segunda-feira, 22 de junho de 2009

Coluna Correio da Lapa: Elias Maluco Diploma Petrobras Lula Sarney Renan Jader Maluf Collor

Elias Maluco está vivo e, logo logo, estará livre, como qualquer jornalista sem diploma

Agora todo mundo é coleguinha.

O meio campista Ramires, do Cruzeiro, está voando baixo. Ajudou a Seleção de Dunga e Nossa a dar chocolate na Itália. O Flamengo deu chocolate no Internacional. Cuca dá chocolate na própria imagem. O Correio da Lapa dá um chocolate na mesmice, mas não foge do excesso necessário.

Um personagem da Bahia, certamente de uma daquelas histórias de Jorge Amado, dizia: em política não existe crime, só eliminação de obstáculos. Este Correio da Lapa complementa: e os obstáculos são a imprensa livre com seus escândalos sem diploma, a Lei e os adversarios. Mas já na Roma imperial se dizia: Aos amigos, tudo. Aos imiigos, a lei.


Jornalista faz profissão de fé e pensa em voz alta: não sei nada sobre uma infinidade de assuntos. Sou especialista em generalidades. Sendo assim, pontifico: Gilmar Mendes e Pedro Álvares Cabral não andam nas ruas de São Paulo sem seguranças triarmados a lhes garantir a integridade física, seguranças pagos com o dinheiro de gente que paga impostos e não gosta dos seus representantes na cúpula do poder político.

Na verdade, Pedro navegador não anda porque está morto, apenas sua alma penada perambula, fluindo na atmosfera atlântica, mas mesmo assim, demandando auras de proteção. Porque por essas bandas até as almas precisam de proteção. Não que signifique risco para elas uma bala perdida. É que no Brasil tem muita gira, muitos prelados, padres, pastores, mães de santo, orixás, simpatia e palpiteiros dizendo que tal alma não vale nada, que aquela alma ali é ladrona...

Já Gilmar não anda porque não é goleiro do bem. Não segura nada.

Não tem Iraque no Brasil, não tem atentados a bomba. O risco que Gilmar corre é a zona do agrião. A ministra Ellen Gracie já sentiu na pele a ameaça na ponta de um fuzil de bandiagem no Rio de Janeiro..


Aqui a bomba é o ser humano vil, eu. Aqui a bomba é o Correio da Lapa, você. Aqui a bomba é o iate do milionário e a mesura trocada entre seus pares no convés. Aqui a bomba é o acórdão. Aqui a bomba é a defesa do indefensável. Aqui a bomba é o curral eleitoral eletrônico, o cheque-família, o assalto-família, o capilé-doutor, a família Sarney. Aqui a bomba é a celebridade feliz achando que é nobre ter milhões num país pobre. Aqui a bomba é o Senado com seus segredos escrotos. Aqui a bomba é um pum na ética. Aqui a o bomba é apenas uma única bala perdida que não encontra nenhum Gilmar dos Santos, Gilmar Pereira, apenas o alvo preferencial, a cabeça de uma criança sempre inocente.

Detestável a performance dos pais chorosos vestindo camisetas com o semblante da saudade e dor estampadas, clamando por justiça, que ignomínias como essas que levaram seus filhos não aconteçam nunca mais...

Chorar o leite derramado, porém, chorar a morte da criança atingida por uma incompetência perdida não vale nada, apenas denota a fraqueza, a tibieza, a desídia, a omissão, o conformismo que antecedeu a tragédia em família.

Quer justiça? Então se indigne antes que a morte morda um pedacinho da sua carne. A injustiça está mordendo geral... Ricos nas mansões, mega-apartamentos luxuosos, castelos, iates. Pobres pegando pobres nas ruas da safadeza predatória. A polícia fazendo o papel de algoz do moralismo a posteriori.

Por favor, pais, quando seus filhos aparecerem mortos num telefonema, não vistam mais camisetas pedindo justiça. Peçam antes de virarem clones do óbvio.

