Prêmio de apenas mil reais leva produtor cultural a especular: o time, que eliminou o Flamengo na Taça Guanabara, é bom, mas o concurso não é sério
Segue a crítica do multimídia João Saboia:
Anunciam um concurso para escolher um hino do Resende FC. Até aí, tudo bem mas quando se sabe que oferecem 1.000 reais como prêmio, a coisa muda de figura. Cá entre nós, vai sair muito barato esse hino. Na região, não se aprendeu a dar valor a arte. Não se compreendeu que o que tem valor cultural tem também o seu valor econômico.
Indústrias de fora, aqui se instalam em busca dessa tal mão de obra barata. Aqui se paga dois ou três reais por um couvert artístico de música ao vivo! Deus dá o cobertor conforme o frio e até agora, não ouvi dizer que o time nem a emissora estivessem necessitando de ajuda econômica de músicos, poetas e compositores.
Uma chamada dessas na TV, tem um alto custo financeiro porque tem retorno garantido. Hoje, sabem-se quantas pessoas assistiram à peça publicitária e esse número é que dá o valor dos 15 ou 30 segundos na TV. Uma insistente promoção custa uma fortuna, apesar dos descontos progressivos oferecidos pelos veículos. Diz-se que a verdade é proporção. Na razão dos altíssimos valores dos comerciais de TV e produções de áudio visual para a TV, só posso concluir que 1000 reais está num tamanho de gorjeta e não é isso que o artista merece receber.
O Resende FC anda pra frente porque está na mão de quem conhece o negócio do futebol mas está mal servido nessa história do hino. Com os incentivos que o governo dá aos esportes e cultura, isso não deveria acontecer. Composições musicais, poesias e letras de música de qualidade, salvo as exceções, não se faz de uma hora para outra. Um músico tem seu rendimento estipulado por tabelas oficiais. A hora gravação num estúdio não se paga com moedinhas.
É por isso que, fora o banco de idéias sobre o tema que reunirão com a promoção, especulo que o hino já esteja pronto, pois que é difícil acreditar que procuram por um hino de segunda.
Torcemos pelo Resende FC e sabemos que basta baixar o nível para o time sair da primeira divisão. Vamos aumentar esse prêmio, vamos dar valor ao hino. Será que o trabalho não vale pelo menos um salário de craque? Queremos um hino de verdade!!! Queremos festejar o artista vencedor. Quanto vai custar o buffet?
Voltando ao passado, será que Lamartine Babo, o compositor dos hinos de quase todos os clubes de futebol do Rio de Janeiro, entraria nessa? Será que o Chico Buarque já se inscreveu? Como diz o Wessel, boi de primeira não tem carne de segunda.