sábado, 25 de julho de 2009

Felipe Massa .... Disaster in the air

PARAFUSOS
SE SOLTARAM
Por Alfredo Herkenhoff



Parabéns a Galvão Bueno e equipe da Rede Globo pelo belíssimo e doloroso trabalho de narrar neste triste sábado o acidente com o piloto da Ferrari: show de sobriedade, precisão e emoção. Nota mil!

Na hora do primeiro replay com slow motion mostrando uma peça vindo na direção do carro de Felipe Massa, pensei que se tratasse de um parafuso. Horas depois, Rubinho Barrichello informou que era uma mola de seu carro, pesando cerca de um quilo e que, num choque a quase 300 por hora, teria o peso de uma tonelada. Poderia matar pelo impacto, mesmo se não atravessasse a viseira à prova de bala, mesmo que não atravessasse o capacete poderia matar...

Tanta segurança exibiu insegurança. Que punição a equipe Brawn deve receber por deixar uma peça voar?

E foi pensando no impacto sofrido por Massa que recordei: anos atrás, o grande roqueiro Arnaldo Brandão me honrou ao gravar uma canção de minha autoria no CD autoral Lapa-Leblon em que eu lembrava a tragédia de Cássia Eller, socorrida ao passar mal, mas que, por suposta suposição errada de um plantonista, teria ela recebido a medicação exatamente ao contrário do que se recomendaria a uma artista muito doida que estava travando uma luta para ficar clean, estava em crise de abstinência. E mesmo se esta versão estiver errada, mesmo que o plantonista não tenha errado, haverá exemplos semelhantes no passado e no futuro.

Tempos depois, sem detalhes. perpetrei a letrinha e a cançoneta refletindo que até o que é para apertar, afrouxa, o que é para salvar, mata, o que é para dar segurança, torna inseguro. O mote da canção é: "parafusos se soltaram", tal como, tragicamente, voltou a se soltar neste sábado de bobeira na Fórmula 1.

Mas Massa é Massa, é nome e é cabeça, aguenta impacto de uma tonelada, supera os mais pesados erros alheios...
Força que você tem ainda muitos sonhos a realizar...! Nossa solidariedade!

Eis a letra da canção:

PARAFUSOS SE SOLTARAM

(homenagem a Cassia Eller e agora na esperança de que os sonhos de Massa se realizem)

Vozeirões ora veludo, ora elétrico,
assaltam um caminhão de energia
Sábado à noite, de bobeira
À sombra do luar entre os oitis
Nua, completamente nua
Paisagem humanamente nua
Inteiramente sem tempo
Deu o melhor de si
Caramba ...
Cassia Eller eu quero ouvir
Bethânia, Isadora, Zélia
Cassia Eller eu quero ouvir
Quando Ismália enlouqueceu
pôs-se na torre a sonhar
Parafusos se soltaram
Flutuam até hoje no ar
Parafusos se soltaram
Flutuam até hoje no ar

fim