sábado, 18 de abril de 2009

Fantasma na Somália com Lula e Obama (2)

Pirataria no Chifre da África me envolve de modo pessoal


Sou o mitológico Fantasma autêntico. Sou mortal. Não tenho superpoderes. O mundo da selva e das cidades me tomam como o eterno Espírito que Anda, apenas porque venho de uma dinastia que se perpetua na discrição e na repetição, tanto no mato quanto em qualquer metrópole. Minha vida é um segredo por natureza. Nem às pessoas do bem costumo revelar o endereço da Caverna da Caveira, meu palácio.

E, de pai para filho, vamos mantendo o padrão ao longo dos séculos. Até nossos cachorros de família são sempre Capeto e passam pelo mesmo processo de discreta perpetuação.

Mas sou humano, demasiado humano até, e apenas cultuo habilidades físicas e mentais para sobreviver com o meu estilo de vida. Sinto as mesmas coisas que todo mundo sente. Tenho por exemplo saudades da Vovó Diana Palmer.

A questão específica agora é a pirataria no Chifre da África, e ela me envolve de modo praticamente pessoal. Segredos passam a ser revelados com a crise no mar tão próximo. Existe, entre esses piratas, até parente próximo dos pigmeus que vivem nas redondezas da minha caverna em Bengala. A pirataria tão perto incomoda particularmente porque mostra que a economia cruel da globalização atingiu também as proximidades da minha casa tão agradável. E pirataria está na raiz da saga da família Fantasma.

Eu vinha até desistindo de minhas obrigações ancestrais e estava torrando a minha herança de diamantes e esmeraldas mundo afora, disfarçado não mais de filho e neto de Papai e Vovô Cristopher Walker, mas de uma espécie de agente duplo sem função no mundo rico da inteligência. Minha fortuna pessoal garante a dinastia, garante a minha casa, mas não pode resolver enormes questões regulatórias da economia em crise mundial.