quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Veríssimo: diálogos do humor

Sugestões enviadas de Vitória ao Correio da Lapa por FH Vieira.


Como pedir uma pizza em 2020

* Telefonista: Pizza Hot, boa noite!

* Cliente: Boa noite! Quero encomendar pizzas...

* Telefonista: Pode me dar o seu NIDN?

* Cliente: Sim, o meu número de identificação nacional é 6102-1993-8456- 54632107.

* Telefonista: Obrigada, Sr.Lacerda. Seu endereço é Avenida Paes de Barros, 1988 ap. 52 B, e o número de seu telefone é 5494-2366, certo? O telefone do seu escritório da Lincoln Seguros é o 5745-2302 e o seu celular é 9266-2566.


* Cliente: Como você conseguiu essas informações todas?

* Telefonista: Nós estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.

* Cliente: Ah, sim, é verdade! Eu queria encomendar duas pizzas, uma de quatro queijos e outra de calabresa...

* Telefonista: Talvez não seja uma boa idéia...

* Cliente: O quê?

* Telefonista: Consta na sua ficha médica que o Senhor sofre de hipertensão e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a sua saúde.

* Cliente: É você tem razão! O que você sugere?

* Telefonista: Por que o Senhor não experimenta a nossa pizza Superlight, com tofu e rabanetes? O Senhor vai adorar!

* Cliente: Como é que você sabe que vou adorar?

* Telefonista: O Senhor consultou o site 'Recettes Gourmandes au Soja' da Biblioteca Municipal,dia 15 de janeiro, às 4h27minh, onde permaneceu conectado à rede durante 39 minutos. Daí a minha sugestão...

* Cliente: OK está bem! Mande-me duas pizzas tamanho família!

* Telefonista: É a escolha certa para o Senhor, sua esposa e seus 4 filhos, pode ter certeza.

* Cliente: Quanto é?

* Telefonista: São R$ 49,99.

* Cliente: Você quer o número do meu cartão de crédito?

* Telefonista: Lamento, mas o Senhor vai ter que pagar em dinheiro. O limite do seu cartão de crédito já foi ultrapassado.

* Cliente: Tudo bem, eu posso ir ao Multibanco sacar dinheiro antes que chegue a pizza.

* Telefonista: Duvido que consiga! O Senhor está com o saldo negativo no banco.

* Cliente: Meta-se com a sua vida! Mande-me as pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que entregam?

* Telefonista: Estamos um pouco atrasados, serão entregues em 45 minutos. Se o Senhor estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportar duas pizzas na moto não é aconselhável, além de ser perigoso...

* Cliente: Mas que história é essa, como é que você sabe que eu vou de moto?

* Telefonista: Peço desculpas, mas reparei aqui que o Sr. não pagou as últimas prestações
do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga, e então pensei que fosse utilizá-la.

* Cliente: @#%/§@&?#>§/%#!!!!!!!!! !!!!

* Telefonista: Gostaria de pedir ao Senhor para não me insultar... Não se esqueça de que o Senhor já foi condenado em julho de 2006 por desacato em público a um Agente Regional.

* Cliente: (Silêncio)

* Telefonista: Mais alguma coisa?

* Cliente: Não, é só isso... Não, espere... Não se esqueça dos 2 litros de Coca-Cola que constam na promoção.

* Telefonista: Senhor, o regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 3095423/12, nos proíbe de vender bebidas com açúcar a pessoas diabéticas...

* Cliente: Aaaaaaaahhhhhhhh! !!!!!!! Vou me atirar pela janela!!!!!

* Telefonista: E machucar o joelho? O Senhor mora no andar térreo!

(Luiz Fernando Veríssimo)
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Desestressando

Um grupo de jornalistas batia papo num bar de Brasília, quando o João
Batista surpreendeu a todos ao dizer que estava com saudades da "ditadura".

Logo ele, que passou por "maus momentos" durante os governos dos
Generais. Mas logo explicou os seus motivos:

-Nos tempos da "ditadura", a gente podia acelerar os nossos Mavericks a
120 km, sem a delação dos radares e "pardais".
Mas não podia falar mal do Presidente da República.

-Podia cortar a goiabeira do quintal, empestiada de taturanas, sem medo
de ser preso, acusado de crime ambiental.
Mas não podia falar mal do Presidente.

-Podia tomar aquela cervejinha no final do expediente e dirigir o carro
para casa, sem risco de ir para cadeia como delinqüente.
Mas não podia falar mal do Presidente.

-Podia-se dispensar eufemismos hipócritas para falar de raças, credos ou
preferências sexuais, sem medo de um processo por discriminação.
Mas não podia falar mal do Presidente.

-Dava para fumar nos bares e restaurantes.
Mas não podia falar mal do Presidente.

- Galanteavam- se as meninas sem medo de processo por assédio sexual.
Mas não podia falar mal do Presidente.

Hoje, disso tudo, uma das únicas coisas que a gente pode fazer sem risco de ir para
cadeia é esculhambar o Presidente. A troca me parece injusta! Que saco!