quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lula no Irã: chance para Dilma ou para a paz?

Bom dia, Alfredo. Bom dia, Herkenhoff. Tudo bem? Sim, só que envergonhado, e continuo em dúvidas sobre em quem votar. Hoje, porém, não vou livrar a cara de Lula, a quem atribuo qualidades de estadista no patamar de Getúlio e Pedro II. Será que Lula tirou a bomba atômica do Irã? Fez palanque pró Dilma em Teerã? Ingenuidade ou jogada eleitoreira para o povão pobre no Brasil?
No mesmo dia da foto histórica de Lula e Amadinejad, a China e a Rússia, com Obama, Londres e Paris, anunciam sanções. Nada de embargo ao comércio com o Irã. Só controle militar sobre exportações e importações iranianas. Abrir contêineres da Guarda Revolucionária Islâmica. Blitz logística por terra, ar e mar. Ver se há varetas de isótopo 235 escondidas em tapetes persas enrolados e enroladores. A tradição do Itamarati foi para o brejo. A serenidade de Rio Branco está de luto no céu. Lula virou o Hugo Chávez do Oriente Médio, enquanto a paz corre risco nos costados do Brasil, com Caracas comprando armas e insultando sem papas na língua os governantes de Bogotá e Washington, com as Farc sequestrando e bancando a logística da cocaína, com a Bolívia com um risco intermitente de secessão, a banda de baixo assustada com a altivez dos indios no altiplano num caldeirão capaz de resultar em guerra civil, com uma guerrilha nascente no Paraguai dominado pelo presidente bispo papão de paroquianas. Definitivamente Lula ou vai virar santo e sábio defensor da paz ou enlouqueceu ao achar que acreditamos no que vimos e ouvimos nesses rejúbilos vindos da Ásia Menor. O dia de ontem se assemelhou ao dia em que Lula deu uma entrevista em Paris dizendo que nada sabia do Mensalão e que defendia a punição de eventuais culpados. Lula agora disse que não acredita que os aiatolás queiram bomba nuclear. O Supremo absolveu Collor de todas as acusações não porque os 11 magistrados tivessem dúvidas sobre a honradez do acusado e empichado, mas porque os juízes se atêm aos autos, e as filigranas da tecnicalidade processual superam as certezas políticas. Ah esses juízes supremos que integram num rodízio o TSE qe tirou um médico do poder no Maranhão, médico eleito pelo povo, e botaram a filha de Sarney numa jogada das tais filigranas. Este mesmo colegiado máximo que tirou Cassio Cunha do poder na Paraíba apenas porque ele deu 5 milhões de reais a 35 mil famílias numa bolsa eleitoreira emergencial. Por isso é facil entender por que Collor é ficha limpa. Aliás, sou contra este ideário de ficha limpa, projeto eleitoreiro de tucanos e outros neste 2010. Triste é não ter opção, escolher sempre o menos pior, Cristovam e Ciro, por exemplo. E apesar disso tudo, graças à macroeconomia de Meirelles, e apesar do exagero do bolsa-família provisório, que aliás precisa acabar/mudar para não se configurar como o maior bico de pena eletrônico do novo curral eleitoral digital da história do Brasil, mas ainda assim de qualquer forma, bolsa como um assistencialismo emergencial louvável, enfim, não sei, apesar disso tudo, se Serra é o menos pior. Dê uma chance à paz. Dilma sorri e costura alianças, governa como a terceira pessoa mais poderosa do Brasil, atrás só de Lula e Zé Dirceu, este ainda mandando atrás dos panos. Hoje não voto em Serra não porque ele seja careca e paulista, nem por ser filho de pobre feirante, nem jovem rebelde, nem porque é tão tecnocrata quanto Dilma. Não voto nele pelo mesmo motivo que ainda não voto em Dilma, tão parecida com o ex-governador de São Paulo. Hoje acordei com propensão para sufragar Marina Silva, a jaguatirica do Acre e que acaba de escolher como vice na sua chapa um milionário esclarecido. Mas amanhã é outro dia. Corro atrás das minhas contradições enquanto discorro sobre o ocorrido que ainda não foi assimilado por nós. Conto com a sua compreensão, facefriend e internautas que me vêem vomitando no Correio da Lapa. Se eu estiver errado, o Flamengo não vai arrancar amanhã uma façanha heróica em Santiago do Chile. Respiro
Libertadores enquanto Lula me dá bofetadas com este estilo Sargento Garcia na política externa.

Por Alfredo Herkenhoff