TENTATIVA FRUSTRADA NO BOLA PRETA
Por Alfredo Herkenhoff
Acabo de receber a notícia da morte de Carmen Costa. Hoje é dia 25 de abril de 2007. Decido abruptamente encerrar o trabalho de compilação das informações do almanaque Carrossel da Lapa no calor da emoção desta perda e da lembrança de nome tão emblemático da alegria carioca, alegria brasileira. Viver muito é perder muito. E nesses últimos tempos, andei tirando gente da coluna de vivos ilustres no Colégio de Bambas de Lapa para botar na galeria da saudade imensa.
Vejo amanhecer, vejo anoitecer, e não me sais do pensamento, oh mulher! Tentei mostrar que Carmen Costa não podia passar os últimos tempos na dificuldade em que vivia. Como pode a mulher que cantou com Carmen Miranda, que foi lançada ao mundo da música pelas mãos de Francisco Alves, em cuja casa trabalhou como doméstica, no Leme, que cantou no Carnegie Hall, que imortalizou o hino do Cordão da Bola Preta, que popularizou as belísimas canções e marchinhas do marido Mirabeau? Como pode tanta dificuldade? Onde estão as sociedades arrecadadoras? Onde, os direitos?
Tentamos fazer grande homenagem a Carmen Costa, em 2005, quando ela completava 85 anos de idade. Tive a ajuda da filha Silézia e das sobrinhas Vanusia e Zilmar Basílio. Visitei duas vezes o Bola, falei com a diretoria. Tentei a grande festa no dia do Prêmio Multishow ao lado do Bola, no Teatro Municipal. Mas nada, nada foi possível concretizar. Arranquei dela o número de sua conta corrente e repassei a personalidades num spam de solidariedade. Não sei se rendeu algua coisa.