sábado, 23 de maio de 2009

Elizabeth Barrett Browning por Thereza Motta e Manuel Bandeira - Sábado de poesia

Amor Meu Grande Amor

Elizabeth Barrett Browning (1806 — 1861), poetisa inglesa, autora de Sonetos, poemas românticos refletindo a sua história de amor com o marido, o poeta Robert Browning, ganha mais uma tradução para a Língua Portuguesa. A poetisa carioca Thereza Christina Rocque da Motta, dona da Ibis Libris Editora, já morou na Inglaterra e já traduziu e publicou livro com poemas de Shakespeare. Thereza Motta enviou ao Correio da Lapa uma tradução sua do Soneto 43, todo em versos alexandrinos bárbaros, de 14 sílabas. Mais abaixo, temos uma tradução livre perpetrada pelo saudoso Manuel Bandeira, do Recife de tantos repentistas com queda para todo tipo de métrica, e uma queda especial para os decassílabos... E no meio das duas traduções, o original em língua inglesa. Elizabeth tinha paixão e bom gosto. Não deve ter sido à toa o fato de a poetisa inglesa ter morrido em Florença, a cidade de Dante Alighieri, considerada no mundo uma das maiores capitais da cultura.

Soneto 43
Tradução de Thereza Christina Rocque da Motta


De quantas formas eu te amo? Deixa-me contá-las.

De quantas formas eu te amo? Deixa-me contá-las.
Amo-te profunda e largamente, e tão alto quanto
Alcança a minha alma, quando perco de vista
Os propósitos do Ser e do ideal da Graça.
Amo-te tanto quanto as menores necessidades
Do dia-a-dia, seja à luz do sol ou à luz de velas.
Amo-te livremente, como os homens lutam por Direito;
Amo-te puramente, como rejeitam o Elogio.
Amo-te com a paixão que tenho pelas
Minhas tristezas mais antigas, e com minha fé infantil.
Amo-te com um amor que pensei ter perdido
Com os santos que perdi .Amo-te com o alento,
Sorrisos e lágrimas de toda a minha vida! .e, se Deus quiser,
Irei amar-te ainda mais depois que eu morrer.



How do I love thee? Let me count the ways.

I love thee to the depth and breadth and height

My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with a passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints, --- I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! --- and, if God choose,
I shall but love thee better after death.


Tradução livre de Manuel Bandeira.

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada
Amo-te em cada dia, hora e segundo
A luz do sol, na noite sossegada
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.
Amo-te com o doer das velhas penas
Com sorrisos, com lágrimas de prece
E a fé da minha infância, ingênua e forte
Amo-te até nas coisas mais pequenas
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse
Ainda mais te amarei depois da morte.