Às famílias de origem italiana dedico esta minha temerária e precária incursão para falar de raças e povos do Espírito Santo. (FLHV)
POMERANOS
Em 1873 desembarcaram no porto de Vitória algumas centenas de famílias alemãs. Esses alemães eram provenientes em sua maioria da Pomerânia, então pertencente à Prússia e atualmente território da Polônia. Ao todo, chegaram ao estado do Espírito Santo 4 mil pomeranos.
Os pomeranos eram um povo que vivia isolado entre a Alemanha e a Polônia, com hábitos culturais extremamente diferentes do restante da população.Embora não se considerassem alemães, os imigrantes pomeranos eram tratatos como tal e foram enviados para o alto das serras, onde já tinham se instalado outros imigrantes alemães, numa região isolada por florestas.
Na região das serras, antigamente habitada pelo índios botocudos (que foram dizimados), os colonos alemães passaram a se multiplicar em larga escala. Famílias com 12 à 20 filhos eram comuns e, ainda hoje, os descendentes de alemães formam a maioria da população na região.Na colônia houve uma divisão étnica: de um lado do Rio Jucu viviam os alemães provenientes do Hunsrück e do outro lado os colonos provenientes da Pomerânia. Mas, os pomeranos eram em maior número e, com o passar do tempo, os hunsrückers foram assimilados pelos pomeranos.
Hoje estima-se que vivem no Espírito Santo aproximadamente 250 mil descendentes de imigrantes alemães, dos quais 120 mil são pomeranos. O idioma dominante é o Pomerano. Santa Maria de Jetibá é uma das únicas comunidades falantes do Pomerano no mundo, ao lado de Pomerode, em Santa Catarina. (Autoria desconhecida).