A fala de Luiz Inácio Lula da Silva na sessão plenária de debate informal na 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-15), em Copenhague:
"Senhor presidente, senhor secretário geral, senhores e senhoras chefes de Estado, senhores e senhoras chefes de governo, amigos e amigas.
Confesso a todos vocês que estou um pouco frustrado. Porque há muito tempo discutimos a questão do clima e cada vez mais constatamos que o problema é mais grave do que nós possamos imaginar. Pensando em contribuir para a discussão nesta conferência, o Brasil teve uma posição muito ousada. Apresentamos as nossas metas até 2020.
Assumimos um compromisso e aprovamos no Congresso Nacional, transformando em lei, que o Brasil, até 2020, reduzirá as emissões de gases de efeito estufa de 36,1% a 38,9%, baseado em algumas coisas que nós consideramos importantes: mudança no sistema da agricultura brasileira; mudança no sistema siderúrgico brasileiro; mudança e aprimoramento da nossa matriz energética, que já é uma das mais limpas do mundo, e assumimos o compromisso de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020.
E fizemos isso construindo uma engenharia econômica que obrigará um país em desenvolvimento, com muitas dificuldades econômicas, a gastar até 2020 US$ 166 bilhões, o equivalente a US$ 16 bilhões por ano. Não é uma tarefa fácil, mas foi necessário tomar essas medidas para mostrar ao mundo que, com meias palavras e com barganhas, a gente não encontraria uma solução nesta Conferência de Copenhague.
Tive o prazer de participar ontem à noite, até às duas e meia da manhã, de uma reunião que, sinceramente, eu não esperava participar, porque era uma reunião onde tinha muitos chefes de Estado, figuras das mais proeminentes do mundo político e, sinceramente, submeter chefes de Estado a determinadas discussões como nós fizemos antes (ontem), há muito tempo eu não assistia.
Eu, ontem, estava na reunião e me lembrava do meu tempo de dirigente sindical, quando estávamos negociando com os empresários. E por que é que tivemos essas dificuldades? Porque nós não cuidamos antes de trabalhar com a responsabilidade com que era necessário trabalhar. A questão não é apenas dinheiro. Algumas pessoas pensam que apenas o dinheiro resolve o problema. Não resolveu no passado, não resolverá no presente e, muito menos, vai resolver no futuro. O dinheiro é importante e os países pobres precisam de dinheiro para manter o seu desenvolvimento, para preservar o meio ambiente, para cuidar das suas florestas. É verdade.
Mas é importante que nós, os países em desenvolvimento e os países ricos, quando pensarmos no dinheiro, não pensemos que estamos fazendo um favor, não pensemos que estamos dando uma esmola, porque o dinheiro que vai ser colocado na mesa é o pagamento pela emissão de gases de efeito estufa feita durante dois séculos por quem teve o privilégio de se industrializar primeiro.
Não é uma barganha de quem tem dinheiro ou quem não tem dinheiro. É um compromisso mais sério, é um compromisso para saber se é verdadeiro ou não o que os cientistas estão dizendo, que o aquecimento global é irreversível. E, portanto, quem tem mais recursos e mais possibilidades precisa garantir a contribuição para proteger os mais necessitados.
Todo mundo se colocou de acordo que precisamos garantir os 2% de aquecimento global até 2050. Até aí, todos estamos de acordo. Todo mundo está consciente de que só é possível construirmos esse acordo se os países assumirem, com muita responsabilidade, as suas metas. E mesmo as metas, que deveriam ser uma coisa mais simples, tem muita gente querendo barganhar as metas. Todos nós poderíamos oferecer um pouco mais se tivéssemos assumido boa vontade nos últimos períodos.
Todos nós sabemos que é preciso, para manter o compromisso das metas e para manter o compromisso do financiamento, a gente, em qualquer documento que for aprovado aqui, a gente tem que manter os princípios adotados no Protocolo de Kyoto e os princípios adotados na Convenção-Quadro. Porque é verdade que nós temos responsabilidades comuns, mas é verdade que elas são diferenciadas.
Eu não me esqueço nunca que quando tomei posse, em 2003, o meu compromisso era tentar garantir que cada brasileiro ou brasileira pudesse tomar café de manhã, almoçar e jantar. Para o mundo desenvolvido, isso era coisa do passado. Para a África, para a América Latina e para muitos países asiáticos, ainda é coisa do futuro. E isso está ligado à discussão que estamos fazendo aqui, porque não é discutir apenas a questão do clima.
