quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Correio da Lapa com champanhe!



Seis meses de folia!

Il Maestro Paolo Conte, o maestro, professor, mestre, regente, pai, está dentro da alma e dentro dela vai ficar pra sempre...
Imperdível...




Alfredo pensa e não dispensa: Seis meses na fronteira da loucura, seis meses no hospício, coisa do repórter José Leal, anos 50 e 60, E logo depois, o Tim Lopes, que seria morto covardemente quando fazia uma dessa chamada "reportagem vivida", já lá atrás dava mostras da própria índole, e ainda no Jornal do Brasil, escreveu uma matéria que era mais ou menos intitulada assim: Mangueira vista de dentro.


Sérgio Sampaio cantando por inspiração do suicida Torquato Neto, que lhe revelou as agruras de uma internação. E assim nascia a música que Luiz Melodia também gravou: fui internado ontem na cabine cento e três, no hospital do Engenho de Dentro, só comigo tinham dez. Estou maluco da ideia, guiando carro na contra mão, saí do palco fui pra plateia, sai da sala e fui pro porão.


Seresteiro, que faz um sexteto, cantou inúmeros bimestres, cantará mais ouvindo Los Hermanos.

Estou doido pra ficar maluco; pra ser doido é preciso ter muito juízo. O Correio da Lapa pede passagem contra muitos juízos e juízes.

Saudades do poeta Luiz F. Papi, missa de Sétimo Dia Nesta Data Querida: Dizia o mestre e amigo: sabe que bebe, por que faz mal? O poeta Papi brincava: fumar faz mal ao bolso. Com esta frase curta e absurdamente verdadeira, desmontava, com a arimética do imprevisto, a informação maciçamente divulgada dos malefícios da nicotina.

Uma pétala é uma pétala é uma pétala é um petardo.

Crateras nas pedras portuguesas na calçada entre a Biblioteca Nacional e a esquina da Presidente Wilson. Em plena Avenida Rio Branco, além da escuridão à noite, o caos do calçamento roto, como tem sido rota a falação de choque de ordem, que atinge muito mais os mais fracos, os ambulantes, camelôs e botequins.

Quem não guenta vai embora, O O Ô!
Alegria toda hora, meu Amor
Vamos brindar, tintim
Vamos curtir, tintim
Carnaval é esta beleza
Carnaval é isso aí

(Primeira parte de um samba)
 
Hoje cerca da metade do conteúdo dos grandes jornais é produzida por assessoria de imprensa, serviços de comunicação do governo, de instituições em empresas, além de celebridades e partidos políticos, quando não dos próprios políticos mais poderosos. Está difícil outra leitura senão uma bem seletiva.

Os grande jornais estão viciados em tomar dinheiro do governo federal e do Sistema S. A internet está derrubando a tiragem da maioria dos grandes jornais do Brasil, com poucas exceções como o Zero Hora de Porto Alegre.

Mas quem está preocupado com tiragem? Isso é segredo de Estado que IVC nenhum vai revelar na integridade do fenômeno.

Huffington Post, um jornal exclusivamente digital, bombando na internet, e o Correio da Lapa é leitor assíduo deste veiculo norte-americano que mescla notícias com prazer e outras surpresas. Todo dia as dez melhores fotografias clicadas no mundo inteiro, apenas um exemplo. Claro, tudo objetivamente subjetivo. O Huffington tem conteúdo próprio, e é também um exímio clonador, clona e registra que a notícia está saindo ali e acolá. O que faz o Google com seu motor RSS se não clonar tudo, em tempo real, sem nem empregar quase ninguém?

Noticiar a notícia, com comentários próprios, é um jornalismo tão avassalador que fica ridículo pretender conter via medidas judicias. Não à toa o Supremo está liberando propaganda nas eleições de 2010 na internet. Se proibisse, pagaria mico. Cada leitor é eleitor e jornalista. Elias Maluco, assim que sair da cadeia, será um repórter tuiteiro.


