quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pequeno Cachoeiro. Roberto Carlos. Show 2009


Desaba parte do estádio
onde Roberto Carlos vai cantar

Recebo um email do jornalista e colunista Luiz Trevisan: Alfredo: dei uma conferida no blog, bem legal, farto, profundo, ameno, metafísico etc. Só uma curiosidade: como você consegue manter o padrão? Bate corner e cabeceia, como diria seu Zezinho no campo do Estrela? A propósito, o show de Roberto Carlos no campo do Estrela, 19 de abril, está dando o que falar. Uma chuvarada recente fez parte da arquibancada do campo desabar. Sinceramente, acho temeridade enfiar uma multidão naquele estádio abandonado há tempos.

Valeu colega de Vitória. Trevisan, você me fez lembrar que já estive no Sumaré onde o glorioso Botafogo e o cantor Roberto Carlos se apresentaram. Decido produzir reminiscências para o Correio da Lapa...

Sites da pequena imprensa da cidade confirmam Trevisan: uma chuva no domingo causou o desabamento de parte da arquibancada do velho estádio, conhecido como Campo do Estrela e também como Sumaré. O local em Cachoeiro de Itapemirim será palco do show no domingo, 19, data do aniversário do Rei (68 anos), que nasceu em Cachoeiro. A prefeitura garante que o desabamento apenas atrasa um pouco a reforma do estádio, mas não compromete o show, que marca o início de uma tournée de comemoração dos 50 anos de carreira do filho famoso. O Sumaré tem capacidade para cerca de 12 mil pessoas. Dizem velhos conterrâneos que depois de várias reformas, e com gente disposta no gramado, Roberto Carlos vai cantar para umas 15 mil pessoas.

Por mais que bombeiros e Defesa Civil garantam vistoria para que tudo esteja em ordem, dá para sentir um calafrio: um estádio tão simbólico, mas tão chinfrim. É quase uma temeridade lotá-lo depois de tanto abandono. Rola tititi de que será transformado em condomínio de apartamentos... Especulação imobiliária... O que tranquiliza é o fato de o público de Roberto Carlos ser simplesmente ordeiro, romântico. Mas se desaba um treco, bato na madeira três vezes. A última apresentação de RC lá foi em 1995. Segundo a prefeitura petista de Cachoeiro, empresas privadas participam da reforma do estádio. São 40 homens trabalhando no nivelamento dos degraus da arquibancada, construção de muros e ampliação de saídas de emergência.

Hino da cidade, canção de Raul Sampaio Coco

Recordo a casa onde eu morava
o muro alto, o laranjal
meu flamboyant na primavera
que bonito que ele era
dando sombra no quintal

foto de arquivo

Garrincha, Didi, Zagalo e Newton Santos: show no Sumaré em 1961


O Campo do Estrela é do time Estrela do Norte, um clube que nunca conseguiu sequer um título de campeão do Espírito Santo. Foi vice quatro vezes. O momento histórico do pequeno estádio foi em 1961, quando o Sumaré recebeu para um amistoso nada menos do que o glorioso Botafogo, com presença no péssimo gramado de nomes como Garrincha, Manga, Didi, Zagalo, Amoroso e Newton Santos. Quarentinha acho que não foi... Mas eu, rubro-negro, com oito anos de idade, estava lá, dia de festa, levado pelas mãos de um carioca que visitava a cidade, espremido entre os mais velhos. O Estrela foi goleado por 6 a 2.

Até hoje, na pequena cidade, há sempre alguém lembrando o amistoso. Os capixabas de Cachoeiro estão ligados no Campeonato Carioca, mas, no meio do papo, todo mundo se emociona com a partida em que o Botafogo deu um espetáculo do melhor futebol do mundo. Na ocasião, o Sumaré só comportava umas 4 mil pessoas apertadas. Garrincha acabou com o lateral direito Gregório, mas o centro-avante do Estrela era Alcenir, um negão forte que arrebentou, marcando duas vezes em cima do Manga. Depois Alcenir veio tentar a sorte no América do Rio, mas o time de Ítalo del Cima não repetiria mais nenhuma façanha desde aquela conquista, na ocasião recente: o Campeonato Carioca com a força do goleiro Pompeia.