segunda-feira, 20 de julho de 2009

Lula, do poder monogâmico à poligamia deslavada


O presidente Lula tem sido acusado de ser leniente com a corrupção interna, acusado de elogiar regimes estranhos, mas tudo isso é absurdo, ou mesmo secundário. Lula torceu e não escondeu que via com bons olhos uma vitória, que se confirmou, do índio Evo Morales na Bolívia.

Apesar dos bons laços pessoais com o republicano George Bush, Lula, do mesmo modo, não escondeu que via com bons olhos uma vitória de Barack Obama. Lula tem sido elogiado por Obama pelo mesmo motivo de seus elogios ao chefe da Casa Branca.

Em tempos de globalização, a aspecto midiático do poder virou questão de Estado. Quando Lula e o senador Sarney parecem desprezar a opinião pública no caso dos atos secretos, ilude-se quem pensar que isso é literal. É só a arte de governar no passo de cágado diante da correria dos apressadinhos.

Nas ditaduras, o poder se casa monogamicamente apenas com a força bruta. Nas democracias, se casa com as urnas, com os votos. Agora, um fator novo: o tal midiático. O poder democrático se tornou bígamo no mundo inteiro: vive de bem com as urnas e com a mídia. Mas, no Brasil, o caso mais raro: poder polígamo, com as urnas, com os que têm votos nos parlamentos, com o MST que tem foice, com a mídia, que ameaça pedir divórcio, com o PMDB de Renan e Sarney, com o PTB de Jefferson e Collor, com o Bispo Macedo, com a Igreja Católica e com a Medida Provisória, conhecida como medida "vota-e-leva".

O poder democrático de Lula só não está em lua de mel com o Twitter que fica gritando o tempo todo igual a morcego: forassarney!
forassarney! forassarney!

Por Alfredo Herkenhoff

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