Seis meses ralando 10, 12 e até 15 horas por dia, lendo e escrevendo, relendo e re-escrevendo, num processo de moto contínuo, telas e livros, Paganini pagando os pecados da desafinação do meu mundo, meu mercado.

Delírios e deambulares que antes eram um plano de isolamento hoje é uma miríade de surpresas pinçadas, condensadas, expandidas e comentadas.


E este trabalho levemente pesado se dá com audição de muita música, e ora estamos mais felizes, nós e as músicas, porque o Youtube está diretamente conectado com o sistema de som maior, um possante amplificador Sony de quase mil dólares. E fica mais divertido descobrir que temos à disposição dezenas de milhões de arquivos, vídeos, músicas de todos os tempos, todo tipo, uma pandora inimaginável nem na origem da mitologia, o grande Aleph nem imaginado pelo Jorge Luis Borges. O Panóptico tão estudado por Foucault virou lunetinha.


A Internet é a revolução em curso. Nada mais ridículo do que aquela frase de Vladimir Lênin: não existe liberdade de imprensa sem liberdade de fornecimento de papel. A questão é ambiental. Os grandes jornais se perpetuam graças à internet, promovendo com seus portais de alta qualidade e dinâmica a tal leitura partilhada, leitura ritual, fenômeno que se preserva mesmo com o enfraquecimento do hábito de ler exemplar impresso na celulose do arvoredo.

Mas discutir canudo de faculdade de comunicação, exigência de diploma, associação de classe, sindicatos? Obama neles. Obama usou a internet e bombou entre os brancos de olhos azuis. Foram estes que o elegeram, não os nove por cento da minoria negra e massacrada nos Estados Unidos.

Obama é a internet pós-racial. Make a donation, donate now. Noticias e interação mesmo depois de empossado na Casa Branca. Um mailing list com dezenas de milhões de pessoas que não botam jamais que é um spam, é noticia, são novidades e fotografias, tudo quentinho em primeira mão. O Correio da Lapa é assinante do serviço gratuito do Tio Obama, antes e depois da posse.

Mas hoje, entre Pepino di Capri, Silvana Mangano, Monica Montone e outras surpresas, descubro um colega dizendo que é balela essa história de descrever o Rio de Janeiro como terra da informalidade. Na Avenida Rio Branco, ninguém usa bermuda. Ou melhor, bermuda no Centro é o uniforme do camelô.


Já em Copacabana, numa portaria de um edifício qualquer, uma mulher sai num vestido longo para uma cerimônia ou uma festa, enquanto outra entra de biquíni, a praia estava ótima e já estamos no lusco-fusco. As duas quase se esbarram. São amigas e acham tudo aquilo natural. O longo e a nudez, tudo total.

Cada lugar do Rio de Janeiro tem seus códigos rígidos. O Rio não é nenhuma exceção. A violência carioca que tanto se exibe na mídia tem estatística semelhante a de outras metrópoles brasileiras, mas aqui dá ibope. E se fosse tão ruim morar no Rio de Janeiro, não haveria tanta gente, milhões vivendo na maior felicidade, apesar da falta de grana.

A mesma coisa vale para o casamento. Se fosse tão ruim, não haveria tanto divórcio.


Mas hoje é festa, Champagne! A Papi, sete dias, seis meses, e o soneto do poeta com um tintim no ritmo de Dom Pérignon na casa que está bombando em Botafogo, a Ovelha Negra, na Rua Bambina! (Texto de Alfredo Herkenhoff)

Borbulha ou bolha sangrada
na maceração da uva
do espumante sobrenada
em toneis e lembra chuvas
de pergaminhadas gotas
buriladas no cristal
de um colar de contas soltas
no orvalho celestial
a sublimar-se no casco
de garrafas tamponadas
com rolha e arame... E vê-las
no cândido culto a Baco
lava almas sideradas
E o resto é beber estrelas