Há 11 meses, fechava a Tribuna da Imprensa; há uns sete meses, fechava a Gazeta Mercantil. Até o Natal deste 2009, devemos ver o fim de vez do Jornal do Brasil. O Globo, que hoje parece hegemônico, também caminha a passos largos para a extinção, e não é pelo mesmo motivo de má qualidade, nem por falta de concorrência ou por excesso de jactância, O Globo está morrendo mas por perda de utilidade relativa. Nesse ambiente, o The New York Times também está acabando.
Antes de imprimir, pense em sua responsabilidade com o MEIO AMBIENTE.
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Vá te catar, porquinho automático...
EDITORIAL
Antes de comprar um jornal, pense: o The New York Times, em média umas 80 páginas por dia, e num sábado e num domingo as páginas aumentam... Mas, vamos lá: 100 páginas em média por dia ao longo de um mês, e o belo NYTimes vende, todo mês, a cada dia, 950 mil exemplares ou hum milhão de exemplares.
Assim, você calcula: folha standard, aquela grandona, anúncio grandioso, de página inteira, não importa, pense: toda vez que sai um anúncio assim, seja da Nokia, da Dolce & Gabana, ou de um perfume francês, não importa, cada página inteira do The New York Times significa: 1 milhão de páginas iguais por dia. Mas não me interessa as outras 79 páginas. Na verdade, o que conta são os números. Oitenta páginas de uma edição de terça-feira, no The New York Times, significa que são 80 milhões de páginas impressas naquela terça-feira.
Bem, pegando o fim de semana, temos na média diária mensal, um jornal de 100 páginas, ou, ao cabo de cada mês, 100 milhões de páginas impressas a cada dia, significando que é preciso multiplicar tudo aquilo por trinta: cada página, seja anúncio da Nokia, seja notícia da Casa Branca, são 100 milhões de cada página por dia, o que, multiplicado pelos 30 dias do mês, dá 3 bilhões de páginas impressas, apenas pelo jornal de Manhattan. E assim, apenas num mês de outubro, que está acabando, o prestigioso diário NYT imprime 3 bilhões de páginas por mês... Onde você quer chegar?
Chego lá: se o The New York Times imprime cerca de 40 bilhões de páginas por ano, calculo: cada folha tem duas páginas, verso e anverso, então o número não é tão alto: são apenas 3 bilhões de páginas por mês, ou 1 bilhão 500 milhões de folhas por mês.
Se cada conjunto de duas folhas, ou quatro páginas, pesa 10 gramas, ou pouco mais, ou pouco menos, o peso de uma impressão mensal do The New York Times significa um caos ambiental: árvores plantadas e derrubadas no Canadá, na Suécia, Finlândia, no Brasil, no Paraná, Aracruz Capixaba etc e até na Austrália.
Ler jornal significa, além de ser informado, formado e enganado, uma perda de tempo e perda de árvores.
Por isso, eu poderia dizer alhos e bugalhos e o cacete a quatro, ou cassetete à tête a quatro: a mídia impressa é fenômeno do Século 19, que ultrapassou o Século XX, adentrou agora neste novo milênio, mas não escapa da juventude nem da verdade: não precisamos de 3 bilhões de páginas impressas ao mês apenas por um grande jornal americano.
A garotada está no Google.
Se o The New York Times ainda tem este poder de destruição ambiental, imagine O Globo, a Folha de S. Paulo o o Estadão... Morreram, e ainda não se deram conta.
Sem televisão, o matutino carioca acabaria em 1, 2 ou 3 anos, como acabaram o Jornal do Brasil, a Tribuna da Imprensa, Gazeta Mercantil, O Dia etc. Ou seja, quem lê somos nós, os últimos velhos de uma era impressa.
O grande jornal impresso, graças a um conjunto de mídia eletrônica, sobrevive, mas apenas como um resíduo, um detrito, uma bobagem, uma inutilidade, um hábito, uma mania dos mais velhos.
Um diário impresso está para informação assim como um reles funcionário público está para a produção econômica: Existe, produz, mas não engana ninguém. Um e outro são subprodutos do passado. Claro, jornal e servidor continuarão servindo, são essenciais. No futuro, jornal impresso em tiragem menor, funcionário do Estado, apenas para gerenciar a própria pequenez no quadro real da economia: normas e impostos, nada mais de cabidão das dinastias mentirosas e parasitárias.
Não leio o The New York Times, e, a cada dia, menos gente sente necessidade de ler este jornal. Ninguém mais lê o Jornal do Brasil, e, a cada dia, mais e mais gente nem se dá conta de que o Jornal do Brasil não faz falta. Já o Globo, contaminado pelo mesmo quadro, também deixará de ser lido avidamente em breve, e o motivo é simples: não faz falta. A mídia impressa morreu, mas ainda tem uma força para achar que, qual teatro diante do advento do cinema, do rádio e da TV, resistirá.
O fato de ter resistido até agora não é garantia de que a morte não sobreveio: a mídia impressa é um serviço supérfluo para pessoal mais velho, principalmente gente que não se deu conta de que as contas são de chegar: ainda existe em tiragem decrescente, mas já morreu. Existe como hábito, vaidade e subproduto de novas mídias eletrônicas administradas no velho esquema de tráfico de influência.
Por Alfredo Herkenhoff, do Correio da Lapa