Irã, uma semidemocracia num semiprotesto de massa...
Fraude eleitoral?
Faz-me rir...
Correio da Lapa - Notícia comentada (*)
A quase democracia iraniana reelegeu o presidente em meio ao oba-oba na mídia ocidental dando conta de uma possível vitória do candidato de oposição, o semimoderado Mousavie. Este não chegou nem perto. "Adimejá" ganhou em primeiro turno com mais de 60% dos votos e agora se sente autorizado a repetir que não houve holocausto e que ele deve continuar dando apoio em grana e armas a grupos radicais no Oriente Médio, como Hamas e Hezbollah.
Quem manda no Irã é o aiatolá Kamenei. Se o bispo islâmico quiser, manda estudantes de volta às ruas para sequestrar embaixadores e embaixadas, como Khomeiny fez na década de 1970. O fanatismo religioso é a lei. Moousavi teria sido preso neste sábado? E o "oba-oba" ocidental não teria sido uma estratégia deliberada dos Estados Unidos para provocar ânimo na oposição silenciada?
Os protestos da oposição nas ruas e a denúncia de fraude eleitoral feita neste sábado pelo derrotado não parecem consistentes no sentido de causar crise institucional. O Irã vive uma estabilidade política, para sofrimento da minoria que padece na mão do fundamentalismo.
Como provar que houve fraude e anular uma votação num país cujo presidente diz que não houve matança maciça de judeus na Segunda Guerra? Como pedir moderação a um regime que alimentou um sequestro de toda uma embaixada durante quase 500 dias?
É mais fácil Israel inspecionar o programa nuclear iraniano do que Mousavi e Barack Obama juntos provarem que houve fraude. O Irã é uma bomba xiita espalhando ressentimentos por todos os lados. Menos mal que o centro, Teerã, está em calma.
Se jatos de Israel atacarem o Irã, como fizeram 25 anos atrás atacando uma instalação nuclear iraquiana, o mundo inteiro vai sair perdendo. O Irã é a Pérsia, não é país árabe. Eles têm histórico milenar de derrotas e vitórias.
Obama está certo: conversar. E já que o Irã não é mesmo democracia, como a sua vizinha Arábia Saudita aliada de Washington também não é, não custa nada a Obama devolver a mesura e cumprimentar o presidente reeleito pela vitória, como Mahmoud Ahmadinejad fez quando o democrata ganhou a sucessão de George Bush.
A reeleição é fato consumado.