quinta-feira, 25 de junho de 2009

Olavo assume de vez o Instituto Mauá. Sonhos cariocas

Olavo Monteiro de Carvalho e desafios
para o Instituto Mauá no Rio de Janeiro

Correio da Lapa – Notícia comentada (*)

Sonhos e empreendimentos... Eduardo Paes, Eike Batista, Mauá, Sérgio Cabral, D. Pedro II, Baía de Guanabara, Metrô, Trem para Petrópolis, a Rodrigo de Freitas, Zona Portuária... Oxalá...


O Instituto Mauá, não confundir com o homônimo baiano que se dedica a artesanato e outras culturas populares do Nordeste, foi fundado no Rio de Janeiro, em 1980, pela Associação Comercial. Mas não se tornou eficiente nessas primeiras décadas. Só recentemente, nos últimos doze meses, passou por um processo radical de reestruturação que culmina agora com a presença do empresário Olavo Monteiro de Carvalho no comando da entidade em tempo integral. Os objetivos da instituição? Promover e concretizar projetos culturais, sociais e ambientais. O instituto tem competência e vocação para levantar recursos destinados a projetos necessários para a metrópole e o Estado do Rio.

- Sua reativação permite que a ACRJ passe a dispor de um instrumento atualizado da moderna gestão empresarial, compatível com sua marca e dimensão institucional. A ACRJ não poderia ficar de fora de atividades voltadas à sustentabilidade como um todo e
à integração com a sociedade carioca - afirmou Olavo.

O Instituto Mauá propicia reflexões estratégicas sobre o presente e o futuro do Rio de Janeiro enquanto metrópole em expansão com relação a outras grandes metrópoles vizinhas, como São Paulo e Belo Horizonte. O Instituto Mauá tem projetos ambiciosos como o da Revitalização da Área Portuária, lançado nesta terça-feira agora com apoio total do prefeito Eduardo Paes, do governador Sérgio Cabral e do presidente Lula, todos presentes na festa de anúncio do início das obras.

Tem um dedo do Instituto Mauá nesta tentativa de Eduardo Paes para reduzir situações caóticas com o choque de Ordem. O Instituto tem, entre seus projetos, o chamado Choque de Ordem, do Conselho de Segurança e Cidadania (nome lançado antes de Eduardo Paes sequer ser formalizado como candidato à Prefeitura carioca).

O Mauá tem ainda, entre outros, os seguintes projetos: Licenciamento Ambiental Simplificado; Pólo Gastronômico da Praça XV; Centro de Informação e Memória da ACRJ e diversas formas de apoio desta associação para iniciativas ligadas ao turismo, a micro e pequenas empresas, à educação e à inovação tecnológica.

O Correio da Lapa torce para que nesta nova fase a Associação e o Instituo Mauá efetivem velho sonhos que, por adiamentos e entraves de toda ordem, como burocracia ou falta de capital, costumam ser esquecidos ou dormitar no limbo da memória. Exemplos: o Metrô até a Barra, o Metrô sob a Baía de Guanabara, o Trem-Bala ligando Rio, Campinas e São Paulo. A reurbanização não apenas da área portuária mais próxima da Praça Mauá, mas ao longo de toda a Avenida Rodrigues Alves, cujos dois lados estão degradados, seja pela série de galpões abandonados, seja pela excelência de amplos terrenos planos mal utilizados ou, o que é pior, sem uso nenhum em bairros como Saúde, Gamboa, Santo Cristo e já início de São Cristóvão.

A bem da verdade, o ex-prefeito Cesar Maia fez alguma coisa positiva nessa região, como a Cidade do Samba e a vila olímpica. Mas isso é uma gota d’água perto do mar de possibilidades que se abrem e que a gente torce para que Olavinho, como o chamam seus maiores admiradores, consiga abraçar e tocar para a frente agora com o Instituto Mauá.

O nome Mauá é motivo de orgulho na História, de responsabilidade no presente e alvissareiro para o futuro imediato. Mauá que dá nome ao Instituto foi o visionário-mor e empreendedor. Graças a ele, e aos capitais ingleses, e graças ao tirocínio de Dom Pedro II, nasceu a primeira ferrovia no Brasil, que foi essencial para unir a nação, dando-lhe identidade de afetos e planos, ao contrário dos nossos vizinhos hispânicos, divididos em segmentos republicanos rivais entre si, apesar dos esforços ao contrário em curso por meio do Mercosul. Mas o primeiro trenzinho ligava o fundo da Baía de Guanabara a Petrópolis.

O megaempresário da mineração de sucesso, Eike Batista, que tanto aprendeu com a experiência de seu pai na presidência da velha Vale do Rio Doce, acalenta sonhos de reativar a ferrovia pioneira para levar turistas do Rio a Petrópolis num passeio pr uma paisagem tropical paradisíaca. Eike tem bala e vocação. Já reativou em novas bases a viagem maravilhosa de litorina trafegando pela Serra do Mar entre Curitiba e o litoral, em Paranaguá. Eike agora diz que consegue limpar a Lagoa Rodrigo de Freitas sem nem gastar muito, desde que lhe dêem a incumbência e o autorizem a fazer ligações mais diretas com a água do mar meio de tubulações e um píer.

O projeto, com jeito de ser um Ovo de Colombo, parece um balão de ensaio para Eike reativar de fato o trenzinho caipira na beleza da Serra do Trovão a partir de Magé. Para este sonho se tornar realidade, será preciso também despoluir de fato o fundo da Baia de Guanabara. Este esforço, a propósito, apesar de ajuda de capitais japoneses, tem se dado a toque de passo de cágado. Mas, uma vez despoluída a Baía, e isso equivale a despoluir ao mesmo tempo centenas de “lagoas Rodrigues de Freitas”, viabiliza-se o desejo de tanta gente no Brasil e no exterior, todo mundo mal vendo a hora de pegar o trenzinho no trilho de cremalheira (aquele terceiro trilho dentado que fica no meio da bitola em ferrovias muito íngremes).

Hoje é até possível, de carro, vislumbrar esta generosa geografia do Rio de Janeiro por Magé, subindo na velha estrada ali pela altura da extinta fábrica Estrela, de munição. Por ali no fundo também havia a unidade de caminhões FNM. Mas, subindo a serra, de carro ou num futuro velho trenzinho, descortina-se o espelho da Guanabara de um forma que posso garantir: é inesquecível.

Sorte a todos empresários visionários é o que deseja este nosso Correio da Lapa, que não sabe ainda qual o montante de verbas para tantas realizações e de onde viria a grana que ergue coisas belas...

Por Alfredo Herkenhoff