Ismália
Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus de Guimaraens (Afonso Henriques da Costa Guimaraens), nasceuAlphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
em Ouro Preto (MG), em 1870 e faleceu em Mariana (MG), em 1921.
Bacharelou-se em Direito, em 1894, em sua terra natal. Desde seus
tempos de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”,
“Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo”
e “A Gazeta”. Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em Conceição do
Serro (MG) e, a partir de 1906, Juiz em Mariana (MG), de onde pouco
sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, (1892/1894), foi
publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de
Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o
pseudônimo de Alphonsus de Vimaraens. Sua “Obra Completa” foi
publicada em 1960. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e
por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de
Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A
morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e
sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de
anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.
(fonte: Itaú Cultural)
Publicado no livro Pastoral aos crentes do amor e da morte: este
poema, integrante da série "As Canções", foi incluído no livro “Os cem
melhores poemas brasileiros do século”, Editora Objetiva, Rio de
Janeiro, 2001, pág. 45, uma seleção de Ítalo Moriconi.
texto do site releituras.com
* - Foto de Santa Teresa por Alfredo Herkenhoff