Internauta ataca David Goldman e diz que defesa de seu direito à guarda do menino, aqui publicada, é um texto com um conteúdo pavoroso
A pessoa que escreveu ao Correio da Lapa pediu anonimato por temer parecer anti-semita. Esta pessoa fez considerações patrióticas no caso que conhece bem por conhecer a própria famlíia de Sean. A mãe brasileira de Sean, Bruna, morreu há seis meses. O padrasto, advogado Lins e Silva, luta pelo direito de manter a posse da criança. O texto de autoria anônima, postado logo depois deste editorial, por seu tamanho, complexidade e emoção, em vez de sair como carta ou comentário, ganhou formato de artigo e polêmica.
Mas, antes, algumas considerações sobre este violento ataque a David Goldman. Os destaques no texto foram feitos pela própria pessoa que, com toda a clareza, costurou reflexões de patriotismo e disse que não existe qualquer vestígio de idoneidade moral na personalidade do pai verdadeiro, que seria um verdadeiro 171. Essa pessoa que escreveu se confundiu ao negar que a criança tivesse sido "sequestrada", termo que a primeira matéria do Correio da Lapa jamais utilizou. O direito do pai verdadeiro não depende desse mérito de idoneidade moral.
Asssim como o texto anterior do Correio da Lapa, divulgado na segunda-feira, foi cruel e ferino contra Lins e Silva, o texto desta terça o é contra David Goldman, nas palavras de autoria sob anonimato. Mas, para o Correio da Lapa, o pai verdadeiro podia ser padre, ateu, judeu, muçulmano, comunista, gay, ladrão como Madoff, gay ou milionário, podia ter outra mulher e com mais dez filhos. Nada mudaria o direito sagrado que lhe conferiu a vida. Sendo David o pai verdadeiro, Sean é um filho legítimo seu. Do mesmo modo, o padrasto Lins e Silva, por mais digno, honesto, amoroso, honrado e trabalhador que seja, é cruel com a Justiça, cruel com os Direitos Humanos, cruel por se negar, embora seja profissional das leis, a aceitar o direito elementar de pai verdadeiro com filho verdadeiro.
Se David quer Sean, e luta por ele, tem plenos direitos. Botar patriotismo, cultura judaica, preconceito de brasileiro contra americano, e preconceito de americano contra brasileiro, é tudo cortina de fumaça. Não se trata de um caso de status social, refinamento, boa educação, bom emprego, posses ou malandragem. Trata-se de um caso de um pai que tem direito de recomeçar a vida com o seu filhinho distante...
Um longo parêntese sobre convívio com judeus
David tem direito por mais irresponsável que possa ter sido no passado. Que fique bem claro, no meia dessa confusão, que agora envolve, além de patriotismo, preconceitos de religião e cultura: o sobrenome do editor do blogue jornal Correio da Lapa, Alfredo Herkenhoff, este que vos escreve, é alemão. Mas o editor é brasileiro e tem ascendência italiana também , dupla cidadania... Aquela coisa toda de consulado... E é católico, apostólico, romano e ligeiramente pecador. Estudou na Universidade Católica -PUC-Rio - convivendo com amigos judeus. Admira a cultura judaica. Mas detesta quando Israel bombardeia crianças sabendo que o faz e justifica matar dezenas delas de uma só vez por estar perseguindo guerrilheiros fundamentalistas que, embora errem no ideal fanático de destruir uma nação, acertem na luta por direitos elementares a um território livre. Por isso que por mais que Israel tenha jatos sofisticados, no chão a guerrilha floresce nos corações das crianças árabes... E a questão demográfica se agrava para Tel Aviv, porque as famílias árabes em Jerusalém estão se reproduzindo como se fossem coelhinhos... Bem! Como será a convivência entre árabes e judeus naquelas bandas da Palestina ninguém sabe, nem Barack Obama.
Sem fundamentalismo, sem patriotismo, sem sionismo, sem anti-semitismo. Por mais malandro e mentiroso que David possa ser, segundo seus adversários, apenas tem direito de pai verdadeiro. A tese da defesa de seu direito aqui no Correio da Lapa nada tem a ver com nacionalidade nem religião. Como será a convivência entre David Goldman e o brasileirinho-americano, também ninguém sabe... Eppur si muove... Malandro? Mas tem pleno direito a reaver a guarda de Sean...