segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Falando mal do mundo, Marina não é Obama















Marina Silva não é o Obama de saias do Brasil, e uma eventual chapa com Cristovam
Buarque enterraria de vez a esperança no nascedouro?


Heloísa Helena e Marina Silva, desafios novos para Dilma

A senadora Marina Silva vai se lançar ou ser lançada candidata à Presidência da República do Brasil no próximo domingo, dia 30, durante a solenidade do ato de assinar a ficha de filiação ao Partido Verde. O que se comenta é que está praticamente acertada a inclusão do senador pedetista Cristóvão Buarque como vice na chapa.


Aqui não sobra certeza para ninguém, nem para Dilma Rousseff, Heloísa Helena, Michelle Bachelet, Cristina Kirchner, Ciro Gomes, José Serra, Lula, Danuza Leão, Perón, Evita, Isabelita, Suzana Vieira e Evo Morales.

Como fundir tanto idealismo de Marina e Cristovam numa campanha viável? Difícil imaginar uma ecologista radical e um insistente defensor de mais verba e inteligência para uma revolução no Brasil através da Educação.

Patricia Pillar e Ciro, Casal 20 na mídia

Ciro Gomes, ministro de Lula, com o senador Cristovam, seria mais viável e um pequeno avanço histórico?

Ciro Gomes, cearense, tem casa no Leblon, casado com uma atriz carioca , foi lançado por uma frente cínica, isto é, forças de Serra e de Lula tralhando juntas para uma eleição plebiscitária, como candidato ao governo de São Paulo. Ciro desmentiu. Se dentro de 36 dias ele não mudar seu domicilio eleitoral para a capital paulista, não poderá mais concorrer à sucessão de Serra, e aí saberemos o que já sabemos: Ciro disse a verdade, vai concorrer e já está em campanha para a sucessão no Planalto.

Má impressão de Marina

Ciro Gomes, por ter sido ministro, chefe de Executivo, candidato à Presidência etc, tem histórico de administração, de dinâmica e tem visibilidade. Marina Silva não, ela tem um histórico fundamentalista. Seringueira, mãe de muitos filhos, evangélica, radical, tipo moita. Não gosta de atender as pessoas.


Em 2004, fui chamado para editar um catálogo para uma feira de petróleo em Macaé que foi encartado no Jornal do Brasil. A feira era sobre offshore e segurança, offshore e meio ambiente, offshore e tecnologia. Naquele pavilhão grande la em Macaé. Claro, uma palavra, uma mensagem da jovem ministra Marina seria excelente para abrir a publicação, uma revista de cento e poucas páginas, nada imponente. Durante 15 dias, dezenas de telefonemas para Brasília, contatos com o Ministério do Meio Ambiente para, se não fosse possível ouvir Marina, pelo menos receber dela meia dúzia de palavras, um paragrafo que fosse, saudando uma feira com palestras etc, encontro que reuniu gente de diversas partes do Brasil e do mundo. Mas, nada. Nem mesmo os assessores e assessoras de Marina se dignaram a produzir sequer uma mensagem protocolar, tipo alô petroleiros, alô Petrobras, produzam, mas não me poluam esse mar lindo não. Que nada, só desprezo.

Desde aquele tempo fiquei com uma pulga atrás da orelha, pensando: esta ministra acha está com o rei na barriga. Diz não para todos, até para os seus assessores. Em 2008 ela começou a dizer não para o Meio Ambiente, e agora Marina disse não para Lula. E agora quer que o Brasil inteiro diga sim para ela. Quanta ilusão. Em vez de rei na barriga, o que está caindo no colo dela é o Cristóvão Buarque, que aliás anda barrigudinho, de tanto dar voltas em torno da Educação.

Marina, Morena Marina, você se pintou?


Marina Silva não é e não parece que vai ser o Barack Obama de saias do Brasil. Ela tem sonhos de se tornar o que sempre pensou que fosse: imperatriz. Ainda vai virar samba-enredo, seringueira, a árvore que sobreviveu à tecnologia dos polímeros e ganhou pequeno vigor com a Aids demandando camisinhas de látex. Mas árvore que simbolizou muita mentira neste país, a maior dela a estrada Madeira-Mamoré, ligando o nada a lugar nenhum. Quando ficou pronta, ficou igual a Marina, fora de moda, apesar do lobby cínico de José Serra dando força aos verdes para enfraquecer Lula e colher frutos maduros mais à frente. A ferrovia nasceu quando já cresciam os seringais na Malásia e morriam as perspectivas de expansão na Amazônia.

Marina tem cara de seringueira, cara de atraso, cara do pós não-moderno. Cara aqui é o ideário político. Fisiologicamente, Marina tem um semblante belíssimo, e é guerreira, mãe, combatente da estirpe de Chico Mendes. Mas tem uma vozinha pavorosa, parece que mia, mas em vez de gato, são urros de jaguatirica braba.

Cara sem graça e sem carisma de Dilma Rousseff

Dias atrás, saiu um artigo na Folha de S. Paulo em que Danuza Leão dizia ter um medo pânico da cara horrível de Dilma Rousseff. Danuza (foto), com elegância média, reconheceu que era um medo apenas fundado numa intuição. Dilma nunca sorria, nem ria. De repente, fez uma plástica e ficou com um sorriso tresandado, fixo, constante, como se fosse fumegar. Pois bem, perto de Marina Silva, Dilma é a Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do PAC.

