Quais as implicações políticas da mudança sugerida pelo governo?
No regime da partilha, defendido pelo governo, a participação do Estado na indústria do petróleo é significativamente maior do que no regime de concessão atualmente adotado.
A equipe do governo Lula diz que a medida é essencial para garantir que as riquezas geradas por essa indústria fiquem no país - e que sejam ainda maiores, suficientes para financiar grandes investimentos.
Grande parte dos especialistas, no entanto, argumenta que a ingerência do Estado nesse mercado pode gerar corrupção e uso das riquezas para fins eleitorais.
No caso específico do presidente Lula, existe a crítica de que o pré-sal esteja sendo usado como uma das bandeiras para a eleição da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
O diretor da CBIE, Adriano Pires, diz que a mistura de petróleo com política costuma gerar "desconfianças" e "casos reais de mau uso da riqueza".
"A mistura de política com petróleo não tem nos dado exemplos positivos ao longo da história", diz Pires.
Ele cita como exemplo países do norte da África e do Oriente Médio, que apesar de ricos em petróleo, não conseguiram distribuir essa riqueza a toda população.
"É o que se chama de maldição do petróleo. A riqueza está lá, mas não há desenvolvimento econômico com distribuição de renda", diz.