Los Tres Tristes Tigres:
o 8.9, a Tsunami
e a Explosão da Usina Nuclear
Três dezenas de países possuem 440 usinas nucleares, todas têm algo em comum, além da complexidade de cada unidade, não havendo nenhuma igual a outra. Mas todas têm aquela redoma de super concreto e aço que é capaz de resistir a um impacto de Boeing cheio de gasolina como daqueles aviões que se chocaram com o World Trade Center. Usinas precisam de muita água, o vapor move a turbina, e... Viva a Eletricidade, Vive la France, que tem 95% da sua gerada assim, nuclearmente. E a água também controla o calor da reação química do urânio numa urna hiperblindada. Portanto usinas se assemelham a panelas de pressão, em vez do fogo em baixo do fogão, reações em cadeia dos átomos sob controle no hard core. E pela primeira vez uma panela dessas explodiu. Tóquio havia dito na véspera que estudava liberar gases radiativos para liberar a pressão causada pelo excesso de água da tsunami que impedira o bombeamento para o resfriamento. Não deu certo. Ou o governo japonês não informou corretamente, ou apenas suavizou o alerta de emergência atômica, ampliando o raio de proibição da presença humana em torno da usina. Com isso aguçou a audiência midiática em torno deste espetáculo em tempo real nessa Aldeia Global. A explosão da superestrutura do teto é um sinal de que entre Chernobyl e Three Mile ainda temos muito a aprender no campo da energia.
O desastre monumental abre frentes de trabalho para carpinteiros, barqueiros, pedreiros, engenheiros, arquitetos etc. O Japão vai surpreender o mundo com uma reviravolta tecnológica. Casas na beira da praia com pilotis de 20 metros para durar 20 mil anos. Tsunamis não derrubam coqueiro alto, só o entulho que a onda arrasta pode entortar o tronco. Assim como os arranha-céus de Tóquio não caem, as casas à beia-mar no futuro ficarão de pé no Pacífico até que outro fenômeno nos surpreenda. Mas até lá já estaremos na Era de Aquarius.
O super terremoto e a super tsunami me fizeram lembrar do texto apocalíptico que Rubem Braga escreveu imaginando, com “Ai de Ti, Copacabana”, o dia em que nós, brasileiros, nos defrontaremos com a nossa própria submersão.
Por ora, é esperar pra ver mais e mais na internet, seja Roberto Carlos logo mais no Carnaval da Sapucai, o Fla-Flu no Engenhão e o bloco que encerra a folia carioca de 2011, a Banda da Boka de Espuma, do colega fundador Dom Oswaldo Duarte Portella. O bloco sai amanhã, domingo, às 18h30, da esquina da Rua Bambina com a Marquês de Abrantes.
(Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa)