Brasil da Lei Legal e dos juizes ilegais. Brasil do José Sarney exclamando, eu não era bobo, eu era Rede Globo, mas hoje tudo mudou. Brasil da curiosidade da perícia cheia de boas intenções. Não prova nada. Brasil da sonolência, da remela no canto do olho morto com um buraco de bala ao lado, na bocheca, primeiro obstáculo até a massa encefálica macerada. Brasil do sangue talhado, do tempo compactado pelo impacto do tiro. Brasil do fuck you, lasquem-se os invejosos. Brasil do não tenho salário, mas tenho casa, comida e sexo. Brasil do contrato da mumunha, do mexeu comigo, vai parar no Supremo. Brasil do time de cima, do chato que me lembra que na Noruega não tem disso não. Brasil que não é lá onde quem ganha mais de um salário, quem ganha mais, está no topo e ri, quem ganha o máximo ganha apenas 20 salários e ainda assim é executivo que vai de bicicleta dirigir a empresa. Brasil do eu não, eu prefiro ficar no Leblon. Brasil do bairro onde quase não há negros, a não ser os perdidos nas ruas e os jovens black soul sonhando em ascender pelas imagens ficcionais da Rede Globo Celestial. Brasil do prefiro continuar aqui no Leblon dos meus sonhos, no Leblon que imagino que sou.