terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Oupação do Morro do Alemão, Beltrame e Wikileaks

Muita gente nunca acreditou que os narcotraficantes do Complexo do Alemão tivessem lançado uma campanha de terror queimando carros sem gente para mostrar insatisfação com a UPP. Tivessem mesmo querido isso, não teriam apoiado Dilma e Cabral em outubro e teriam "lançado" a campanha do terror piropata antes das eleições. E aí, em vez de... bolinha na careca do Serra, teríamos realmente um imbroglio. Agora, com novas informações secretas da diplomacia americana vazadas pelo Wikileaks, sabemos um pouco mais: Não, nada foi por acaso...

Deu na Folha agora há pouco:


07/12/2010
Aos EUA, Rio previu ação traumática no Alemão



Folha de S.Paulo

RIO - Documentos secretos feitos pelo Consulado dos EUA no Rio afirmam que, em encontro reservado, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, antecipou que faria a operação de tomada do Complexo do Alemão e previa uma ação com "violência traumática". O texto cita encontro do cônsul Dennis W. Hearne com o secretário de Segurança em 22 de setembro de 2009, em que este dizia que o Complexo do Alemão estava "totalmente fora de controle do Estado".
O despacho aponta que Beltrame informou que a ocupação seria no início de 2010. "Talvez assemelhando-se mais a batalhas em Fallujah [cidade iraquiana] do que a operação convencional de uma polícia urbana", anotou Hearne. Beltrame se queixou do aumento do número de armas de uso militar feitas nos EUA, desviadas de exércitos da Colômbia, Bolívia e Paraguai e que terminam no tráfico.

Em outro despacho, Hearne cita encontro com o superintendente de Planejamento Operacional da Polícia do Rio, delegado Roberto Alzir, em outubro de 2009. Alzir diz que Cabral definiria até janeiro se pacificaria cinco favelas menos populosas ou se focaria a ação em uma grande. Dizia ser "improvável" que o aparato necessário para a tomada do Alemão fosse formalizado antes do Carnaval de 2010.

Cabral optou pelas Unidades de Polícia Pacificadora em favelas menos populosas. Os documentos fazem parte de lote de telegramas dos EUA divulgados pela ONG WikiLeaks.

A estratégia das UPPs no Rio tem pontos em comum com as ações das tropas americanas no Iraque e no Afeganistão (Limpar, manter e construir), informa o cônsul em despacho de 30 de setembro de 2009, intitulado "Doutrina da Contrainsurgência chega às favelas do Rio".