quinta-feira, 1 de outubro de 2009

China, 60 Anos de Comunismo: Monumental

Mulheres das Forças Armadas participam do desfile militar. Foto: Reuters


A China celebrou na manhã desta quinta-feira, 1, os 60 anos da Revolução Comunista com a demonstração de seu novo poderio militar, em um show midiático concebido para impressionar tanto o público doméstico quanto internacional. A parada teve a participação de 5.000 soldados, 540 tanques e 150 aviões de combate. Dezenas de mísseis terrestres, marítimos e aéreos foram exibidos sobre os veículos. Das armas apresentadas, 90% eram exibidas em público pela primeira vez.


Transmitido por inúmeras câmeras de TV em uma manhã ensolarada, o espetáculo começou com a entrada triunfal do presidente Hu Jintao em carro aberto na avenida em frente à praça Tiananmen e a Cidade Proibida. Em um dos inúmeros simbolismos que marcaram a festa, Hu vestia o mesmo modelo de terno chinês celebrizado por Sun Yat-sen, o herói da revolução republicana de 1911, e por Mao Tsé-tung.



A cerimônia da bandeira na Praça da Paz Celestial nesta quinta-feira, trechos do desfile, os fogos, os dirigentes, legendas em inglês...

A entrada de Hu foi mostrada nos imensos telões digitais montados para o evento e recebida por um "oh!" da plateia de convidados que ocupavam as arquibancadas. Hu passou em revista as tropas perfiladas na avenida, enquanto os 80 mil estudantes que ocupavam Tiananmen desenhavam no chão dois enormes caracteres que significavam "longa vida à China", que só podiam ser vistos na TV, a partir das inúmeras câmeras aéreas distribuídas na praça ou das colocadas em helicópteros.


Depois de passar as tropas em revista, o presidente da China discursou do mesmo portão de entrada da Cidade Proibida de onde Mao anunciou a fundação da República Popular da China há 60 anos. Hu Jintao prometeu buscar o estreitamento dos laços do país com Taiwan.


O desfile militar foi realizado apenas no trecho da avenida próximo da praça Tiananmen, onde estavam as autoridades do governo chinês, os convidados e os jornalistas. A população de Pequim foi orientada a ver o evento pela televisão, "do conforto de seus lares".


Abaixo de Hu estava o retrato de Mao que desde os anos 70 marca a entrada da Cidade Proibida. Em frente a ele, no centro da praça, havia um retrato de Sun Yat-sen. Nas pinturas, ambos usam o mesmo modelo de terno ostentado por Hu ontem. O presidente lembrou a Revolução de 1949 e afirmou que a "China socialista hoje marcha em direção à modernização e abraço o mundo e o futuro".



A estética do realismo socialista deu o tom do desfile civil que ocorreu depois da parada militar. Estátuas de operários e camponeses com olhar confiante eram levadas sobre caminhões, enquanto os 100 mil participantes do show apresentavam suas coreografias. Um enorme retrato de Mao Tsé-tung abria o desfile, seguido de imagens dos líderes que o sucederam no comando da China - Deng Xiaoping, Jiang Zemin e Hu Jintao. Desde o amanhecer, os soldados que participaram da parada ensaiavam os movimentos sincronizados para os quais se prepararam nos últimos quatro meses.



Paradas militares de tons patrióticos costumam ser realizados para plateias entusiasmadas, mas a obsessão do governo chinês com a segurança transformou o aniversário dos 60 anos em uma festa sem povo. O evento foi visto ao vivo por cerca de 30 mil convidados, entre autoridades chinesas e estrangeiras, jornalistas e representantes de moradores da região da praça Tiananmen.

Festa no ano passado para o Exército Vermelho, o maior e o mais disciplinado do planeta