Amigos, leitores, a quem interessar:
Não é conto e muito menos poesia, apenas uma prosa ao estilo picaresco, algo parecido com uma novela.
Assunto: livro SOLAR DA FOSSA, autor Toninho Vaz
No último dia 20 aconteceu a audiência de conciliação na 21ª. vara cível do RJ, reunindo representantes do autor e da editora Record.
Não houve conciliação desde que a editora decidiu não abrir mão de comercializar os exemplares criminosamente impressos – num total, segundo ela, de 3 mil. Trata-se de uma edição irresponsável e tosca, sem ilustrações (nenhuma foto do Solar – já imaginou – sendo que estão coletadas 28 fotos mostrando o casarão) e sem o prefácio de Ruy Castro. A editora não considera nenhum critério de qualidade, apenas de lucro.
Poucas vezes na minha vida profissional (incluindo quinze anos na TV Globo, no Rio e em Nova York, além de diversos jornais) pude travar contato com uma empresa tão desprezível do ponto de vista cultural. A editora Record, considerada o máximo em matéria de parque gráfico e volume editorial, não tem pudores mínimos com o trabalho que executa. Seus dirigentes aceitam retalhar um livro escrito em três anos de trabalho – deixando-o incompleto – e ainda colocam na capa o seu selo, a sua marca, com indisfarçável orgulho pela irresponsabilidade assumida. Porque fariam isso? Porque estavam irritados com o autor que havia denunciado a nulidade do contrato que se expirara no dia 18 de janeiro de 2009, três anos após a assinatura. Contrat o existe para ser cumprido.
No primeiro momento, a editora se mostrara conformada com o próprio desleixo (pois devolveu ao autor os originais e as fotos), mas era apenas uma estratégia moldada pela má fé.
O livro, então, foi impresso na calada da noite, às pressas e à revelia do autor, que foi alertado por uma informação de bastidores no momento em que estava negociando os direitos com outra editora do mercado.
O episódio revela que a editora Record se preocupa apenas com a quantidade – por isso ela é a maior da América Latina, jamais a melhor.
Para acompanhar o caso e folhear os autos, a justiça disponibiliza o acesso ao processo e aos termos da liminar que suspendeu – em cima da hora – a distribuição que a Record preparava para fazer em todo o Brasil:
A editora Record, quando assume estas atitudes, se compara a uma elegante dama da nossa sociedade – que um dia foi bonita e charmosa – mas que hoje, patética, não está sabendo envelhecer.
Sinceramente,
Toninho Vaz
ps – De um ponto de vista estritamente pessoal, lamento esteja o leitor privado – pelo menos por enquanto – de conhecer uma das melhores histórias já produzidas pela cultura popular no Brasil.
Rio, 1º. de junho de 2009