segunda-feira, 24 de agosto de 2009

LULA, alguns amigos e o PMDB

Será hora de dar um crédito a Mercadante (*)


A Suderj informa: Lula já começou a pagar o preço de ser tolerante demais com os intolerantes do PMDB. O povo brasileiro talvez comece a pensar que o presidente Lula merece férias. Se ele emplacar a Dilma Rousseff no seu lugar, não terá férias. Vai presidir a Petrobras e continuará voando de norte a sul, discursando em cada perfuração. Trabalhando muito. O povo talvez lhe queira dar uma derrota como um prêmio, como um descanso para voltar mais forte em 2014.

E muito melhor viajar num Legacy ou festejar o buraco de uma broca no falso Pré-Sal, de um driller aquém da camada, do que não viajar nem de Airbus nem nada, ficar no chão, administrando grandes cidades que a todo instante têm de chorar a perfuração de balas de fuzil e tauros 38 no corpo de jovens brasileiros. Nunca vimos Lula ir a um sepultamento dessa gente humilde. Um voto a menos, temos de pensar nos muitos que ainda temos, pensarão esses políticos...

O problema das parcerias é que são sempre são datadas. Perdem o sentido eventualmente. O PMDB hoje é um Ulisses Guimarães em matéria de votos para Dilma. Só atrapalha. E Lula já é quase o lame duck, Lula só tem mais uns meses de Poder. Na reta final, vai ser só inauguração de obras cosméticas do PAC com muita mídia e aprovação do Supremo Tribunal da Cascata Nacional.


O PMDB, tão forte, só tem força em poucas situações. Por exemplo, no Congresso, onde as raposas regionais se articulam, em especial no Senado, onde as raposas têm mandato de seis anos, e não quatro como na Câmara, são mais velhas e em número menor, o que eleva o preço do apoio às MPs e pequenas reformas do PT, que é o espelho invejoso e continuista do que foi o governo Fernando Henrique, hoje convertido num PSDB invejoso, ou num PT Atucanado, tudo igual.


Além desta situação, o PMDB tem força em eleições regionais. Nas nacionais, não. Basta lembrar que nos anos 90, o líder maior do PMDB, Ulisses Guimarães, foi candidato e, não me lembro bem exatamente, mas não teve nem 1 milhão de votinhos, uma titica os sufrágios recebidos pelo brilhante condottiere da democratização e da Constituinte e que adorava beber com os amigos em Brasília, na chamada República do Poivre.

Portanto, talvez seja hora de dar um crédito ao senador Aluízio Mercadante, que vive um baixo-astral, o chão abrindo aos seus pés. Humilhado e caindo neste abismo da desmoralização, Mercadante, petisa que tem alma de tucano, vai virar um memorialista aos 55 anos de idade, hoje tem 54. Já perdeu o prumo e vai perder o rumo, numa queda vertiginosa ao opróbrio emocional. No ano que vem, sua reeleição é dada como incerta. Massacrado por Lula na reunião de seis horas, será de novo massacrado por Marta Suplicy? A ex-governadora que ficar com a vaga de Mercadante no Senado.


Talvez seja hora de dar um crédito a Mercadante, mas só se o jovem bigodudo senador der uma uma de Marina Silva e explodir num misto de desassombro, ambição e sinceridade.

Desavergonhado, Mercadante só será o que já é hoje, mero confete, mero twitter que ninguém lê sem rir.

O pragmatismo de Lula, a realpolitik, está com o prazo de validade esgotado. O governo de sete anos fez o que? Distribuiu bolsa-família, algo mais violento do que a eleição bico de pena do século 18. Bolsa que é o maior curral eleitoral do continente, curral eletrônico, o envio de merreca para 10 milhões de famílias, garantindo no chute algo em torno de 20 milhões de votos certos. Depois, o curral evangélico, 20 milhões de votos no Brasil, dos quais uns 15 negociáveis como se fossem saco de batata por meia dúzia de pastores dizimistas e milionários, coisa pouca de algumas dezenas de milhões de dólares além de novas concessões.

A companhia dual Record-Igreja Universal do Reino de Deus (RIURD), nas mãos de um ex-funcionário da Loterj, hoje lotado em Miami, também rende a Lula alguns milhõezinhos de votos mediante parcerias abertas ou secretas...

Sobras de campanha saudáveis ou saldáveis?

O problema de Lula é que, tal qual Collor, deixou de ouvir os congressistas. Passou a se julgar acima do bem e do mal, escolheu Rousseff, a búlgara, como sua delfim sem consultar ninguém. do PT e muito menos da Base Aliada. Ba!rbaridade, tchê!

Tudo volta. Collor voltou. O Mensalão pode voltar com força. A perda de credibilidade do Senado, comemorando amanhã uma semana de festejos, o fim da crise com aquele Acordão do Arquivamento Amplo, Geral e Irrestrito, se agravou. A perda não é mais crise, é desmoralização de A a Z.

(*) Correio da Lapa é Surpresinha, pelo menos uma todo dia
Por Alfredo Herkenhoff