sexta-feira, 27 de março de 2009

Rubem Braga na voz de Marco Antonio - Parte 1

Cachoeiro de Itapemirim, cidade protegida pelo Pico do Itabira, ao fundo, é terra de Rubem Braga, Roberto Carlos, Marco Antonio, Sérgio Sampaio... Ah! Meu Pequeno Cachoeiro...


Sobre Rubem Braga e Marco Antonio

Por Afredo Herkenhoff

Rio de Janeiro, 27 de março de 2009: publico este depoimento do jornalista e escritor Marco Antonio de Carvalho para mostrar que ele é motivo de orgulho, está nos nossos corações e enriquece este pequeno momento especial: o Correio da Lapa comemora na data de hoje o seu primeiro mês de existência.

Marco Antonio de Carvalho organizou e liderou, em novembro e dezembro de 2006, uma série de eventos na casa Céu Aberto, na Rua do Lavradio, Lapa. Homenageou com palestras e bate-papo, entre outros, Rubem Braga, Raul Sampaio Coco e Aldir Blanc. Na palestra que proferiu sobre Rubem, o biografista contou histórias inéditas. Marco Antonio morreu de infarto em meados de 2007, e a sua biografia Rubem Braga - Um cigano fazendeiro do ar foi só seria lançada no fim daquele mesmo ano. A obra saiu pela Editora Globo e ganhou o Prêmio Jabuti.

Mas seguem os principais trechos do que deve ter sido o último depoimento público de Marco Antonio sobre a vida e a biografia de Rubem Braga. Compilei a fala graças à minha velha mania de registrar momentos marcantes. Marco Antonio dedicou os últimos 14 anos de sua vida a pesquisar tudo sobre Rubem, com o apoio de seu filho único, Roberto Braga, e dos sobrinhos Rachel e Edson Braga. Eis o depoimento de Marco Antônio naquela noite lapiana:

Rubem Braga nasceu em Cachoeiro de Itapemirim e veio ao Rio pela primeira vez aos nove anos, pela mãos da irmã Carmosina e pelo cunhado, que era um médico, niteroiense que morava em Cachoeiro. Ficaram uns dias em Icaraí e depois no Hotel Glória, durante uma semana, na festa do centenário da Independência em 1922. O deslumbramento de Rubem com o Rio começou aí. O que mais o encantava era a beleza do Rio de Janeiro, a quantidade de edifícios. Esse deslumbramento com a capital da República, com que a cidade tinha a oferecer, ficou marcado para sempre, por toda vida. Voltou para Cachoeiro e lá, no colégio, um professor de português pediu a ele um texto qualquer sobre viagem. Rubem tinha acabado de voltar do Rio de Janeiro pela primeira vez. Em dez linhas o vocabulário do menino era inacreditável. Rubem guardou pouquíssima coisa de infância,quase não tem foto. Textos de colégio não há quase nada. Mas este texto, que é uma redação sobre a viagem, conta o que era o Rio de Janeiro na sua visão aos nove anos. Ele guardou com a letrinha dele de menino de nove anos. E doou o texto para a casa Plínio Doyle - hoje está na Casa Rui Barbosa. E o texto não é de um menino de nove anos, nem de um adolescente. E texto de poucos adultos. O texto de Rubinho é inacreditável.

(Logo abaixo, mais cinco trechos do depoimento de Marco Antonio Carvalho)