O problema do presidente Lula é que não existem muitos quadros emblemáticos no seu PT. Lula é um poder personificado, o operário sem diploma diplomado pelo Supremo. Dilma Rousseff tem esse lado midiático: é mulher, seria a primeira na Presidência, é ex-guerrilheira, passou pela prova dos nove de respeitar a macroeconomia de Fernando Henrique perpetuada pelo Banco Central sob chefia de Henrique Meirelles. Dilma passou pelo crivo da Casa Civil na crise com a cassação de José Dirceu do Mensalão. Dilma já deu provas na vida pessoal e na política: é uma pessoa que evolui, amadurece, ganha canja, negocia, busca objetivos, conquista-os. Dilma tem cacife como emblema. O jogo de cintura talvez não seja lá essas coisas, mas está na passarela, e evolui.
Dilma Rousseff, se eleita for, que garantia vai dar de que não toparia aumentar a cesta básica de Natal? Aumentar a bolsa-família? Cheque-família? Vaselina-família? E logo em seguida promover na marra um plebiscito qualquer? Não parece que a ministra-chefe da Casa Civil vá lançar mão de um expediente baixo e típico do chavizmo. Não daria uma de Heleninha do Paiol...
O PT, depois do Mensalão, aprendeu muita coisa. O processo é midiático. Cumpra-se a determinação do Supremo. Collor de Melo foi absolvido pelo Supremo depois de destituído e cassado pelo Congresso. E não deu ele apoio a Lula? Então merece um abraço de Lula em Maceió.
Por Alfredo Herkenhoff