Mas por que Lula, que perdeu três eleições consecutivas, quer que Dilma ganhe a primeira logo para o Planalto, se ela nunca disputou nem eleição para síndica de prédio? Nem para vereadora? Niguém sabe. Lula quer que o PT se perca para ele brilhar sozinho como o Rei Luís XV em 2014?

Bachelet, esta está de bem com Barack Obama

Como se não bastasse, o Brasil que nunca teve mulher na presidência, como o Chile e a Argentina, ainda conta com a ultra radical Heloísa Helena como terceira pretendente. Ela é modesta vereadora em Alagoas e acalenta sonhos de se tornar o Evo Morales de saia em Brasília. Sim que Heloísa Helena do PSol, aqui neste Correio da Lapa costuma ser chamada numa graçola de Heleninha do Paiol. Ela não brinca com o próprio bem-estar pessoal. Quer voltar para o Senado no ano que vem. A campanha majoritária em Alagoas fica mais em conta e viável.

Mais acima, com Juan Perón, Evita, que não evitava nunca os vestidos longos. Já Isabelita, mais modesta, tinha um bruxo como guru no governo e liderou a tríplice A, esquadrão da morte que assassinou 1.500 pessoas de 1974 a 76.


Mas são três mulheres que, somadas, não dá uma Michelle Bachelet chilena. E se fossem as três divididas, cortadas ao meio, transformadas em seis, um sexto de cada um desses seis pedaços das três ainda seria maior do que a Cristina Kirchner, a mulher que inventou uma velha novidade em Buenos Aires: a mentira. A Casa Rosada hoje é um governo que se especializou em produzir mentiras contábeis, fiscais e estatísticas. A economia está desgovernada. A Argentina já não exporta trigo, e o Correio da Lapa não se surpreenderá se, no ano que vem, o país importar trigo pela primeira vez. E o agronegócio de uma terra tão fértil como a argentina estará no pesadelo de uma sequidão argelina.

Cristina entre Lula e o maridão Nestor, com um olhar meio irmãos Chico e Paulo Caruso

Moral da história, não é o fato de ser o não ser mulher que vai determinar o futuro imediato do Brasil pós-Lula. Mas a qualidade. Cristina é mulher do ex-presidente argentino Nestor e nada, os dois presidentes casados, divorciados ou juntos, não valem a metade da metade do pé direito do Moleque Saci. Ou do pé esquerdo, que o casal da Casa Rosada já foi para o espaço, o amplo território do fracasso que a história só faz ampliar como o universo infinto. E Argentina é recorrente em matéria de presidência casada. Juan Perón e suas dançarinas Evita e Isabelita que o digam.

Se eu fosse Cristovam Buarque eu não aceitaria compor chapa com Marina. Melhor ficaria se compusesse com Ciro Gomes, este sim, com um histórico de destemperos. Mas é melhor a gente ouvir destemperos, risadas, como Ciro, como Lula, que fala, desfala, corrige, contradiz, mas a gente sente que o cara está fazendo alguma coisa. Lula luta pelo duelo tipo plebiscito, ele e Dilma contra Serra e o resto. Ciro luta para se compor com mais tato verbal e uma estratégia de risco.


Dilma se explica, Serra sempre teve um veio de intrometido

Mas melhor ficaria sim uma chapa com Ciro Gomes e Cristovam Buarque. Os dois teriam como emblemas o Norte, pobreza, e o Sul, modernidade, investimentos para a educação nas quatro regiões do Brasil.

Marina não tem nada disso, uma de suas filhas estuda em bons colégios, até no exterior, mas as escolas nas cidades da Amazônia, no Acre, ou no Maranhão, continuam depauperadas. Marina é só símbolo, não tem nada de eficiência social, é uma espécie de Ronaldo Caiado do outro lado. Toca terror só imaginar que ela quer a Presidência da República. A questão não é medo de Marina coisa nenhuma, mas se ela é uma opção como governante. Se ela não aguentou nem as pressões do Ministério do Meio Ambiente, o que imaginar das pressões da Presidência? Cristovam foi demitido da pasta da Educação, aliás de forma vergonhosa, um telefonema de José Dirceu quando o ministro estava em Portugal. Mas Marina vai brigar muito e pode ferrar com Lula e deixar Serra de cabelos laterais em pé.


Uma vez Suzana Vieira também declarou, tal qual Danuza, que tinha medo de uma candidatura. Tinha medo de Lula, mal sabendo a coitada da atriz que a querida Globo já vinha enquadrando Lula e sendo por ele enquadrada, numa parceria hoje nada surpreendente. Lula faz parcerias com todo mundo mesmo. Não fazer é o que faz Evo Morales, com a Bolívia já em clima de pré-guerra civil. Mas até com Evo Morales Lula faz parcerias. Quanto mais alto, maior o tombo. Morales nos Andes. E está no chão o povão brasileiro, essa massa genérica, entidade quase abstrata, diversificada, mas que, por tanto adorar Lula, pode descobrir que não precisa votar NELA para continuar gostando DELE.

Evo e a invenção do fogo da posse!

Texto de Alfredo Herkenhoff