José Maria se casa com Maria José. Darcy Conceição se casa com Darcy Conceição. Novaes se casa com Novaes. Todos temos, em cada país, histórias semelhantes de união e distância. No mundo islâmico, por exemplo, quase todo mundo é Husssein; na Índia, há milhões de Singh; no Brasil, milhões de Silva, tanto que Rubem Braga, décadas atrás, perpetrou uma crônica - A família Silva, profetizando que um dia um simples e humilde Silva assumiria o poder, a Presidência da República Federativa, e escreveu numa época em que Mr. Lula da Silva nem existia enquanto personalidade pública.
Novaes casou-se com Novaes? Sim, o nosso grande Carlos Eduardo Novaes, cronista esportivo do humor, o jornalista botafoguense, escritor de teatro e TV, casou-se com Ana Lúcia Novaes, também uma jornalista. Ela fazia questão de dizer que era Novaes Novaes no novo nome de casada. Depois se separaram, mas isso é outra história. Décadas atrás, eles queriam ter filhos, mas não saía; ela fez tratamento nos EUA, mas nada de gravidez. O marido decidiu escrever O Espermatozóide Careca, e ela, Oh! Dados do Destino! Partiu para outro método. Separaram-se. A Novaes encontrou um outro, um Não-Novaes, e teve vários filhos, mas Oh! Dados do Destino! Veio um câncer e levou a amiga saudosa com quem dividi momentos profissionais bacanas no Departamento de Imprensa da Polygram do tempo de Chico Buarque de Holanda e Maria Bethânia.
Em São Paulo pensam que no Rio de Janeiro quase todo mundo é Jorge ou Santos, ou Jorge Santos, ou dos Santos, até Rita Lee, tão cariocamente paulistana. Mas a verdade é que aqui neste universo mirim carioca também rolam clichês sobre uma São Paulo uniformemente rica e caipira Pau Brasil. E a Cidade Maravilhosa, por sua vez, durante décadas, foi vista no Hemisfério Norte como capital da Argentina, Rio como terra exótica para onde ladrões românticos e espertos fogem no fim dos filmes happy end, de nada valendo os esforços de Carmen Miranda usada na política de boa vizinhança durante a Segunda Guerra Mundial.
Os nomes, mesmo parecendo esclarecer, às vezes confundem, instigam. Os nomes que parecem apenas vaidade de pais na hora de batizar, ou partir para a criação dos pimpolhos vindos à luz da esperança, denotam e conotam aspectos e possibilidades da cultura inimagináveis no momento da emoção pós-parto. Carregamos nossos nomes para toda a vida. Podemos até mudá-los, mas carregamos...
Pois imagino que foi uma dessas elucubrações que levou a jovem americana Kelly Hildebrandt, loura, bonitinha como tantas jovens bem alimentadas nos EUA, a procurar, via seu Facebook, por alguém com exatamente o mesmo nome seu, estava curiosa para saber quantos homônimos haveria. Pois não é que ela encontrou um jovem com o mesmo nome seu, e Oh! Dados do Destino! Juntaram os trapinhos! Apareceram agora há pouco no programa da apresentadora de TV Jenna Wolfe, da NBC. A bela Kelly disse que mandou uma mensagem para o belo Kelly, o rapaz texano... E o resto é outra história... Bombando no Youtube: O Casamento, versão sem Screengems, em inglês, está por aí ou aqui, disponível a toda gente a partir deste domingo, 19 de julho de 2009.
Se você souber de alguém com nome estranho, cuidado, pode ser que haja outro, pode ser que seja o seu, a sua parada pessoal, a coisa de Príncipe e Mendigo, nosso duplos, a Bela e a Fera, o médico e o louco, Dr. Jerky. Todo cuidado é pouco na Rua do Louco ou na busca de uma complementação, e talvez o espelho ainda seja um bom conselheiro. Apaixone-se por você que estará a meio caminho de achar a cara-metade.
Por Alfredo Herkenhoff
Correio da Lapa
DEU NESTE DOMINGO, 19 DE JULHO, PARA BOMBAR NA INTERNET:
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