Depois do Índico, pegar piratas em todo o mundo a partir do Brasil
Finalmente, preciso registrar algo que me ocorreu quase ao fim da reunião com Obama e Lula Guran. Creio ter feito bem em nada comentar com o chefe do Brasil que, uma vez resolvida a questão da pirataria no quintal da minha caverna, vislumbro a perspectiva de se tornar o seu país a minha prioridade de combate ao crime antes que uma ação internacional seja engendrada para estabelecer um mínimo de ordem naquela destruição humana e ecológica em escala continental e em escala de holocausto.
Não afasto a hipótese de viajar ao Brasil para intervenções que se fazem necessárias já há algum tempo. Não foi por delicadeza protocolar que evitei o assunto com Lula Guran. Foi por causa da agenda apertada, cronometria com precisão. O encontro foi marcante para todos, muito para Obama e mais ainda para mim na medida em que, ao convocá-los, marquei praticamente o meu batismo de fogo, com a emoção adicional de que agora vou finalmente enfrentar piratas tão próximos de Bengala. Mas os piratas estão em toda parte. No Brasil, a pirataria grassa como uma praga.
Fazendeiros queimam florestas como se debochassem dos satélites de vários países documentando a devastação ecológica. No Brasil, morrem assassinados na maioria os pobres, como se a vida destes nada valesse. No Brasil, são contra a pena de morte, mas matam três vezes mais do que os norte-americanos a cada ano. No Brasil, os magistrados dão todas as oportunidades aos corruptos engravatados e aos burocratas, mas nenhuma à gente mais simples tão próxima dos pigmeus que sobrevivem na floresta que envolve a minha querida Caverna da Caveira.
No Brasil também não é o caso de se usar a smart bomb de Obama. Nada desses artefatos hig tech com os conceitos mais avançados de orientação das explosões. Nada de precisão de pontaria e dos efeitos dos petardos mediante sinais de satélite, laser, infravermelho ou rádio. Para o Brasil, nada de mulher de bunda de fora. Para fazer correr a gentalha que pirateia, mata, explora, tortura e debocha, o remédio, que também vou ministrar de forma solitária, é igualmente simples.