Por Alfredo Herkenhoff
Bela capa do Segundo Caderno do jornal O Globo, edição de 1º de julho, assinada pelo nosso querido craque do diploma João Pimentel, que discorre, se lixando para as formalidades do Supremo Tribunal, sobre as maravilhas de músicos brasileiros, na reportagem com destaque para Valter Silva e os "jovens" gaúchos Yamandu Costa e Henry Lentino, estes dois da safra dos mais velozes do Brasil. Valter, mestre de violão de sete cordas, topou um adorável desafio: gravar um CD com cada um dos dois gaúchos.
Capa de O Globo, se clicar o mouse, cresce de tamanho:
O disco de Walter Silva e Henry Lentino, que conta ainda com a ajuda luxuosa da percussão de Diego Zangado, está pronto e vai ser lançado numa festa daqui a alguns dias no CCC, Centro Cultural Carioca, ali na Av. Gomes Freire, na Lapa - detalhes estarão aqui neste nosso blogue-jornal em tempo hábil. O trabalho com o Yamandu está no forno, e sai também no tempo hábil dos próximos dois meses.
Uma curiosidade que não se sabe nem se é pertinente entre pesquisadores da realidade generosa da MPB. Mas por que os maiores velocistas das cordas populares ou são gaúchos ou baianos? Será isso só uma impressão pessoal?
No Rio de Janeiro temos os virtuoses do cavaco e banjo, e o chorinho volta e meia pede um pouco de Paganini perpétuo, mas não é ainda aquela turbilhonada estonteante do violão kalashnikov de Yamandu nem do banjo de Lentino, este ainda teimando, quando possível, em nem tirar o cigarro da boca enquanto destroi o tempo com notas agudas.
Henry Lentino (à direita) num solo com o violão de Marlon ao fundo e o excelente pianista Rodrigo Braga, no flagra, dando apenas uma canja na escaleta, no Bar Semente, Lapa, Rio de Janeiro - Foto by Alfredo Herkenhoff
E de Salvador a guitarra baiana de Armandinho de há muito navega para alegria de baianos e cariocas, o craque ficando no Rio mais no inverno, mas em qualquer estação é sempre aquela explosão de alegria, dois universos em quatro tempos de uma carnavalesca sinfonia.
Nunca perdem jamais a classe esses craques. Aliás, quando Yamandu veio para o Rio pela primeira vez, num daqueles festivais FreeJazz da Souza Cruz, sua destreza deixou pasmado o nosso crítico Tárik de Souza. Já Lentino, para quem não presta muita atenção em instrumentistas, costuma dar o ar de sua raça em shows da grande Maria Bethânia, que gosta de convidar a banda especialmente maravilhosa, o Tira-Poeira.