quarta-feira, 26 de agosto de 2009

José Sarney e seu maravilhoso inferno vermelho









Em discurso na tribuna do plenário, o senador Eduardo Suplicy protestou contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mostrando-lhe um cartão vermelho. Suplicy também trocou palavras agressivas com Heráclito Fortes (DEM-PI), que perguntou: cara, por que Vossa Excelência não dá um cartão pro presidente Lula que é do seu partido? O protesto de Suplicy, uma semana depois do Arquivamento Amplo, Geral e Irrestrito de 11 acusações de desmandos e falta de decoro contra Sarney, foi uma peça midiaticamente correta. Não fizesse o teatro popular da expulsão cênica, não teria aparecido nos jornais televisivos. O próprio cronista-show da Globo, Arnaldo Jabor, usou um cartão para uma prova de apoio ao ritmo novo das denúncias no Senado-Suicida do Brasil. O cartão, mesmo que fosse amarelo, seria apenas um indicador que dispensa palavras. Suplicy, ao se travestir de árbitro, fez o jogo certo: popularizou a crise. O cartão vermelho de Suplicy provocou uma onda de repetições pela internet e pela imprensa.

Estamos vivendo tempos vermelhos, tempos de arrebatamento ódio, paixão, força, sangue e tudo mais, menos amor.


A assessoria de Suplicy recebeu mais de 2000 e-mails nas 24 horas subsequentes ao discurso do cartão vermelho. Esta cor em si não é melhor nem pior do que nenhuma, mas é simbólica, diabolicamente. Além de denotar aqueles estados de ânimo, o vermelho também é o contrario do que se insinua, é a cor do Diabo, do pecado, do luto no sangue, cor da patifaria, do sinal de trânsito para não prosseguir, e da zona do meretrício, dizendo: atenção, cuidado, pare e entre. Elas estão aguardando a sua chegada.


Sarney merece o inferno que somos todos neste chão da internet. Ele já esta pagando os pecados do mundo à sua volta. Sarney é o vermelho da vergonha, a cara corada, o dinheiro mal contado, a história negada, a fantasia propalada, o cinismo mal dissimulado, a derrota comemorada, o fim sem necessidade de baixar o pano, o fim patético, o bobo do parlamento, este teatro de vacas sagradas brincando de se chamarem de vossas excelências, mal sabendo que o veredito da vingança democrática já foi votado e disparou o primeiro tiro, o torpedo da fila nas seções eleitorais, o contra já está a caminho, vai entupir a urna de cliques, vai calcinar o botão verde dos nossos desejos de ver essa corja covarde distante dos tapetes azuis, esses péssimos representantes do povo que jamais vão a um enterro desses jovens assassinados a cada dez minutos nas grandes cidades do Brasil. Tempos de covardia vermelha, tempos de democracia vermelha, tempos de sujeiras vermelhas. discursos vermelhos de nojo de qualquer cor, tempos gosmentos de uma lógica contagiosa que vai entupir a visão dessa bandidagem engravatada com o fel de nós mesmos, que somos o espelho das urnas das eleições passadas. Tantos anos para chegar a 2010 como o momento do dizer não, de não re-eleger ninguém ou quase ninguém desse time de quinta divisão sem cor nenhuma.

O que o Supremo Vermelho faz com o Azul do Mensalão? Dá-lhe prazos.

Petistas, democratas e tucanos abandonam o Conselho de Ética, grande diferença, farinha da mesma caçapa.

O senador Eduardo Suplicy, O Indignado, gosta do Senado, nunca vai renunciar. O Inferno são os outros. O inferno são os seus eleitores, que quase lhe faltaram na última vez, foi eleito por pouco.



Sites como o do Sérgio Resende, o SRZD, vão às ruas com o exemplo de Suplicy, perguntando a quem você daria cartão vermelho. Nayllana Silveira, de 20 anos, determinou no Rio de Janeiro: a todos, expulsão de todo o Senado.


Suplicy fez mídia, ganhou espaço. Democracia no Brasil é isso; espaço e aritmética ética de votos nas comissões. O resto somos nós e a merda nacional nos hospitais que os políticos não frequentam, nas escolas onde não matriculam seus filhos.


Sarney com Wladimir Herzog.


Caso Manuel Fiel Filho e o silêncio de Sarney.


Caso Lutfala, no azul lunático do labirinto contábil da empresa Lunus do Maranhão garantido no boi vermelho.


Lei Falcão com Sarney no coração.



Governo João Figueiredo tendo em Sarney o José sem medo.


Escândalo das Polonetas, talvez Sarney com suas trombetas.


Escândalo do Ministério das Comunicações, este mistério a la Sarney nas concessões.


Esquema PC, com Sarney cantando cadê você?

Escândalo Queiroz Galvão, ninguém nem Sarney lembra mais não.


Escândalo da Sudene ou dos Anões do Orçamento, a CPI é nossa, Uh! UH! ih" ih".

Escândalo da emenda da re-eleição, com Sarney em legitima defesa de votação.


Escândalos de São Paulo, da Máfia dos Fiscais e do Mappin. Sarney distante, mas enche meu saco.


Escândalo da Transbrasil, a passagem acetinada para nada mais serviu, nem para papel higiênico no aperto do Senado WC.


Escândalo dos Desvios de Verbas do TRT, o Papa Nicolau, que pegou um senador e absolveu geral.


Escândalo da Administração da Roseana Sarney, com Sarney dizendo: eu nada sei, mas está tudo certo, estamos dentro da lei.

Escândalo Celso Pitta, Escândalo da Quebra do Sigilo do Painel do Senado, acidentes ambientais da Petrobras, abafa, abafa! Abafa o caso!


Escândalo das mortes de Celso Daniel e Toninho do PT, não matei eu, não matou Sarney, não matou você.


Escândalo do Proprinoduto, o Silveira, o Silveirinha da mesma profissão de Lina Vieira.

Escândalo das ligações do PT com o MST e com o PMDB e com teretetê! Saudosas Nações Vermelhas de Fracasso!

Escândalo do Waldomiro com a contravenção das jogatinas.

Escândalo do Mensalão e do nada, nada tem Sarney nessa história. Sarney apenas representa o passado que vai passando sem explicar quase nada, apenas uma interminável troca de vossas excelências enquanto vai se ampliando o engodo geral, o Bolsa-Família, os Cartões de Crédito Corporativos da Presidência, os Dólares na Cueca dos bispos, das ongs com endereços falso, dos dossiês e o escambau.

O Brasil não é que esteja mais ou menos bem, está bem mal.

(Por Alfredo Herkenhoff)

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