É discutir desenvolvimento e oportunidades para todos os países. Eu tive conversas com líderes importantes e cheguei à conclusão de que era possível construir uma base política que pudesse explicar ao mundo que nós, presidentes, primeiros-ministros e especialistas, somos muito responsáveis e que iríamos encontrar uma solução. Ainda acredito, porque eu sou excessivamente otimista. Mas é preciso que a gente faça um jogo, não pensando em ganhar ou perder. É verdade que os países que derem dinheiro têm o direito de exigir a transparência, têm direito até de exigir o cumprimento da política que foi financiada. Mas é verdade que nós precisamos tomar muito cuidado com essa intrusão nos países em desenvolvimento e nos países mais pobres. A experiência que nós temos, seja do Fundo Monetário Internacional ou seja do Banco Mundial nos nossos países, não é recomendável que continue a acontecer no século XXI.
O que nós precisamos... e vou dizer, de público, uma coisa que eu não disse ainda no meu país, não disse à minha bancada e não disse ao meu Congresso: se for necessário fazer um sacrifício a mais, o Brasil está disposto a colocar dinheiro também para ajudar os outros países. Estamos dispostos a participar do financiamento se nós nos colocarmos de acordo numa proposta final, aqui neste encontro.
Agora, o que nós não estamos de acordo é que as figuras mais importantes do planeta Terra assinem qualquer documento, para dizer que nós assinamos documento. Eu adoraria sair daqui com o documento mais perfeito do mundo assinado. Mas se não tivemos condições de fazer até agora - eu não sei, meu querido companheiro Rasmussen, meu companheiro Ban Ki-moon - se a gente não conseguiu fazer até agora esse documento, eu não sei se algum anjo ou algum sábio descerá neste plenário e irá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até a hora de agora. Não sei.
Eu acredito, como eu acredito em Deus, eu acredito em milagre, ele pode acontecer, e quero fazer parte dele. Mas, para que esse milagre aconteça, nós precisamos levar em conta que teve dois grupos trabalhando os documentos aqui, que nós não podemos esquecer. Portanto, o documento é muito importante, dos grupos aqui.
Segundo, que a gente possa fazer um documento político para servir de base de guarda-chuva, também é possível fazer, se a gente entender três coisas: primeiro, Kyoto, Convenção-Quadro, MRV, não podem adentrar a soberania dos países - cada país tem que ter a competência de se autofiscalizar - e, ao mesmo tempo, que o dinheiro seja colocado para os países efetivamente mais pobres.
O Brasil não veio barganhar. As nossas metas não precisam de dinheiro externo. Nós iremos fazer com os nossos recursos, mas estamos dispostos a dar um passo a mais se a gente conseguir resolver o problema que vai atender, primeiro, a manutenção do desenvolvimento dos países em desenvolvimento. Nós passamos um século sem crescer, enquanto outros cresciam muito. Agora que nós começamos a crescer, não é justo que voltemos a fazer sacrifício.
No Brasil ainda tem muitos pobres. No Brasil tem muitos pobres, na África tem muitos pobres, na Índia e na China tem muitos pobres. E nós também compreendemos o papel dos países mais ricos. Eles, também, não podem ser aqueles que vão nos salvar. O que nós queremos é apenas, conjuntamente, ricos e pobres, estabelecer um ponto comum que nos permita sair daqui, orgulhosamente, dizendo aos quatro cantos do mundo que nós estamos preocupados em preservar o futuro do planeta Terra sem o sacrifício da sua principal espécie, que são homens, mulheres e crianças que vivem neste mundo.
Muito obrigado."
