sexta-feira, 1 de abril de 2011

Coluna dos Nossos Dias - Vitória de Maria BBB 11




Variação de um diálogo
com Preta Gil e o
deputado homofóbico e racista

- Bolsonaro, o que você faria se seu filho se apaixonasse por Michelle Obama?
- Eu diria pra ele tomar cuidado porque Obama é ciumento.



De episteme e epitalâmios

Maria Melillo venceu o Big Brother Brasil Eleven não porque foi "muito engraçada e ingênua" como avaliou o diretor Boninho, mas porque ela reúne as qualidades que o executivo antecipadamente enxergou, o que, a meu ver, tem a ver com marketing.
O maior anunciante do Mundo é um grupo chamado Unilever, multinacional inglesa e holandesa que é dona de tudo, de sabão Omo, margarina Doriana a Azeite Gallo, limpeza, perfume, comida... Tudo.
Maria tem dentição perfeita: pasta de dente mais popular: pode escolher entre Colgate e Kolynos Sorriso. Tudo Unilever.
Maria tem sensualidade extraordinária. Pode escolher o condom.
Maria tem beleza para todos os cremes. Tem mais beleza do que muitas atrizes excelentes.
Merece uma casa cheirosa mantida pelos melhores produtos Unilever.
Maria foi escolhida por Boninho e Bial por seus atributos físicos e desenvoltura pregressa comprovada no Youtube pré BBB Eleven.
Maria tem expressões faciais que vão levá-la rapidamente à teledramaturgia. Se a Globo não quiser aproveitar esta mulher, outra emissora vai aproveitar assim que acabar o prazo do contrato pós BBB, uma espécie de quarentena que a impede de botar azeitona na empada da audiência das concorrentes da Vênus.
Maria é um belo exemplar de morenice esbranquiçada, enriquecendo o cast de luxo no ranking das preferências da República da Rabolândia.
Maria tem a mesmice que, em se tratando de sexualidade, é sempre uma coisa nova, aquela coisa de sexo como a coisa mais antiga do mundo.
Maria fez por merecer. Fez o que tantas mulheres fazem: rebolar e tirar a calcinha, mas ela faz com mais graça, sorridente, publicamente, com mais malícia, mais intuição de que é disso que o povo gosta.
A Unilever não tem pressa. Mas que vai levar, vai.
Maria ainda vai tomar muito banho de sabonete na tela da TV.
Maria foi escolhida como um espécime. Coisinha tão bonitinha do pai... Mulher Brasileira Em Primeiro Lugar.




O grande poeta
Luiz. F. `Papi



Transcrevo um poema do saudoso Luiz F. Papi, de seu último livro intitulado "Orbestiário". Eis o soneto 19, poesia da máxima qualidade, caindo com uma luva no meu bunker mental que a televisão aberta arredondou como um espanto, me espantando, fazendo-me mais só...

E deu-se que o boi bebeu
o rio e de lambuja
comeu a piranha cuja
fama desapareceu
antes de secar o leito
por onde água passava
cascateante e rolava
o redondo seixo afeito
ao provérbio impopular
sobre a pedra que de tanto
rolar perdeu o seu dia
de viver a fantasia
aguada no desencanto
do ex-rio sem seu par.



Batucada do Abaeté
Canto um ponto pro meu santo
Que de noite esfria a mata
Ainda bem que a manta aquece
A mãe....Santa mulata
Me traz num pano da costa
Traz barquinho da Bahia
O farol aponta e mostra
Ao doce arfar, brisa marinha
No peixe ardendo em posta
no dendê e na farinha
Que todo mundo gosta
E a santa mulata adivinha
Vou feliz nessa mistura
Mais depressa que avião
Eu sou fome de ternura
Carnaval no coração
Só a Bahia tem
o cheirinho da Bahia
berimbau na maresia
A Bahia é vai e vem
Ao doce arfar, brisa marinha
A santa mulata adivinha
(Por Alfredo Herkenhoff)

Coluna dos Nossos Dias - Rio de Janeiro - Correio da Lapa – 1/4/2011