sábado, 18 de abril de 2009

Fantasma na Somália com Lula e Obama (11)



Com Capeto e Diana, Fantasma sem máscara no Brasil

Talvez me naturalize, ou melhor, me faça passar por brasileiro nato e, por um curto período, venha a ser líder Guran como Lula. Como eventual candidato, antevejo que só disputo como o Fantasma político e vencedor.

Não tenho sotaque. Lula Guran se encantou com o meu jeito de falar português na Caverna da Caveira. E mesmo perspicaz, não teve tempo ou tino para descobrir por que aprendi o português de forma tão brasileira. Foi com uma família brasileira de diplomatas na Indonésia e na infância. Alcançando a máxima magistratura em Brasília, anunciarei, de forma mais espetacular do que Lula Guran, Hugo Chavez, Evo Morales, Cristina Kirchner, enfim, com mais impacto do que o conjunto de todos os chefes de Estado do subcontinente, que sou o Fantasma. Nesta condição sem precedentes em todas as repúblicas do mundo, vou anunciar um novo combate ao crime, não apenas crime no Brasil, mas combate a todos os piratas da humanidade. A prioridade política será bem simples: privatizar o Estado e estatizar o sistema financeiro.

Gigantescas ondas de pigmeus brasileiros se levantarão para afugentar a burocracia encastelada no Legislativo e no Judiciário. Isso que pode parecer agora uma revolução patética, aparentemente nada condizente com a tradição de eficácia da minha linhagem, será apenas o estopim internacional para mostrar que a minha saga como Fantasma é combater o crime onde quer que ocorra.

Com a proliferação do crime organizado, sua globalização, fiquei esses últimos tempos parado para matutar e, como um sábio chinês, recuei um passo para avançar dois, ou melhor, para avançar mil passos de uma só vez na luta contra a pirataria generalizada que se alastrou como uma metástase no planeta ameaçado.

No Brasil, o grosso dos casos de bandidagem decorre de seu sistema de justiça. O Judiciário brasileiro é um dos mais cruéis do mundo. Cadeias onde presos dormem em turnos de dia, tarde e noite, porque não há espaço na cela para que os acusados ou condenados se deitem ao mesmo tempo. No Brasil, a máxima "tirem-me tudo, menos a liberdade" não vale nada. Tira-se a liberdade. Mas antes tiram a dignidade. No Brasil a repressão é morte, execução sumária, ou prisão com estupros, tortura diária, mesmo para condenados cujas penas já foram cumpridas. No Brasil, a Justiça é tão falha que nem se dá conta de que o é, é tão falha que não tem nem capacidade de ter vergonha de si própria. O Brasil precisa um choque de Fantasma Guran Presidente.

Me perguntariam se isso não seria uma imitação barata do estilo ranger da Casa Branca, com aquela mania de interferir no mundo com ou sem o aval da ONU ou da Aliança Atlântica. Não. Exatamente por essas características de Washington, pelos velhos vícios dos colonizadores europeus, pela fúria imperiosa e populacional da maiores nações asiáticas, é que se torna possível e necessário fazer o que tenho em mente a partir do Brasil. Naqueles outros lugares sim seria inviável. O mundo não me reconheceria como Fantasma autêntico.

A América do Sul, por ser a maior reserva de biodiversidade florestal, por ter a maior reserva de água potável do mundo, tende a exercer uma incrível atração internacional nas próximas décadas. Povos distantes do Brasil tendem a se achar no direito de... Pois antes que isso aconteça, e antes que os burocratas nos Três Poderes do Brasil permitam a destruição do grosso de tanta riqueza, cabe a mim uma missão.

Por ora, encerro. Vou ali dar um pulo no litoral, vou ali perto do Suez dar um corretivo nesses piratas, mas volto já. E depois, aos amigos Lula Guran e Obama. Estarei muito mais perto de vocês do que vocês imaginam.

FIM - Texto by Alfredo Herkenhoff

Nota do Correio da Lapa: Este conto-comics O Fantasma na Somália com Lula Guran e Obama foi escrito nesta sexta-feira e sábado, 17 e 18 de abril, graças a uma sugestão do engenheiro e poeta Ruggero Quenttallonni. Portanto é apenas uma brincadeira feita na correria de mais um dia...