Correio da Lapa comentando:
Lula é Papai Noel da Silva
Lula é Papai Noel da Silva
O discurso de Lula é uma peça de publicidade, com menções a gastos de US$ 166 bilhões, ou 16 bi ao ano. Parece número de político anunciando programa de casa própria pro povão. Números ao léu. O microfone, qual papel, aceita tudo. Mas na Dinamarca não tem disso não. O eleitorado lá é mais instruído. Aqui, até 2020, vamos destruir fauna e flora, rios assoreados. Peixes que meu pai viu no Rio Itapemirim e que meus filhos não podem mais ver. Vi os últimos. Até 2020 o Brasil vai extinguir milhares de microecossistemas, arruinando a natureza. Esse papo de aquecimento global está esfriando. O eixo da Terra é que ameaça desestabilizar o clima. O bom senso já foi para o brejo seco. Muito frio em Copenhague. Os políticos do Mundo fazendo propaganda. Mas Lula, mais uma vez, se excedeu. O desmatamento da Amazônia prossegue célere. E nas grandes cidades, também célere prossegue a matança de gente pobre, na maioria jovem, negra, mulata e desempregada ou subempregada. O Brasil só está dando certo na novela das 8, no circo midiático das celebridades vaidosas com soap opera e vidinha sexual exposta para uma curiosidade mórbida que pode ser compreendida como uma espécie de má vontade construtiva nacional em expansão. Brasil! Terra adorada de 200 milhões de seres ávidos por bezerros de ouro! Rio de Janeiro! Uns 40 shopping centers e Umas Oitocentas Favelas! E Lula falando mal de dinheiro, que dinheiro não resolve. Então entra para uma igreja evangélica e doa seus pecados a Deus e o dízimo aos telecaptadores. Dinheiro sempre resolveu. Dinheiro só não resolve questões espirituais, mas é, até o momento, a ferramenta que ergue e destrói coisas belas. Nosso querido presidente usou um tom áspero e arrogante, como se o inferno fosse o outro, o estrangeiro. Lula falando em sacrifício parece piada. Vai aumenta a ajuda ao Haiti? Ou à corruptíssima Angola? Bonachão! Só faltou o gorro de Papai Noel! Clima Rousseffiano! Ciro Gomes vem aí! O desmatamento só pára na Amazônia com muito dinheiro. E Lula só vai eleger Dilma por causa da gastança. O povo está adorando consumir e comer mais. Os rios do Brasil estão mais para Tietê do que Tocantins. Tá ligado? Lula foi um rio que passou na minha vida. Lula, o Papai Noel do PT. Lula o ET do Congresso. Lula, o único articulador, o unigênito criador de Dilma e de Rousseff. Lula, o vitorioso da Eleição Transfer. Eu Sou Dilma. Chances dos dois carecas são quase nulas, Ciro, o Calvo, Serra, o Calvíssimo, alvos fáceis. Ecologia é papo de 1%. Palavras explodem com a força dos defensivos agrícolas. Estarão até os pardais ameaçados de extinção? Não, como os políticos, os mentirosos abundam em cada esquina. País de pássaros ladrões, animais assassinos e carrapatos corruptos. Meu café esfriou como a Dinamarca. Lula Hamlet, o fundador da dinastia Silva. A filharada aprendendo rapidinho. A arrogância fazendo escola entre os súditos. Eu sou a arrogância de dizer sem pensar, pensando o que não digo por dificuldade dilmaniana de concatenar. Dilma, a que não aprendeu a sorrir, apesar dos esforços e dos fonoaudiólogos. Dilma, a chefe de Carlos Minc de fato. Minc, Marta, Marmota, Mar Morto. O Atlântico se despede afundando no nosso litoral cada vez menos piscoso. E ainda botam a culpa no Seu Ozônio. Coitado do Seu Carbono. Pelo menos ele faz teatro da composição poliédrica, presente na borbulha do champanhe e reinando solitário na molécula do diamante. O Brasil já conhece o Brasil. Lula fala, quem pode vai ao shopping, quem não pode, escolhe uma das 900 favelas (Ih! Já aumentou?) no Rio de Janeiro para matar ou morrer. Apagão sem causa, Lobão andaluz, crítica sem causa, apenas obscenamente se expondo para permitir outras críticas aqui e em Copenhague. O absurdo de avançar está afrontando a realidade. O Brasil é um caldeirão de agulhas. Hoje penetram num menino de dois anos de idade. Amanhã, no Congresso Nacional. A corrupção é um câncer que circula na seiva da mentira e se reproduz numa estranha competição para ver quem espeta e rouba mais o dinheiro do governo, dinheiro que parece infinito, enquanto a carga tributária vai se transformando numa carga explosiva, uma bomba social. Então vamos comemorar. Feliz 2010! E que 2011 chegue mais depressa! Tim! Tim!