sábado, 16 de abril de 2011

Na Itália, só os deputados não têm vergonha de Berlusconi Parte 4 de 5


Por Alfredo Herkenhoff
Correio da Lapa – Rio de Janeiro, 16/04/2011
 
Na Itália, só os deputados não têm vergonha de Berlusconi

Parte 4 de 5

 Esta semana, o Parlamento italiano aprovou por 314 votos a 296 uma nova lei especificamente para livrar Silvio Berlusconi da condenação de um caso de corrupção ocorrido na década de 90. Os deputados aprovaram uma redução do tempo de prescrição de processos para réus primários. Berlusconi é ficha-limpa.

 Como a Justiça italiana é das mais lentas do mundo - e aliás Rui Barbosa dizia: justiça lenta é injustiça, Berlusconi foi protelando, procrastinando e tal. Mas mesmo lenta essa justiça, estava claro no rito jurídico italiano que o presidente seria condenado por suborno em menos de um ano. O caso envolve o pagamento que Berlusconi fez, de 600 mil dólares, para o advogado inglês David Mills cometer perjúrio, falar coisas a favor dele num tribunal que inocentou o réu milionário.

 O que fizeram agora os deputados? Reduziram a prescrição a toque de caixa, interromperam o jogo aos 30 minutos do segundo tempo. O caso Mills iria prescrever só em 2012. Dava tempo para Berlusconi receber sentença em poucos meses. Agora o processo vai prescrever em maio. A mudança da lei está no Senado, onde o chefão tem maioria folgada.

 Berlusconi passou de quarta-feira ate ontem comemorando. Seus jornais e TV mostram isso: a felicidade. Hoje, sábado, ele deve estar armando mais uma festinha. Ele não está nem aí para o que dizem os jornais de oposição.

 Os italianos, a propósito são voyeurs, e a tiragem desses veículos esquerdistas ou liberais tem aumentado com o Rubygate, também chamado escândalo Bunga Bunga, que praticamente passa ao largo da TV aberta.

  O Parlamento está humilhando os constitucionalistas e os juízes, está punindo os investigadores e a polícia, está envergonhando o país dentro e fora da Itália. Mas os políticos não estão envergonhados.
(continua)