Brasil pode assistir a uma revolução no guarda-roupa. Camisa rubro-negra com a marca Petrobras vai para a gaveta dos torcedores saudosistas e colecionadores. Taça Rio, primeiro título da era pós-Petrobras, ou primeiro da era pré-próximo patrocinador?
O futebol pega fogo com o Flamengo pegando fogo com o Botafogo nas três partidas da decisão do Campeonato Carioca.
A Fórmula 1 pega fogo com as três primeiras provas marcadas por novas tecnologias, dois temporais, resultados surpreendentes e os favoritos fora dos primeiros lugares. Novatos como o piloto Sebastian Vettel e vetustos como o Rubens Barrichello dando o que falar com pontuação que ninguém acreditava possível um mês atrás. A crise financeira internacional fez bem à maior competição do automobilismo.
O Fla e o Fogão, em crise de grana sem precedentes, fazem sucesso total na mídia, na rua, emoções e discussões amenas ou acaloradas, mas sempre numa confraternização infinita.
Já a Petrobras, meu Deus, a maior empresa e a mais querida do Brasil, parece fora do marketing. A Petrobras está fora do Flamengo, está fora da Fórmula 1, está fora da visibilidade maior do marketing. Divulga planos mirabolantes sobre as jazidas do Pré-Sal como se fosse futuro imediato, quando nada vai acontecer ali pelo menos na próxima década.
Se o Flamengo vencer o Botafogo na decisão do Carioca, e se a Petrobras não puder chegar, sem culpa dela, a um acordo com a Gávea, o que é bem provável, vamos com certeza assistir à maior revolução de guarda-roupa na história do Brasil.
Já na noite de domingo, o papo da celebração do torcedor era o gol contra feito por Emerson, do Botafogo, que deu ao Flamengo a Taça Rio, e um jeito do torcedor arrumar uma nova camisa rubro-negra já sem as marcas do óleo Lubrax nem com a da querida Petrobras. Ou como arrumar uma camisa com o próximo patrocinador master...
Você quer ver o time mais querido com mágoa da empresa mais querida? E o pior que tudo isso não é culpa da Petrobras. Não é para se ter raiva pois a Petrobras não refugou numa relação com o Flamengo. Apenas a Gávea não conseguiu a certidão negativa de um imposto municipal, que aliás, nenhum clube consegue, é uma briga antiga. Os clubes não se sentem obrigados a recolher.
O triste nessa crise do Flamengo e crise da economia no mundo é que a Petrobras e o clube se vêem impedidos de renovar os laços justo em 2009, ano que marcaria as bodas de prata da parceria, iniciada em 1984. Em 2009 o Flamengo tenta ser pentatri, é o único clube tetratri do Carioca. No período da Petrobras, o Fla conquistou o tri de 1999 a 2001.
O Flamengo patinou entre valores de 13 a 18 milhoes de reais nos patrocinios anuais, aqui valores jogados grosso modo, de vaga lembrança residual, sem pesquisas nem confirmações. Mas para se ter uma ideia de comparações, apenas para o Grupo Corpo, que tem uns 15 ou 20 bailarinos, uma companhia de uns 30 profissionais, a estatal dá anualmente algo na faixa dos R$ 4 milhões. Claro, o Grupo Corpo é o melhor balé do Brasil. E tem que ensaiar o ano inteiro. Mas e os 35 milhões de brasileiros que torcem para o Flamengo? Meu Deus, há algo errado no ar e a gente quer saber como funciona essa burocracia prejudicando a Nação e a empresa, duas instituições entre as mais queridas do Brasil.
O Flamengo é para ontem. O Flamengo é para sempre. Uma vez Petrobras, Flamengo até morrer...