quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Brasil entrega Sean ao pai e encerra o vexame

Caso Sean Goldman

Por Henrique Porto *

Jornalistas fazem plantão em frente ao hotel em Copacabana

STF decidiu na terça-feira que menino deve ser entregue ao pai.
Entrea marcada para quintaf-eira às 9h da manhã

O americano David Goldman, pai do menino Sean, de 9 anos, permanece na tarde desta quarta-feira (23) sem sair do hotel onde está hospedado em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Desde cedo, jornalistas da imprensa nacional e internacional fazem plantão em frente ao prédio. Um carro do consulado dos Estados Unidos também está no local.


Segundo Ricardo Zamariola, advogado de David Goldman, o americano está feliz com a decisão do STF, que suspendeu na terça a liminar que garantia a permanência do garoto no Brasil. Em entrevista à rede de TV americana NBC, o americano declarou que o Brasil "terá um futuro melhor honrando o império da lei”.


Desde a noite de terça-feira, quando saiu a decisão do ministro Gilmar Mendes, David Goldman não falou com a imprensa. Um deputado americano, que acompanha David Goldman, disse que o americano vai levar o menino para os Estados Unidos assim que encontrá-lo.

Avó diz que está chocada

A avó materna de Sean Goldman, Silvana Bianchi, disse, na tarde desta quarta-feira, que está “chocada, triste, decepcionada e envergonhada” ao comentar, em entrevista ao G1, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que determina que a criança seja entregue imediatamente ao pai biológico, o americano David Goldman.


Este é o seu primeiro desabafo à imprensa, depois de divulgar uma carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O advogado da família, Sérgio Tostes, disse nesta quarta que não pretende recorrer. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) determinou também nesta quarta que o menino seja entregue até as 9h de quinta (24) no Consulado dos Estados Unidos, no Rio de Janeiro.


Na semana passada, de acordo com a notícia, o senador do Partido Democrata Frank Lautenberg, de Nova Jersey -mesmo estado do pai de Sean-, havia apresentado uma moção suspendendo a votação em retaliação ao Brasil, por conta da disputa pela guarda do menino.

“Não esperava que meu neto seria trocado num acordo econômico. Por enquanto, não pretendo fazer nada, diante disso. O meu país, o país do Sean, já que ele é brasileiro nato, vendeu uma criança”, afirmou. “Ele está sendo posto para fora do país”.

'Estão separando dois irmãos', diz Silvana

Silvana Bianchi disse que vai passar o pior Natal de sua vida. “Estão separando dois irmãos”, disse ela, se referindo à outra neta, Chiara, de 1 ano e 3 meses”.
Um dos desapontamentos de Silvana foi não terem permitido ao garoto manifestar sua vontade de ficar com a família brasileira ou seguir com o pai para os Estados Unidos.

“Foi negado o direito de ele falar. A gente está numa democracia, mas respirando a lei da mordaça. A fala dele seria fundamental”, acrescentou. A avó do menino também reagiu de forma negativa à mensagem que divulgou abertamente ao presidente Lula e não obteve nenhuma resposta. “Estou decepcionada, muito revoltada. É meu neto. Merecia mais respeito, uma explicação”, concluiu.

* Avistado no site G!