quarta-feira, 29 de julho de 2009

Empresa quer candidatos a gerente com pelo menos 250 seguidores no Twitter. Tendência?

Site nos EUA recomenda que candidato a emprego na área de marketing tenha ensino superior, experiência profissional e pelo menos 250 seguidores no Twitter.

Correio da Lapa: Notícia Comentada. O que é isso? (*)

Uma oferta de emprego do site Best Buy - Melhor Compra - causou polêmica por incluir uma cláusula curiosa nos requisitos recomendáveis: 250 seguidores no Twitter como prova de um tipo de experiência voltada para as mídias emergentes.

Quando a Best Buy Co. postou uma seção de emprego para gerente senior - neste espaço emergente de marketing de mídia -, o quesito seguidores de Twitter chamou a atenção geral, mas menos dos que procuravam trabalho e mais dos que se espantaram com tão estranha recomendação. Por que 250 seguidores no Twitter?

Foi a primeira vez que uma firma de estratégia de consultoria, sediada em Nova Jersey, propôs algo assim. O anúncio acabou retirado, em meio a discussões sobre quais critérios para falar em 250 seguidores e não 500 ou 10 mil.

Seria isso uma tendência ou apenas extravagência? Ter 250 seguidores ou mil não significa propriamente nada, tanta gente tem apenas por fazer graçolas em 140 caracteres, reconheceram analistas ouvidos pela Best Buy.

Mas onde há fumaça há fogo, e já deve existir empresa na tocaia, estudando na surdina essa nova forma de arregimentar mão-de-obra qualificada com base nas aptidões dos candidatos diante das novas ferramentas digitais.

Tempos atrás se exigia experiência em Excel, Word X ou Y, enfim, é um velho mundo novo em que uma geração que já nasceu dentro da internet talvez tenha alguns nichos para melhor desempenho diante de tantas novidades.

Mas, por enquanto, sobressai a polêmica. Logo haverá empresas querendo candidatos com 10 mil seguidores ou 30 mil no Twitter, e será o que já acontece: estará buscando os principais nomes desse novo marketing de mídia social: jornalistas, artistas de novela, apresentadores de auditório de TV e comunicadores já alçados à condição de celebridades.

Muitos destes apenas acrescentaram suas marcas pessoais a essas novas ferramentas digitais, não fizeram nada de muito criativo, apenas, no vácuo dos grandes veiculos de comunicação de onde se originam, nos grandes portais, surgiram twittando frases como pequenos trailers verbais de seus produtos e serviços nos suportes tradicionais.

Esses famosos ou quase-famosos costumam ter uma massa de seguidores nas mídias digitais em decorrência da própria força de portais e jornais e TVs em que já trabalhavam. Buscar esse pessoal altamente diferenciado pela fama não é bem novidade.

O que o pequeno e polêmico anúncio com a cláusula dos 250 seguidores mostrou é um meio de tentar descobrir, na raiz, quem tem potencial de crescimento nas mídias emergentes a partir delas próprias.

Quem inventa moda e produz massa de internautas curiosos tem potencial para trabalhar para empresas exigentes de olho nesse universo que não pára de crescer.

Para além da polêmica, um desafio dando o que pensar: seriam os seguidores ao mesmo tempo potenciais fregueses que o candidato a gerente senior levaria para o novo emprego?

Ou ter um número alto, a partir da própria ferramenta, Twitter ou Facebook, seria um sinal de que o candidato estaria preparado para desafios ainda sequer mencionados ou vislumbrados nos anúncios do futuro?

Restam questões sobre uma possível nova tendência: como estabelecer critérios sobre o que é o talento ou potencial que se exige de quem se candidata a um emprego de comando no espaço digital?

Do jeito que surgiu, o critério dos 250 seguidores no Twitter parece subjetivo, ou na melhor das hipóteses, intuitivo. Mas onde tem fumaça tem fogo, tem um imenso fogaréu nesses novos campos. Ou não?

(*) Por Alfredo Herkenhoff