Apesar de não ter desistido de pressionar para que a Vale faça mais investimentos indústriais no País, flexibilizando o perfil de empresa essencialmente exportadora de minério de ferro, o governo fez nessa sexta-feira um gesto que abrandou a guerra declarada entre o Planalto, ministérios e a direção da mineradora. Em Cabrobó (PE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que recebe na segunda-feira Roger Agnelli, presidente da Vale.
O encontro, que está agendado para acontecer no escritório da Presidência, em São Paulo, foi anunciado em meio às pressões do Planalto – por mais investimentos –, do governo petista do Pará pela construção de uma usina siderúrgica no Estado e até de empresários como Eike Batista que criticou abertamente a empresa e seus planos de negócios em entrevista publicada domingo passado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.
Será a segunda conversa entre Agnelli e Lula em menos de uma semana. Na quarta-feira passada, os dois conversaram, mas por telefone, quando Agnelli falou dos grandes investimentos que a empresa está fazendo – na ocasião, em meio às queixas sobre as críticas, Lula disse que o governo não trabalha para derrubá-lo do comando da Vale, a maior produtora de minério de ferro do mundo.
Eike admitiu à reportagem que, além de poder voltar a negociar com o Bradesco, está de olho na compra de um lote das ações que a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) tem na mineradora. “A Vale é o sonho de qualquer minerador. Ela poderia fazer investimentos para agregar valor aos produtos que exporta. E pode também ser um instrumento para dar eficiência à logística do País. Olhando de fora, enxergo na Vale diamantes não polidos a rodo”, afirmou. (AE)