Era o magro mais obeso, o afinado mais grosso, o batata mais afilado, o sorriso mais triste, a denúncia profunda mais rasa. Ganhava rios de dinheiro para dever mais. Tomava rios de remédio para adoecer mais. Dançava a suavidade mais brusca dos gestos. Assustava as crianças que tinha em si sempre a se lançar no abismo das cidades. Não tinha noção do terror porque era todo comédia, qual primeiro Peter Pan no rancho fundo da felicidade. Rei do Pop, herdeiro do obeso mais magro, do Memphis menos racista, do belo mais horrível. do sensual mais aputalhado, do branco mais negro como o negro mais branco. E agora ambos são nuvens da história das primeiras páginas que jamais dizem uma verdade. Jamais aquela que o coração não vê, aquela que é esta: a de que ambos não morreram. Ambos são escambos, se deram, se trocaram, se maquiaram, se fantasiaram como as crianças que não mais eram, mas que jamais deixaram de ser na cabeça vazia do sucesso. Aconteceram porque têm que acontecer. Como Sérgio Sampaio, música no ar, de Real Beleza, ambos agora como o mais maldito dos capixabas, agora os Três Reis são lembranças que foram se fazer de modernos no encontro com Deus.
Por Alfredo Herkenhoff, fã dos três e amigo pessoal do saudoso capixaba
Por Alfredo Herkenhoff, fã dos três e amigo pessoal do saudoso capixaba