Bomba é o Correio da Lapa, cometendo erro crasso ao dizer, duas semanas atrás, que havia estabilidade política no reino teocrático do Irã. Bastou a mídia ocidental dizer que havia um candidato moderado em condições de vencer o presidente radical para a modernidade minoritária de Teerã sair às ruas com seus celulares substituindo a reportagem censurada dos correspondentes das democracias. Uma vintena de mortos, e o aiatolá Kamenei dizendo que, mesmo que uma fraudezinha tivesse ocorrido na apuração, a vantagem da maioria xiita fundamentalista é tão avassaladoramente pró-Ahmadinejad, pronto, este está eleito e vamos reprimir a bala esta baderna pecadora nas ruas.


Mas o Correio da Lapa tentou livrar a própria pele, replicando voz de um alto oficial do Exército português, especialista em Ásia Menor, dizendo que Mousavi nunca foi moderado, nunca travou polêmica com o presidente durante a campanha eleitoral, que os dois candidatos têm a mesmíssima visão de mundo, em especial no que tange o programa nuclear iraniano. Dias depois, como se lesse este blogue-jornal, Barack Obama frisou: Mousavi não é nenhum moderado como andam pintando. Mousavi já insinua que pode fazer um sacrifício, já fala em martírio como arma contra a Proconsult na apuração manual de 20 milhões de cédulas-votos em duas horas.

Novidade nessa história do Irã é a internet internacionalmente midiática, com capacidade de tornar instável o que parecia tranquilo.

O Brasil parece tranquilo. Os 80% de popularidade de Lula desaparecem num piscar de olhos. A internet pisca. O olho pesca. Os peixes começam a falar. Murilo Mendes nunca morreu.

Internauta na rua sem Gilmar Mendes comenta em tom elogioso: Caraca, voltei a ler por causa deste blog, voltei a ter gosto pelos livros. O seu Correio da Lapa me instigou a voltar a ler.

Quando saiu aqui o post sobre o antipático Hospital Samaritano, o mais caro do Brasil, mas que quase só salva vidas de milionários, é claro que pairava no ar, como pano de fundo, a parábola do bom samaritano: um cara foi assaltado pelas bandas da Galileia e foi espancado pelos ladrões, como acontece toda hora no Brasil de hoje, e aí passou um judeu e exclamou indiferente à vítima desmaiada: azar e dele. Passou um cara de outra etnia e fez o mesmo: azar do assaltado. Finalmente, passou o terceiro, um anônimo representante da escória, um samaritano, e os samaritanos eram, como os marginais, odiados pelos judeus daquela época de Cristo, mas o pária, por instinto de humanidade, sem querer saber de que etnia era o espancado, o acudiu, levou-o ao Hospital Miguel Couto de então. Este bom samaritano, solidário, é o que faz falta na imprensa brasileira, denuncista e dependente da droga da verba do governo, verba da Petrobras privatizada. Palava do Senhor.

A propósito, o governo ainda controla a “estatal”, mas apenas por deter capital votante. Metade da Petrobras já está em mãos privadas, em boa parte bancos e seus acionistas majoritários. Como a empresa dá lucro, os acionistas se lixam para o fato de a Petrobras ser uma arma de cobrança de altos impostos, algo num patamar sem precedentes em qualquer das 150 democracias capitalistas deste mundo.


Lula, estadista, merecia um terceiro mandato, o Correio da Lapa endossava a tese, mas não dá mais pé. Lula, com apoio de Sarney, Renan, Maluf, Collor, Jader, Bispo Macedão e caterva, sabe que precisa dos inimigos em nome da governabilidade. Sem Petrobras não se faz nada no Brasil no campo da energia. E sem o PMDB e seus imitadores nos partidos semelhantes, porém menores, não se faz nada na política. Quem tentou governar sem a aliança da vagabundagem foi o Colllor, imperial, impingindo seus desejos ao Congresso. Por isso dançou. Mas suas linhas-mestras foram as mesmas de FHC e também são as mesmas de Lula continuísta com Henrique Meirelles, este capitão de mato da macroeconomia sem inflação louca. Lula é uma das poucas pessoas interessantes no PT. É estadista.

O resto é essa papagaiada de delúbios e incompetentes do PT brincando em cima da carne seca dos cargos de indicação duvidosa. A TV Brasil, por exemplo apesar de quase dois bilhõezinhos de orçamento, continua serena, pedagógica, feia, ar sério, quase alemã, pena que quase ninguém vê... Ninguém aceita sofrer muito. Traço e tchau.

By Alfredo Herkenhoff