William Waack, Fátima, Bonner, Pelajo, matéria e memória
Ri na noite de segunda-feira, no finzinho do Jornal Nacional, quando o casal William Bonner e Fátima Bernardes entrevistou a dupla, igualmente maravilhosa, William Waack e Cristiane Pelajo, sobre o novo cenário do Jornal da Noite e as novidades da edição que iria ao ar logo depois do filme Se eu fosse você. Ri porque ao ser perguntado se podia dizer novidades da edição, William Waack respondeu que havia uma matéria sobre um novo sistema de internet. Ao ser mencionada a expressão "matéria", Waack e Bonner quase ao mesmo tempo se desculparam e se reprimiram e trataram de dar uma "correção" típica de manual. Não, matéria não, reportagem, Matéria é nosso jargão, nosso jeito interno de ... E enquando Waack tentava prosseguir frisando que o termo era "reportagem", Bonner o interrompia e brincava repetindo: "Matéria, não, matéria não".
Ri porque eram dois craques que não tiveram tempo para descobrir que matéria não é mais um simples jargão. O termo já foi abonado pelos nossos melhores dicionaristas. Por disciplina, Waack e Bonner seguiram ao pé da letra o velho manual. Mas os jargões deixam de ser jargões. MInha empregada doméstica sabe o que é matéria. Meus vizinhos sabem que matéria e reportagem se equivalem em várias circunstâncias do jornalismo.
Pois o incidente informal dos dois dos melhores âncoras do telejornalismo me fez lembrar de mais um livro inédito da minha pequena coleção de obsessões verbais. Produzi um compêndio sobre jargões denominado Glossário de Jornalismo e Dicionário de Apoio. O pequeno trabalho inédito é fruto de uma experiência como secretário do Jornal do Brasil durante quase 20 anos. A seguir a abertura e a parte dos verbetes com a expressão "matéria":