sexta-feira, 6 de março de 2009

UM ANIVERSÁRIO ESPECIAL

Carmen Costa! 85 anos! A Rainha Mãe do Carnaval de Rua!


Hoje, 5 de julho de 2005, Carmen Costa completa 85 anos de idade. Parabéns. O Brasil muito deve a ela. Mas quem é? Cantora? Torcedora do Flamengo? Torcedora da Mangueira? Mas a escola da Estação Primeira é mais nova do que ela. Carmen Costa não torce. Nós é que torcemos por ela. Carmen Costa é a Rainha-Mãe do carnaval de rua, é o Rio Antigo, vivo, é a sofisticação dos Anos Dourados, que podem não voltar mais, mas que o Clube do Cordão da Bola Preta é hoje uma grande instituição, não resta dúvida.
Acabo de bater um papo com Dona Carmen Costa. Na véspera do aniversário, ela se queixou de uma estranha palpitação cardíaca. Sua agenda está aberta. Lamentamos não ter havido tempo para costurar parcerias em torno de uma homenagem mais do que merecida. Pena que o Bola Preta, a Mangueira e o Flamengo, marcas nacionais, não tenham podido articular uma festa neste 5 de julho. Pena que a Cidade do Rio de Janeiro não tenha conseguido promover a justa homenagem. A cantora Carmen Costa, que já se apresentou com Carmen Miranda, no mesmo palco em plena Praça 15, que já se apresentou também no mesmo palco de João Gilberto, em pleno Carnegie Hall, em Nova York, não demanda explicações. Mas qualquer pessoa que hoje não conheça Carmen Costa merece uma única: é jovem demais. Não tem culpa de não saber.
Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água não. É sucesso de Carmen Costa. Ou essa? Foi numa casca de banana que eu pisei, pisei, escorreguei, quase cai... Mas a turma lá de trás gritou: Xi! Tem nego bebo aí, tem nego bebo aí.... Ou ainda? Quem não chora não mama, segura meu bem, a chupeta, lugar quente é na cama, ou então no Bola Preta...
Com tantos primeiros lugares, Carmen Costa, acima da paixão do futebol e das grandes escolas, é a voz forte e suave da alegria carioca, é o Brasil preservando esplendor...
O Cordão do Bola Preta, que levou 85 mil pessoas num corso animado no sábado do último carnaval, poderia, hoje, ter tido a honra de receber a grande intérprete do seu hino e convidados especiais para uma noite de gala, com shows, homenagens e elegância. A nossa diva, que também é compositora, poderia interpretar velhos sucessos no salão do antológico clube da Avenida 13 de Maio, no coração da Cinelândia.
Ricardo Cravo Albin até se prontificou a fazer as honras da casa. O pesquisador dicionarista, aliás, dirigiu, nos anos 70, show de Carmen Costa lado a lado do saudoso Ismael Silva. Percorreram o Brasil com aquele espetáculo em que ambos contavam as suas histórias. Ismael está agora sendo lembrado pelo centenário de nascimento.
Mas quase nada foi possível lembrar de Carmen Costa neste 5 de julho. Houvesse a festa de aniversário de Carmen Costa, no Bola Preta, no mesmo dia e horário do Prêmio Multishow, no vizinho Teatro Municipal, muita gente não teria dúvida em escolher ver um espetáculo, cada vez mais raro, daquela que foi eleita figura emblemática do carnaval pela Associação dos Blocos de Rua (Sebastiana) e pelo Bloco das Carmelitas. Vale lembrar: Carmen Costa é nome artístico de Carmelita Madriaga, nascida em Trajano Morais, Estado do Rio, em 5 de julho de 1920.
A noite de gala para Carmen Costas não se tornou possível porque, idealizada com menos de um mês de antecedência, não obteve o apoio mínimo necessário de diversas autoridades que não cabe aqui nomear. Ninguém tem mesmo culpa de nada quando um país inteiro fica paralisado, em estado de choque entre escândalos enlameando a imagem já não muito boa dos nossos dirigentes.