O governador mineiro Aécio Neves disse no Rio de Janeiro que ainda não se definiu pela candidatura ao Senado nas eleições do ano que vem. Ele desmentiu informações publicadas no fim de semana de que teria comunicado ao comando do PSDB sua desistência de disputar a Presidência da República. “Li notícias nos jornais, mas não há nenhuma decisão tomada, até porque se, no mês de janeiro, o partido optar por me dar condições de construir a candidatura, obviamente serei candidato à Presidência”, afirmou, após participar de almoço com empresários fluminenses, na Firjan. Aécio lembrou que, caso o PSDB não se defina até o mês que vem, vai disputar o Senado por Minas Gerais. Ele cobrou do partido pressa na definição de um nome na corrida presidencial, para que novas alianças possam ser negociadas.
Já em Copenhague, dividindo o mesmo teto, três dos pré-candidatos ao Planalto em 2010 transformaram o impasse nas negociações do clima numa prévia da disputa eleitoral. Em coro, o governador José Serra (PSDB-SP) e a senadora Marina Silva (PV-AC) defenderam que o Brasil contribuísse com US$ 1 bilhão para um fundo de combate à mudança climática. A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) reagiu: “US$ 1 bilhão não faz nem cosquinha”. Para a chefe da delegação brasileira na conferência, uma eventual contribuição do Brasil a um fundo global não ajudaria a promover acordo em Copenhague. “O que acho complicado é que a gente faça só gesto”, disse. “Não vamos cair em propostas fáceis e pura e simplesmente mercadológicas, estamos tratando de coisa séria.” Por pouco, Dilma Rousseff não passou parte da tarde lado a lado com Serra e Marina numa sala pequena e lotada da delegação brasileira. A ministra mandou o colega Carlos Minc (Meio Ambiente) substituí-la em evento promovido por empresários antes mesmo de ficar presa em reuniões com outros negociadores da conferência do clima. Marina Silva desconversou sobre uma competição entre os candidatos ao Planalto pela bandeira do desenvolvimento sustentável, apesar da semelhança do discurso em Copenhague: “Não é uma questão de competir, é questão de persistir”. Já Serra se recusou a responder qual pré-candidato seria mais comprometido em combater a mudança climática. Em conferência, Dilma Rousseff cometeu um ato falho. Antes de defender enfaticamente investimentos no meio ambiente, disse: “O meio ambiente é uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”. Em suas falas na conferência do clima, Marina destacou a contribuição no combate ao desmatamento e na pressão para que o governo fixasse metas oficiais de corte de emissões. Serra também chamou a atenção para o corte de 20% nas emissões de gases de efeito estufa em São Paulo, anunciado recentemente e classificado pelo governador ontem como “o principal programa climático do hemisfério sul”.
Enquanto isso, o fantasma de Toulouse-Lautrec pinta e borda na Lapa da Vida.