domingo, 7 de junho de 2009

Berlusconi: partidários defendem Nobel ao Cavaliere

Contra escândalos, partidários querem Nobel para Berlusconi

Rachel Donadio
Do New York Times

Tradução (*) deste texto foi avistada neste domingo no Portal Terra. Eis o que deu no The New York Times no sábado:

Desde que a mídia italiana começou a vasculhar com mais atenção a vida pessoal do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e descobriu uma longa série de jovens atraentes, os partidários do político vêm se esforçando ferozmente para encontrar uma maneira de mudar de assunto.

E entre eles existe um pequeno grupo que propõe um plano ambicioso: indicar Berlusconi para o Prêmio Nobel da Paz. "Desde 1907 um italiano não ganha o Nobel da Paz", disse Giammario Battaglia, 36 anos, um advogado que ajudou a estabelecer a iniciativa, alguns meses atrás. "Nós acreditamos que o momento seja propício".

E ele parece estar falando sério. O grupo alega que Berlusconi, operando nos bastidores e aproveitando sua estreita amizade com o primeiro-ministro Vladimir Putin, ajudou a pôr ao conflito entre a Rússia e a Geórgia na metade do ano passado. "Suas ações salvaram vidas humanas", disse Battaglia.

Há quem não esteja convencido de que isso seja realização suficiente para valer um Nobel, ou que de Berlusconi tenha de fato desempenhado papel influente para o fim da guerra. A alegação "parece bastante implausível", afirma Mark Medish, assessor sobre assuntos russos do ex-presidente Bill Clinton e pesquisador da Carnegie Endowment for International Peace, uma fundação de pesquisa da paz e desarmamento.

Battaglia também mencionou um tratado que Berlusconi teria ajudado a negociar com a Líbia no ano passado. O primeiro-ministro representa "os melhores dotes do povo italiano", como "a capacidade mediar", afirma Battaglia. "Nós encaramos a idéia como campanha não apenas por um prêmio destinado a uma pessoa, mas como um prêmio às características italianas".

Os italianos não parecem estar dedicando grande atenção às realizações de Berlusconi no cenário internacional, hoje em dia, seja isso bom ou ruim para a causa.

Desde que sua mulher, Veronica Lario, deflagrou uma avalanche de notícias nos jornais sensacionalistas ao pedir divórcio, no mês passado, zangada por Berlusconi ter comparecido à festa de aniversário da bela loira Noemi Letizia, 18 anos, o país enlouqueceu com os rumores e especulações sobre a natureza do relacionamento entre seu primeiro-ministro e a jovem.
Em discurso transmitido por uma cadeia nacional de TV, na noite de quarta-feira, Berlusconi optou por desconsiderar as controvérsias e qualquer possibilidade de que elas conduzam à convocação de eleições antecipadas . Ele disse que tinha "o dever e a responsabilidade" de continuar governando a Itália.

Esta semana, um tribunal começou a considerar acusações quanto ao uso de aviões do governo para transportar convidados à casa de Berlusconi na Sardenha, enquanto outro tribunal ordenava a apreensão de centenas de fotos de convidados semidespidos nas festas que Berlusconi promovia em sua propriedade, sob a alegação de que veiculá-las como parte do processo representava uma violação da privacidade do primeiro-ministro.

O comitê que defende o Nobel para Berlusconi não está interessado em nada disso. "Queremos isolar os fatos e observá-los de um contexto histórico fixo", disse Battaglia.

O site da candidatura de Berlusconi ao Nobel tem aspecto semelhante ao dos mais modernos sites publicitários norte-americanos, e a imagem que o ilustra é a de seis jovens com os polegares erguidos em sinal de aprovação - entre os quais, incongruentemente, uma negra. Há um número crescente de negros da Itália, muitos dos quais imigrantes ilegais, e não se sabe quantos deles têm direito a votar.

Alguns membros do Legislativo italiano apoiam os esforços do site, e o estão utilizando para veicular anúncios de campanha para a eleição ao Parlamento Europeu, que acontece neste final de semana. Mas o grupo afirma que não se trata de propaganda gratuita, e que Berlusconi não paga por eles. "De forma alguma", diz Battaglia. "Mas creio que ele goste da iniciativa".

(*) Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York