domingo, 9 de agosto de 2009

Revolução Industrial - Nietzsche - Modernidade.

Obras de Marcel Duchamp
Roda de Bicicleta e o Grande Vidro

Modernidade costuma ser entendida como um ideário ou visão de mundo que está relacionada ao projeto de mundo moderno, empreendido em diversos momentos ao longo da Idade Moderna e consolidado com a Revolução Industrial. Está normalmente relacionada com o desenvolvimento do capitalismo. O termo era desconhecido para Nietzsche. Uma vez que a pós-modernidade se forma em oposição à modernidade, não podemos pular o fato de que foi Nietzsche, em termos abrangentes, quem iniciou o movimento de fustigação dos ideais modernos. Com ele começa a era da paixão moderna. Os seus defensores ou os seus detratores, via de regra, se posicionavam frente a aceitação ou a recusa da modernidade. Porém, Nietzsche já não estava presente quando efetivamente começam as mais profundas transformações de época, da cultura aos artefatos tecnológicos, da política a guerra e ao terrorismo, da arte clássica a anti-arte ou a arte pela arte, do local ao global, da objetividade ao ficcional e ao virtual, do bioquímico ao tecido genético. Um outro aspecto diz respeito ao seu esgotamento. Para Z. Bauman (1999 e 2004), o que mudou foi a modernidade sólida que cessa de existir e em seu lugar surge a modernidade líquida. A primeira seria justamente a que tem início com as transformações clássicas e o advento de um conjunto estável de valores e modos de vida cultural e político. Na modernidade líquida, tudo é volátil, as relações humanas não são mais tangíveis e a vida em conjunto, familiar, de casais, de grupos de amigos, de afinidades políticas e assim por diante, perde consistência e estabilidade. Cremos que essa reflexão de Bauman já está de algum modo presente em Marx quando, segundo M. Berman (1982), ele aponta para a ação do éter das revoluções modernas que desmancha tudo que é sólido.A diferença entre os dois autores é que Bauman já trabalha no campo minado da pós-modernidade que dificilmente permite que se faça planos para modos estáveis de sociedades futuros.


Marx ainda acreditava que o seu comunismo fosse o congelamento de um modo social de vida integrado e harmônico. Mas, como pergunta Berman, por que cargas d'água o comunismo não seria corroído pelo éter do suspiro modernista? Também Nietzsche faz recordar quando verificamos que a sua crítica da modernidade é direcionada exatamente para a superficialidade de sua cultura e ao apego de artistas e intelectuais modernistas nos aspectos de efeito da obra de arte e da obra de pensamento de modo geral. Mas foi Gilberto Freyre (sociólogo e antropólogo, famoso autor do livro Casa-Grande & Senzala) quem denunciou as dívidas da modernidade para com a tradição. Talvez pudéssemos dizer com Freyre que não há, a rigor, modernidade que não seja alimentada e oxigenada pela tradição. Sem tradição, sem a raiz e o regional, a modernidade não é nada. Como agora, no auge da globalização, se diz: quem não tem raiz, dança.
Fonte: Wikipedia