sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cada Árvore no seu próprio espaço, foto e reflexão


Árvore, genealogias e desenvoltura


A Árvore em primeiro plano está dançando num sentido lato. Ninguém a vê, ela dança sob um dia nublado, de mormaço. A multidão busca espaços no sentido lato, no céu e no chão.

A Árvore ocupa o seu próprio espaço, e até mesmo a objetiva fora de foco que a flagra em primeiro plano na verdade não parece fazê-lo. A Árvore se deixa flagrar por obviedade, por expressar dinâmica própria no meio da multidão em Botafogo, num evento da Redbull hiper documentado por maquinetas digitais e celulares.

Talvez a Árvore num distante abril de 2007 propiciasse naquele momento que outros, além deste texto, especulassem que deva ter nome em latim e outras características imperceptíveis a olho nu.

A Árvore exigiu cuidados para enfeitar momentos no dia-a-dia, e dança ao sabor das reflexões, deixando-se ver durante o ataque da garotada em busca de espaços elevados em seus galhos, como se fosse um instantâneo admirável quando ninguém admirava a sua forma e densidade escultural.

A Árvore é bem mais complexa, enquanto sistema, linguagem, do que a tecnologia dos teco-tecos invisíveis evoluindo em piruetas fora da fotografia.

A Árvore tem uma genealogia que vai da fase anterior ao petróleo concentrado nas profundezas abaixo da camada de sal do Atlântico ao olhar mais perdido na Enseada de Botafogo. E nem se imagina qual seria a significação deste olhar perdido, um único entre milhares de curiosidades atraídas para aquele universo ao redor de Árvore pela propaganda de uma competição aérea na TV.

A Árvore, em sua estática, é tardiamente uma comprovação de dinâmica, envolvendo acasos da Física e Metafísica, fotógrafo, registro, leitura e releitura.

A Árvore. aparentemente parada no Aterro, e paralisada na foto, expressa uma desenvoltura que a abraça enquanto possibilidade.

Foto e texto por Alfredo Herkenhoff