quarta-feira, 10 de junho de 2009

Korea Jong, pathos, suicide machine, nuclear Jones

Hecatombe anunciada?

Vem mais bomba aí!

Confaternização iminente com o Sul depois que o Norte descobrir que Kim Jong il está nu?

Correio da Lapa: NOTÍCIA COMENTADA *

A Coreia do Norte ameaçou usar armas nucleares de forma “ofensiva" e "sem misericórdia” se for provocada. A retórica, 24 horas depois de Moscou advertir
que Pyongyang prepara para as próximas horas novas surpresas em matéria de testes de armas proibidas, não tem precedentes. Agora o adjetivo é "ofensivo" para o arsenal nuclear.

O ditador Kim Jong (foto à direita) é filho do falecido ditador Kim Sung (à esquerda) - os dois
têm um "il" misturado nos nomes, ou um "II," isto é, dois eles maiúsculos, ou dois numerais "1", isto é, II em algarismo romano, mas não importa o parentesco ou ou a grafia. Kim, nome de família, é Jonguinho, é filho de Kim Sung, que é Kimzão. Então Jonguinho também é Kimzinho. A propósito, quando foi acertada a trégua na Guerra das duas Coreias, em 1953, depois de mais de 3 milhões 500 mil mortos em três anos de conflito, o Kimzinho tinha apenas 11 anos de idade. Ele é tão filhinho de papai, mas tão filhinho de chocadeira que está sempre cercado de soldadinhos e soldadinhas de chumbo, artificiais, soldados não-individuais. Um dos países mais pobres do mundo, a Coreia do Norte tem o quinto maior exército do planeta. O motivo é simples: lá todo mundo é igual, o igualitarismo comunista fez de todo habitante um só povo do exército.
Analistas consideram Kimzinho o mais misterioso chefe de Estado da atualidade. No poder desde 1994, quando seu pai Kimzão il Sung morreu, Kim Jonguinho se presta a essas jocosidades meio descabidas à distância. No Programa do Jô, por exemplo, as jornalistas-meninas do apresentador comparam Kimzinho ao brilhante compositor Chico Cesar. Mas com boa vontade, sem nada de semelhança física, Jonginho parece pertencer àquela galeria dos suicidas, uma espécie asiática de Pastor Jim Jones, aquele do suicídio coletivo na Guiana.
A Coreia como um todo tem uma estranha tradição de suicidio. Nada como o haraquiri nipônico. Jovens sul-coreanos, por exemplo, se matam como nenhuma outra juventude no mundo o faz apenas porque não passaram num teste qualquer importante para a família, um vestibular local. Eles se matam quando se frustram. É um pathos social. A Coreia do Norte está perto deste momento crítico de frustração. o que preocupa seus vizinhos chineses e Rússia. Aliás, a fronteira da Rússia parece um apendicite no Norte da Coreia do Norte.. E temos ainda no stalinismo deles aquela imagem de exército-dominó, de soldadinho de chumbo, pelo peso e pela estática, quando cai um, caem todos, quando morre um, morrem todos.
Dos 3 milhõees 500 mil mortos na guerra do início dos 50, a maior parte foi baixa inútil, um disfarçado suicídio de trincheiras de Guerra Fria, no fundo assassinatos de impossibilidades, enteléquias militares, impasses de logística populacional.

Abelhas, formigas, cardumes de águas-vivas das mais venenosas. A Coreia do Norte é um bunker sem comida no subterrâneo, apenas repolho além de oito ou nove bombas nucleares na superfície.

Ninguém sabe ao certo qual a solução. Mas todo mundo reza em dúvida. Talvez seja Barack Obama, talvez a internet. O dominó vai cair, quanto a isso não há dúvidas, mas ningum sabe como, se com sangue farto nas baionetas, se no sol da meia-noite esturricando coletivamente o dominó social militar, ou se na explosão da liberdade, com emoção e reencontro e abraços de parentes do Norte e do Sul. A Coreia do Norte é uma espécie de Nordeste cheio de bombas em vez de peixeiras.
Talvez Obama contribua para que o regime caia na confraternização, mostrando que o velho Kim il Sung não tinha sunga, e o filhinho Kimzinho Jong não tem xongas, nada para ensinar a ninguém, palhaço do papai, cara de malandro, arruaceiro da política internacional.

Jonguinho se sente entrando numa briga de cachorro grande

Os coreanos têm qualidades maravilhosas, mas, meu Deus, o que faz a falta de liberdade! Basta uma ditadura em família, uma dinastiazinha de nada para aniquilar uma ou duas gerações inteiras. Quanta dor nesse regime que cultua o fanatismo da desinformação.

O último imperador do planeta agora assume que seu objetivo é ser cachorro grande, com poder de dissuadir qualquer líder internacional por causa de testes subterrâneos com bomba atômica em 25 de maio. Falando em líder, uma lembrança: o apelido de Kimzinho é "Querido Líder".

Kimzinho, ventríloco do pai oco, agora pode dar uma de cachorro grande sim ao dizer: “Nossa dissuasão nuclear será um forte meio de defesa... E também uma ofensiva sem misericórdia,um ataque retaliatório àqueles que tocarem na dignidade e na soberania do país”, anunciou a agência Central Coreana de Notícias em nome do filhinho soberano.
Mas que ninguém esqueça o que o Correio da Lapa lembra: lá, eles comem cachorro literalmente.

* Por Alfredo Herkenhoff

Nota do Correio da Lapa: nesta quarta-feira, nesta edição do CdL, amplas reportagens sobre o Airbus da Air France e sobre 10 de junho como data histórica de 1942 para a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, data de uma espécie de desembarque na Normandia da liberdade na Praia da Ditadura de Getúlio Vargas. Corra o mouse, está tudo logo a seguir aí abaixo...