quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Gordon Parks, o dono da foto que mostrou a miséria do Rio de Janeiro ao Mundo


Desde a morte de Gordon Parks (foto acima), em 2006, uma retrospectiva de sua obra tem percorrido várias capitais americanas. A exposição Bare Witness: Photographs by Gordon Parks foi organizada pelo Iris & B. Gerald Cantor Center for Visual Arts da Stanford University.

São cerca de 70 fotos selecionadas pelo próprio Parks, que morreu de câncer aos 93 anos de idade e foi o primeiro fotógrafo negro da revista Life, tendo nela trabalhado da década de 40 até os anos 70.








Parks, nascido em 1912, no Kansas, deu os primeiros cliques ainda nos anos 30, e também fez cinema, dirigiu Shaft. Clicou de tudo, tornando-se profissional no início dos 40. Documentou a pobreza logo ao término da Grande Depressão. Fotografou também o grand monde, das passarelas da moda em Paris a artistas de cinema e teatro, políticos e esportistas.


E fez muito fotojonalismo, documentando desde o racismo nos EUA ainda com segregação formal a ambientes de miséria na África, no Brasil e no Harlem.

O legado das fotos de negros americanos é visto hoje visto como contribuição vital para o vitorioso movimento civil que teve em Martin Luther King a maior liderança.


No Rio de Janeiro, por exemplo, em 1961, Parks fotografou um menino (foto logo abaixo) com tuberculose na Catacumba, então uma favela na Lagoa Rodrigo de Freitas. A imagem do menino Flávio da Silva dialogando com a morte, e num contraponto com a imagem do Cristo Redentor, e ele ainda tendo de cuidar de uma penca de seis irmãos pequenos, enquanto seus pais saíam para ganhar merreca no subemprego, salvou-lhe a vida. Os americanos fizeram uma campanha de doações para a família. O garoto foi capa da Life. A reportagem foi intitulada
“Uma Família das Favelas do Rio – A Miséria, Inimiga da Liberdade”. Flávio foi citado como "Menino que leva o peso do mundo nas costas".

Essas poucas imagens aqui jogadas ao léu não deixam o Correio da Lapa mentir:

Gordon Parks era uma figura elegante, sempre simpatia, boa prosa, fineza total, tendo sido amigo e confidente da atriz e socialite Gloria Vanderbilt, que lançou, recentemente, aos 85 anos de idade, um romance pornô ou erótico (ver texto postado ontem, 5 de agosto, neste Correio da Lapa logo abaixo).

Texto de Alfredo Herkenhoff

Fim